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ID
5235865
Banca
IDIB
Órgão
CREMEPE
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO I 

Modernidade líquida  


    O conceito de modernidade líquida foi desenvolvido pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman e diz respeito a uma nova época em que as relações sociais, econômicas e de produção são frágeis, fugazes e maleáveis, como os líquidos. O conceito opõe-se, na obra de Bauman, ao conceito de modernidade sólida, quando as relações eram solidamente estabelecidas, tendendo a serem mais fortes e duradouras. 
    O que é modernidade líquida? 
    Bauman definiu como modernidade líquida um período que se iniciou após a Segunda Guerra Mundial e ficou mais perceptível a partir da década de 1960. Esse sociólogo chamou de modernidade sólida o período anterior.
    A modernidade sólida era caracterizada pela rigidez e solidificação das relações humanas, das relações sociais, da ciência e do pensamento. A busca pela verdade era um compromisso sério para os pensadores da modernidade sólida. As relações sociais e familiares eram rígidas e duradouras, e o que se queria era um cuidado com a tradição. Apesar dos aspectos negativos reconhecidos por Bauman da modernidade sólida, o aspecto positivo era a confiança na rigidez das instituições e na solidificação das relações humanas. 
    A modernidade líquida é totalmente oposta à modernidade sólida e ficou evidente na década de 1960, mas a sua semente estava no início do capitalismo industrial, durante a Revolução Industrial. As relações econômicas ficaram sobrepostas às relações sociais e humanas, e isso abriu espaço para que cada vez mais houvesse uma fragilidade de laço entre pessoas e de pessoas com instituições. 
    A lógica do consumo entrou no lugar da lógica da moral, assim, as pessoas passaram a ser fortemente analisadas não pelo que elas são, mas pelo que elas compram. A ideia de compra também adentrou nas relações sociais, e as pessoas passaram a comprar afeto e atenção. 
   Nesse contexto, as instituições ficaram estremecidas. O emprego tornou-se um empreendimento completamente individual no momento em que o indivíduo tornou-se um “empreendedor” de si mesmo. Se alguém não obtém sucesso nessa lógica da modernidade líquida, a responsabilidade é completamente individual. 
    Assim sendo, a modernidade líquida tem instituições líquidas, pois cada pessoa é uma instituição. A exploração capitalista deixou de ser vista como exploração e passou a ser vista como uma relação natural em que o sujeito, empreendedor de si mesmo, vende a sua força de trabalho ao sujeito empreendedor que possui o capital.  
    A modernidade líquida é ágil, pois ela acompanha a moda e o pensamento de época. A ciência, a técnica, a educação, a saúde, as relações humanas e tudo mais que foi criado pelo ser humano para compor a sociedade são submetidos à lógica capitalista de consumo. 
    Modernidade líquida e relações humanas  
    As relações humanas ficaram extremamente abaladas com o surgimento da modernidade líquida. Bauman usa o termo “conexão” para nomear as relações na modernidade líquida no lugar de relacionamento, pois o que se passa a desejar a partir de então é algo que possa ser acumulado em maior número, mas com superficialidade suficiente para se desligar a qualquer momento. A amizade e os relacionamentos amorosos são substituídos por conexões, que, a qualquer momento, podem ser desfeitas. 
    As redes sociais e a internet serviram de instrumento para a intensificação do que Bauman chamou de amor líquido: a relação pseudoamorosa da modernidade líquida. Não se procura, como na modernidade sólida, uma companhia afetiva e amorosa como era na modernidade sólida, mas se procura uma conexão (que pode ser sexual ou não, sendo que a não sexual substitui o que era a amizade) que resulte em prazer para o indivíduo. O imperativo da modernidade líquida é a busca por prazer a qualquer custo, mesmo que utilizando pessoas como objetos. Aliás, na modernidade líquida, o sujeito torna-se objeto. 
    As conexões estabelecidas entre pessoas são laços banais e eventuais. As pessoas buscam um número grande de conexões, pois isso se tornou motivo de ostentação. Mais parceiros e parceiras sexuais, mais “amigos” (que, na verdade, não passam, na maioria dos casos, de colegas ou conhecidos), pois quanto mais conexões, mais célebre a pessoa é considerada. Basta fazer uma breve análise das relações sociais em redes sociais como o Facebook: quanto mais “amigos” (que, na verdade, são apenas contatos virtuais) a pessoa tem, mais requisitada ela se torna. (...) 
    Modernidade líquida e consumismo 
    O consumo tornou-se um imperativo na modernidade líquida. Criou-se todo um aparato para que o capitalismo consiga progredir desenfreadamente por meio do consumo irracional. Para além do que o filósofo e sociólogo alemão Karl Marx observou em sua época, um fetiche pelo consumo, criou-se um fetiche pelas marcas, deixando de importar o produto em si, mas a sua fabricante e o seu preço. 
    Consumo sempre foi sinônimo de status, mas, na modernidade líquida, o consumo e o status são expressivamente dotados de uma carga simbólica muito mais intensa do que era na modernidade sólida. O sujeito é objetificado pelo capitalismo, tornando-se apenas o que ele consome, e não mais o que ele é. Na lógica da modernidade líquida, o sujeito é aquilo que ele consome.  
    O modo pelo qual o capitalismo consegue efetuar essa mudança de perspectiva é pela promessa de felicidade: os sujeitos estão cada vez mais ansiosos, tristes e sobrecarregados. Associa-se então o prazer momentâneo oferecido pelo consumo à felicidade. Como esse prazer é rapidamente passageiro, o sujeito sente a necessidade de buscá-lo constantemente, na tentativa de alcançar a felicidade. (...)  

Publicado por Francisco Porfírio
Disponível em https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/modernidade-liquida.htm.


