SóProvas


ID
5344192
Banca
IDIB
Órgão
Prefeitura de Verdejante - PE
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO I

Felicidade nas telas


    Uma amiga inventou um jeito de curtir a fossa. Depois de um dia de trabalho, de volta para casa, ela se enfia na cama, abre o laptop e entra no Facebook. Não procura amigos e conhecidos para aliviar o clima solitário e deprê do fim do dia. Essa talvez tenha sido a intenção nas primeiras vezes, mas, hoje, experiência feita, ela entra no facebook, à noite, como disse, para curtir sua fossa. De que forma?

    Visitando as páginas de amigos e conhecidos, ela descobre que todos estão muito bem: namorando (finalmente), prestes a casar, renovando o apartamento que sempre desejaram remodelar, comprando a casa de praia que tanto queriam, conseguindo a bolsa para passar dois anos no exterior, sendo promovidos no emprego ou encontrando um novo job fantasticamente interessante. E todos vivem essas bem-aventuranças circundados de amigos maravilhosos, afetuosos, alegres, festeiros e sempre presentes, como aparece nas fotografias postadas.

    Minha amiga, em suma, sente-se excluída da felicidade geral da nação facebookiana: só ela não foi promovida, não encontrou um namorado fabuloso, não mudou de casa, não ganhou nesta rodada da loto. É mesmo um bom jeito de aprofundar e curtir a fossa: a sensação de um privilégio negativo, pelo qual nós seríamos os únicos a sofrer enquanto o resto do mundo se diverte.

    Numa dessas noites de fossa e curtição, ao voltar para a sua própria página no Facebook, minha amiga deu-se conta de que a página dela não era diferente das outras. Ou seja, quem a visitasse acharia que ela estava numa época de grandes realizações e contentamentos. Ela comentou: “As fotos das minhas férias, por exemplo, esbanjam alegria; não passaram por nenhum Photoshop, acontece que são três ou quatro fotos ‘felizes’ entre as mais de quinhentas que eu tirei”.

    Nesses dias, acabei de ler Perché Siamo Infelici [Porque somos infelizes], organizado por P. Crepet (Einaudi). São textos de seis psiquiatras e psicanalistas (e um geneticista) tentando nos explicar “por que somos infelizes” e, em muitos casos, porque não deveríamos nos queixar disso. Por exemplo, a infelicidade é uma das motivações essenciais; sem ela nos empurrando, provavelmente ficaríamos parados no tempo, no espaço e na vida. Ou ainda: a infelicidade é indissociável da razão e da memória, pois a razão nos repete que a significação de nossa existência só pode ser ilusória e a memória não para de fazer comparações desvantajosas entre o que alcançamos e o que desejávamos inicialmente.

    Não faltam no livro trivialidades moralistas sobre o caráter insaciável de nosso desejo nem evocações saudosistas do sossego de algum passado rural. Em matéria de infelicidade, é sempre fácil (e um pouco tolo) culpar a sociedade de consumo e sua propaganda, que viveriam à custa de nossa insatisfação. Anotei na margem: mas quem disse que a infelicidade é a mesma coisa que a insatisfação? E se a infelicidade fosse, ao contrário, o efeito de uma saciedade muito grande, capaz de estancar nosso desejo, mais parecida com o tédio de viver do que com a falta de gratificação? Você é infeliz porque ainda não conseguiu tudo o que queria ou porque parou de querer e isso torna a vida muito chata? Seja como for, lendo o livro e me lembrando da fossa de minha amiga no Facebook, ocorreu-me que talvez uma das fontes da infelicidade seja a necessidade de parecermos felizes. Por que precisaríamos mostrar ao mundo uma cara (ou uma careta) de felicidade?

    1. A felicidade dá status, assim como a riqueza. Por isso, os sinais aparentes de felicidade podem ser mais relevantes do que a íntima sensação de bem-estar;

    2. além disso, somos cronicamente dependentes do olhar dos outros. Consequência: para ter certeza de que sou feliz, preciso constatar que os outros enxergam a minha felicidade. Nada grave, mas isso leva a algo mais chato: a prova da minha felicidade é a inveja dos outros.

    O resultado dessa necessidade de parecermos felizes é que a felicidade é este paradoxo: uma grande impostura da qual receamos não fazer parte e que, por isso mesmo, não conseguimos denunciar.


CALLIGARIS, Contardo. Todos os reis estão nus. São Paulo: Três Estrelas, 2014

Analise as assertivas a seguir:


I. Em “Depois de um dia de trabalho, de volta para casa...”, a palavra destacada é classificada como trissílaba e paroxítona.

