(SOBRE A ALTERNATIVA C)
Embora sejam usados indiscriminadamente em linguagem informal, esse uso indiscriminado é inadequado numa linguagem cuidada e formal porque onde e em que apenas são sinônimos quando fazem referência a lugares. O pronome relativo onde não deverá ser usado com expressões que não indicam lugares, devendo ser privilegiado o uso de em que nessas situações.
Referência a lugar: O restaurante onde almocei com meu marido é caríssimo.
Não referência a lugar: Serão reavaliados os casos em que há dúvidas sobre a conclusão do processo.
A dúvida no uso de onde ou em que surge porque embora possamos substituir sempre onde por em que, nem sempre podemos substituir em que por onde. Onde, sendo um pronome relativo ou um advérbio de lugar, indica um lugar permanente. A utilização do pronome onde em situações que não refiram lugares gera uma falta de coesão semântica no texto, provocando menor clareza na transmissão da mensagem.
Assim, é inadequado usar a expressão onde para indicar algo que não seja um lugar, como uma ideia, uma situação, uma decisão, uma entrevista, um filme, uma época,… Nessas situações, onde deverá ser substituído por: em que, no qual, na qual, nas quais ou nos quais.
https://duvidas.dicio.com.br/onde-ou-em-que/
Esta questão avalia os conhecimentos que o candidato possui acerca
do uso dos pronomes, mais precisamente os pronomes pessoais dos casos reto e
oblíquo e os pronomes relativos.
Os pronomes pessoais do caso reto - eu, tu, ele(a), nós, vós, eles(as) - desempenham
a função de sujeito. Já os pronomes oblíquos átonos têm a função sintática de
complemento, se dividindo da seguinte maneira:
1ª pessoa do singular: me; 2ª pessoa do singular: te; 3ª pessoa do singular: lhe, o, a, se.
1ª pessoa do plural: nos; 2ª pessoa do plural: vos; 3ª pessoa do plural: lhes, os, as, se.
Existem algumas particularidades em
relação ao uso dos pronomes oblíquos átonos, como podemos ver abaixo:
- Quando o
verbo terminar em R, S ou Z, os pronomes o, os, a, as assumirão as
formas -lo, -la, -los, -las, como nas
frases abaixo:
Se
a passagem não fosse tão caro nós poderíamos (verbo terminado em S) comprá-la.
O
a limpeza da casa, Heitor fê-lo com
atenção. (O verbo fazer – aqui
flexionado – termina em R).
Buscamo-la logo
após a nossa chegada. (O verbo buscar - aqui flexionado – termina em R).
- Quando as
terminações forem ditongos nasais (-ão,
-õe(m), -am, -em), os
pronomes o, os, a, as assumem as
formas -no, -na, -nos, -nas, como nas
frases abaixo:
Façam-na falar!
As
mesas, põe-nas em ordem.
Isso os amigos dão-nos com frequência.
- Por fim,
quando o pronome oblíquo
estiver substituindo um objeto
indireto (ou seja, aquele que é acompanhado de preposição) utiliza-se lhe (singular) ou lhes (plural).
Quanto aos pronomes oblíquos tônicos,
eles se dividem da seguinte forma:
- 1ª pessoa
do singular (eu) - Mim / comigo
- 2ª pessoa
do singular (tu) - Ti / contigo
- 3ª pessoa
do singular (ele, ela) - Ele / ela
- 1ª pessoa
do plural (nós) - Nós / conosco
- 2ª pessoa
do plural (vós) - Vós / convosco
- 3ª pessoa
do plural (eles, elas) - Eles / elas
Ainda
temos os pronomes relativos, que são aqueles que se relacionam com um termo
anterior da oração: que, quem, quando, como, onde, o(a) qual, os(as) quais,
cujo(a).
Muito bem. Agora que relembramos o
conteúdo, é hora de resolver o exercício.
O enunciado pede para apontarmos qual
frase está correta do ponto de vista do emprego do pronome. Vejamos caso a
caso:
A) Se não fosse trabalhar, Mariana viajaria com nós no próximo mês. Incorreta. Esta frase pede o uso de um
pronome oblíquo tônico na 1ª pessoa do singular, que, como visto mais acima, é
conosco. O certo seria “Se não fosse trabalhar, Mariana viajaria conosco no
próximo mês".
B) Emprestei os livros antigos, os
quais tinham mais de vinte anos de uso. Correta. Esta frase pede um pronome relativo depois de antigos (poderia ser que/os quais), para retomar tal
referente.
C) Na
semana passada, houve uma situação onde fiquei constrangido. Incorreta. O problema aqui é a situação
de uso do onde. Dependendo da gramática consultada o onde tanto pode aparecer
como pronome relativo variável (Cunha; Cintra, 1985, p. 342), quanto como
advérbio relativo ou advérbio interrogativo de lugar (ROCHA LIMA, 1972, p.
176). Mas, independentemente da gramática utilizada, é praticamente um consenso
de que o uso de onde está restrito à noção de lugar. Porém, muitos textos
utilizam onde indevidamente, inclusive textos que circulam na grande mídia. Só
que esse uso está errado e as bancas costumam fazer pegadinhas com ele.
D) O dono da padaria disse que encontrou ele na esquina
anteontem. Incorreta. Esta
frase pede um pronome oblíquo do caso reto da 3ª pessoa do singular. O certo
seria “O dono da padaria disse que o encontrou na esquina anteontem".
Gabarito do Professor: Letra B.
Referências
bibliográficas:
CUNHA,
Celso; CINTRA, Lindley. Gramática da
língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
LIMA,
Carlos Henrique da Rocha. Gramática
normativa da língua portuguesa. Rio de Janeiro: José Olympio, 1972.