A conjunção “como” pode estabelecer relações de sentidos diferentes dentro de um texto. No trecho “Como esse prazer é rapidamente passageiro, o sujeito sente a necessidade de buscá-lo constantemente, na tentativa de alcançar a felicidade”, ela está estabelecendo entre as duas orações uma ideia de

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: A

    No trecho “Como esse prazer é rapidamente passageiro, o sujeito sente a necessidade de buscá-lo constantemente, na tentativa de alcançar a felicidade”, ela está estabelecendo entre as duas orações uma ideia de CAUSA.

    Para encontrar a causa de uma oração, há dois modos:

    1. Substituir por outra conjunção causal; ou
    2. Utilizar o macete: O fato de (causa)... faz que (consequência).

    Veja na questão:

    1. Substituindo:Como esse prazer é rapidamente passageiro, o sujeito sente a necessidade de buscá-lo constantemente, na tentativa de alcançar a felicidade” → “Uma vez que/visto que esse prazer é rapidamente passageiro, o sujeito sente a necessidade de buscá-lo constantemente, na tentativa de alcançar a felicidade”
    2. Utilizando o macete: O fato de esse prazer ser rapidamente passageiro (CAUSA), faz que sujeito sinta a necessidade de buscá-lo constantemente, na tentativa de alcançar a felicidade (CONSEQUÊNCIA)”

    Outro detalhe: Como, no início das orações, geralmente possui valor causal. Eu disse geralmente! Às vezes, ele pode indicar também comparação (como você, eu gosto de estudar...)

    Outra questão:

    Q881374 (CESPE/2018/SEDUC-AL/Professor-Português) "Como era sujeito de brio, tomou aulas de gramática". A conjunção “Como” introduz uma comparação. → Errado. É causa (já que era sujeito de brio...).

    Espero ter ajudado.

    Bons estudos! :)

  • O que ocorrer primeiro é a causa e em segundo vem a consequencia. Sem o prazer nao haveria a busca.

  • Como esse prazer é rapidamente passageiro,( causa = já que ) o sujeito sente a necessidade de buscá-lo constantemente, na tentativa de alcançar a felicidade( consequência )

    Geralmente a conjunção " como " no início de uma oração é causal .

  • A questão é sobre conjunções e quer saber o valor semântico da conjunção "como" em “Como esse prazer é rapidamente passageiro, o sujeito sente a necessidade de buscá-lo constantemente, na tentativa de alcançar a felicidade”. Vejamos:

     .

    A conjunção “como” pode estabelecer relações de sentidos diferentes dentro de um texto, como, por exemplo:

    Adição: Não só é linda, como é estudiosa.

    Causa: Como não sabia Português, estudou.

    Comparação: Estudou como um condenado.

    Conformidade: Estudou como o edital determinava.

     .

    Conjunções subordinativas são as que ligam duas orações que se completam uma à outra e faz que a segunda dependa da primeira. Com exceção das conjunções integrantes (que introduzem orações substantivas), essas conjunções introduzem orações adverbiais e exprimem circunstâncias (causa, comparação, concessão, condição, conformidade, consequência, fim, tempo e proporção).

     .

    A) causa.

    Certo. Nesse caso, "como" é conjunção subordinativa causal e equivale a "porque", "uma vez que", "visto que"... “Como (porque, uma vez que, visto que...) esse prazer é rapidamente passageiro, o sujeito sente a necessidade de buscá-lo constantemente, na tentativa de alcançar a felicidade”.

    Conjunções subordinativas causais: têm valor semântico de causa, motivo, razão...

    São elas: porque, porquanto, como, uma vez que, visto que, já que, posto que, por isso que, na medida em que, dado que...

    Ex.: Como você está estudando bastante, suas chances de passar em concurso são enormes.

     .

    B) comparação.

    Errado.

    Conjunções subordinativas comparativas: têm valor semântico de comparação, analogia, paralelo...

    São elas: como, assim como, mais... (do) que, menos... (do) que, tão... como (ou quanto), tanto... quanto..., qual ou como (precedidos de tal)...

    Ex.: Ele dorme como um urso. (dorme)

     .

    C) conformidade.

    Errado.

    Conjunções subordinativas conformativas: têm valor semântico de conformidade, consonância, igualdade, concordância...

    São elas: conforme, como, segundo, consoante...

    Ex.: Tudo saiu como combinamos.

     .

    D) consequência.

    Errado.

    Conjunções subordinativas consecutivas: têm valor semântico de consequência, resultado, produto...

    São elas: que (precedido de tão, tal, tanto, tamanho), sem que, de sorte que, de modo que, de forma que, de maneira que...

    Ex.: Estudou tanto que passou na prova.

     .

    Gabarito: Letra A

  • A conjunção subordinativa "como" pode ser comparativa, conformativa ou causal. Com isso em mente, elimina-se a última alternativa. Observe que a conjunção encabeça a oração subordinada, de modo que é causal. Sempre que isso ocorrer, terá esse sentido, consoante ocorre na passagem do excerto trazido.

    Letra A

  • Causal:

    Fiquei calado PORQUE não pediram minha opinião.

    XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

    Consecutivas:

    Ele fala TÃO alto, QUE não precisa de microfone.

  • Como é passageiro...

    Pelo fato de ser passageiro...

  • Filho , não enrola. É o seguinte: substitua por ``em razão de`` . Se der certo é Causa. Abs

  • O FATO desse prazer ser passageiro, FAZ COM QUE o sujeito sinta a necessidade de buscá-lo constantemente...

  • É só fazer a seguinte pergunta:

    O que leva o sujeito a sentir a necessidade de buscá-lo constantemente?

    Esse prazer rapidamente passageiro. (causa)

  • É só trocar o "como" por "já que". Deu certo, então é causa.