SóProvas


ID
5220172
Banca
GS Assessoria e Concursos
Órgão
Prefeitura de União do Oeste - SC
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

O texto abaixo servirá de base para responder a questão.


A IDEALIZAÇÃO DO AMOR


(1º§) Eu estava a pensar na forma como se poderá entender o amor, à luz da minha formação. A minha perspectiva depende daquilo que o outro representa, se o outro é um prolongamento nosso, é uma parte nossa, como acontece muitas vezes, ou é uma idealização do eu de que falaria o Freud. No sentido psicanalítico, poder-se-ia dizer que o amor corresponde ao EU IDEAL e, portanto, à procura de qualquer coisa de ideal que nós colocamos através de um mecanismo de identificação projetiva no outro.

(2º§) Portanto, à luz de uma perspectiva científica, como é apesar de tudo a psicanalítica, o problema começa a pôr-se de uma forma um bocado diferente. Nesse sentido e na medida em que o objeto amado é sempre idealizado e nunca é um objetivo real, a gente, de fato, nunca se está a relacionar com pessoas reais, estamos sempre a relacionarmo-nos com pessoas ideias e com fantasmas.

(3º§) A gente vive, de fato, num mundo de fantasmas: os amigos são fantasmas que têm para nós determinada configuração, ou os pais, ou os filhos, etc. Portanto, devemos refletir sobre este fantasmagórico mundo em que vimos. (...)

(4º§) O amor é uma coisa que tem que ver de tal forma com todo um mundo de fantasmas, com todo um mundo irreal, com todo um mundo inventado que nós carregamos conosco desde a infância, que até poderá haver, eventualmente, amor sem objeto. Reflitamos, entendamos, procuremos conviver com os fantasmas que nos cercam na vastidão do mundo.

(5º§) O amor não será, assim, necessariamente, uma luta corpo a corpo, ou uma luta corporal, mas pode ter que ver realmente com outras coisas, uma idealização, um desejo de encontrar qualquer coisa de perdido, nosso, que é normalmente isso que se passa, no amor neurótico, ou mesmo não neurótico. Quer dizer, é a procura de encontrarmos qualquer coisa que a nós nos falta e que tentamos encontrar no outro e nesse caso tem muito mais que ver conosco do que com a outra pessoa. Normalmente, isso passa-se assim e também não vejo que seja mau que, de fato, se passe assim.

(António Lobo Antunes, in Diário Popular - 2019)

Marque a alternativa com análise INCORRETA.

Alternativas
Comentários
  • CUIDADO!

    Há comentário incorreto nesta questão.

    Inspecionemos os itens:

    a) O núcleo do sujeito simples da primeira oração do (4º§) e do (5º§) está representado por substantivo abstrato.

    Correto. O núcleo é o substantivo "amor", que expressa um sentimento. Em geral, tais substantivos que denotam sentimento serão abstratos;

    b) No (2º§), temos exemplo de próclise e de ênclise.

    Correto. No segundo parágrafo, constam as duas ocorrências. Ei-las: "o problema começa a pôr-se", caso de ênclise; "nunca se está a relacionar", caso de próclise;

    c) O (2º§) inicia com hipérbole e eufemismo.

    Incorreto. A hipérbole traduz o exagero do qual se serve os autores a fim de deformar a realidade; em contrapartida, o eufemismo é utilizado com o escopo de mitigar informações cujo teor pode chocar ou desagradar. Não consta nenhuma delas no segundo parágrafo;

    d) A primeira oração do (3º§) está escrita com os termos essenciais dispostos na ordem direta e o predicado exemplifica verbo intransitivo de segunda conjugação.

    Correto. Eis o fragmento: "A gente vive, de fato, num mundo de fantasmas". Os termos essenciais de uma oração são somente dois: sujeito e predicado. Ambos se acham em ordem canônica, direta, ou seja, sujeito (a gente) sucedido pelo predicado (vive num mundo de fantasmas). Atente para isso: o predicado deve abarcar o verbo. O outro comentário nesta questão incorre em erro ao desconsiderá-lo. Para finalizar, estão corretas as informações de que o verbo é de segunda conjugação ("viver" termina em "-er") e intransitivo (dispensa complemento verbais), pois "num mundo de fantasmas" é adjunto adverbial.

    Letra C

  • CUIDADO

    Embora a questão não apresente problemas, há comentário incorreto

    A) O núcleo do sujeito simples da primeira oração do (4º§) e do (5º§) está representado por substantivo abstrato.

    Correto. O núcleo é composto pelo substantivo abstrato "amor"

    B) No (2º§), temos exemplo de próclise e de ênclise.

    Correto. Temos múltiplas ocorrências, quais sejam: "pôr-se", "nunca se está" e "relacionarmo-nos".

    C) O (2º§) inicia com hipérbole e eufemismo.

    Incorreto. Não consta qualquer ocorrência de hipérbole ou eufemismo na aludida passagem.

    D) A primeira oração do (3º§) está escrita com os termos essenciais dispostos na ordem direta e o predicado exemplifica verbo intransitivo de segunda conjugação.

    Eis a passagem em comento: "A gente vive, de fato, num mundo de fantasmas".

    De pronto é possível perceber que estamos de fato diante de construção disposta, pelo menos quanto aos termos essências, em ordem direta (sujeito + predicado), sendo o verbo intransitivo de segunda conjugação.

    O comentário mais curtido, no entanto, indica incorretamente os termos referidos, corretamente indicados abaixo:

    Sujeito: '''A gente..."

    Predicado: "...vive num mundo de fantasmas"

    Incorreto afirmar que o verbo não estaria comportado pelo predicado.

    Gabarito na alternativa C

  • Questão um tanto puxada para Agente de Combate de Endemias, em?!

  • não entendi o que ele quis dizer com segunda conjugação na letra D

  • gab c.

    hiperbole é o exagero extremo, ex: estou CAINDO de sono.

    Não temos essa figura de linguagem no parágrafo q a banca mencionou.

  • HIPÉRBOLE = EXAGERO.

    HIPERBATO = INVERSÃO SINTÁTICA !

  • A questão é sobre análise sintática e quer saber qual assertiva faz uma afirmação incorreta. Vejamos

    a) Correta.

    “O amor é…”

    ‘O amor não será…’

    Em ambas as orações o sujeito é o substantivo “amor”, que por sinal é abstrato por representar um sentimento, ou seja, é algo intangível.

     b) Correta.

    “o problema começa a pôr-se…” (Pronome na frente do verbo, ênclise)

    “nunca se está a relacionar com pessoas reais” (Pronome atrás do verbo, próclise)

    “sempre a relacionarmo-nos” (Pronome na frente do verbo, ênclise).

    Portanto, há próclise e ênclise.

     c) Incorreta.

     A hipérbole é uma função estilística que denota exagero. Ex: João morreu de tanto sorrir (João ria bastante).

    O eufemismo é uma função estilística que suaviza uma expressão. Ex: João passou dessa para melhor (João morreu). Dessa forma, não há hipérbole e eufemismo.

     d) Correta.

    A assertiva diz várias afirmações. Vejamos: 

    Os termos essenciais estão na ordem direta.

    De fato é verdade, entretanto, para sabermos essa informação, deveríamos saber que os termos essenciais são: sujeito e predicado.  

    A gente vive, de fato, num mundo de fantasmas.

    O sujeito é o termo a qual se declara alguma coisa. Nesse contexto, é “a gente”, o que sobra da oração é o predicado “vive num mundo de fantasmas”

    A ordem se faz nesse mesmo sentido: sujeito + predicado.

    O predicado exemplifica um verbo intransitivo.

    Sim, o verbo “viver” neste contexto é intransitivo por não precisar de nenhum complemento.

    O verbo está na segunda conjugação.

    Os verbos apresentam naturalmente três classificações: a primeira é formada por verbos que terminam em “ar”, a segunda é formada por verbos terminados em “er” e a terceira é formada por verbos terminados em “ir”.

     Dessa forma, tudo que a assertiva falou na letra D também está correto.

    Gabarito do monitor: C

  • → Figuras de linguagem são expressões conotativas.

    → Figuras de palavras ou semântica:

    • Comparação: relação de comparação entre dois ou mais termos, separados por conjunção.
    • Metáfora: comparação implícita entre dois ou mais termos,sem conjunção
    • Metonímia: substituição de um termo por outro equivalente.
    • Catacrese: emprego inadequado de um termo devido à perda de seu sentido original.
    • Perífrase ou antonomásia: substituição de um termo por outro que o caracterize.
    • Sinestesia: combinação de dois ou mais sentidos do corpo humano.
    • → Figuras de sintaxe ou construção:
    • Elipse: ocultação de palavra ou expressão na estrutura do enunciado.
    • Zeugma: omissão de um termo mencionado anteriormente.
    • Anáfora: repetição de uma ou mais palavras no início dos versos ou orações.
    • Pleonasmo: uso de termo dispensável para enfatizar determinada ideia.
    • Anacoluto: falta de conexão sintática entre o início de uma frase e a sequência de ideias.
    • Silepse: concordância ideológica.
    • Hipérbato: inversão da ordem direta dos elementos de uma oração ou período.
    • Polissíndeto: repetição da conjunção “e”.
    • → Figuras de pensamento:
    • Hipérbole: exagero na declaração.
    • Litotes: afirmação realizada pela negação do contrário.
    • Eufemismo: palavras ou expressões agradáveis para amenizar a declaração.
    • Ironia: sugerir o contrário do que se afirma.
    • Prosopopeia: personificação.
    • Antítese: oposição entre palavras, expressões ou ideias.
    • Paradoxo ou oximoro: antítese que expressa uma contradição.
    • Apóstrofe: interrupção da frase para interpelar ou invocar.
    • Gradação: sequência de ideias.

    → Figuras de som ou harmonia:

    • Aliteração: repetição de consoantes ou sílabas.
    • Assonância: repetição de vogais.
    • Onomatopeia: palavra cuja sonoridade está associada à coisa representada.
    • Paronomásia: palavras parecidas, mas com grafia, som e significado distintos.