II. No trecho “...sente-se excluída da felicidade geral da nação facebookiana...”, as palavras destacadas possuem o mesmo número de sílabas e, quanto à tonicidade, são classificadas respectivamente como: paroxítona e oxítona.

III. Na passagem “É mesmo um bom jeito de aprofundar e curtir a fossa...”, as palavras em destaque possuem o mesmo número de sílabas, mas, quanto à tonicidade, possuem classificações diferentes.

IV. Em “Anotei na margem: mas quem disse que a infelicidade é a mesma coisa que a insatisfação?”, o vocábulo em destaque é classificado como polissílabo e oxítono.


É correto o que se afirma em

Alternativas
Comentários
  • Alternativa CORRETA Letra A

    Explicação: Genteeee, chama a palavra no portão! Assertiva I TRABAAAALHO.

    Percebemos que a sílaba mais forte é o BA, logo será paroxítona. E possuí 3 sílabas TRA- BA - LHO. IDIB não tenho medo de vc!

    Seja forte e corajosa. Lute como uma garota!

  • Gab. A

    II-

    excluída - 4 sílabas/paraxítona

    felicidade - 5 sílabas/paraxítona

    III- ambas 2 sílabas/ambas paroxítonas

    IV - trissílabo

  • A questão é sobre acentuação e quer que identifiquemos as alternativas corretas. Vejamos:

     .

    I. Em “Depois de um dia de trabalho, de volta para casa...”, a palavra destacada é classificada como trissílaba e paroxítona.

    Certo. "Tra-ba-lho" é uma palavra trissílaba, pois tem três sílabas, e é paroxítona, pois a sílaba tônica (sílaba mais forte) é a penúltima ("ba"). 

     .

    II. No trecho “...sente-se excluída da felicidade geral da nação facebookiana...”, as palavras destacadas possuem o mesmo número de sílabas e, quanto à tonicidade, são classificadas respectivamente como: paroxítona e oxítona.

    Errado. "Ex-clu-í-da" possui quatro sílabas e é uma paroxítona, pois a sílaba tônica é a penúltima ("í"). Já "fe-li-ci-da-de" possui cinco sílabas e é uma paroxítona, pois a sílaba tônica é a penúltima ("da").

     .

    III. Na passagem “É mesmo um bom jeito de aprofundar e curtir a fossa...”, as palavras em destaque possuem o mesmo número de sílabas, mas, quanto à tonicidade, possuem classificações diferentes.

    Errado. "Jei-to" possui duas sílabas e é uma paroxítona, pois a sílaba tônica é a penúltima ("jei"). Já "fos-sa" possui duas sílabas e é uma paroxítona, pois a sílaba tônica é a penúltima ("fos"). Portanto, o erro está em dizer que elas possuem "classificações diferentes quanto à tonicidade", já que ambas são paroxítonas.

     .

    IV. Em “Anotei na margem: mas quem disse que a infelicidade é a mesma coisa que a insatisfação?”, o vocábulo em destaque é classificado como polissílabo e oxítono.

    Errado. "A-no-tei" é um trissílabo (por possuir três sílabas) e não um polissílabo (que possui quatro ou mais sílabas) e é um oxítono, pois a sílaba tônica é a última ("tei").

     .

    Para complementar:

     .

    Oxítonas: a sílaba tônica é a última. Acentuam-se as oxítonas terminadas em A, E, O (S), mesmo quando seguidas de LO(S), LA(S); e as terminadas em EM, ENS (com duas ou mais sílabas). Acentuam-se também as oxítonas terminadas com ditongos abertos ÉI, ÓI e ÉU, seguidas ou não de “s”.

    Paroxítonas: a sílaba tônica é a penúltima. Acentuam-se as paroxítonas terminadas em l, n, r, x, i(s), u(s), ps, ã(s), ão(s), ei(s), en, om, ons, um, uns, ditongo (crescente ou decrescente), seguido ou não de "s".

    Proparoxítonas: são palavras que têm a antepenúltima sílaba como sílaba tônica. TODAS as palavras proparoxítonas são acentuadas graficamente, segundo as regras de acentuação.

     .

    Gabarito: Letra A

  • por que "anoitei" não tem acento? já que as oxitonas terminadas em ditongos abertos(ei, oi, eu) são acentuadas? buguei...

    outra dúvida, pq "ameis" e "acheis" não tem acento?

  • A questão requer conhecimento sobre divisão silábica e tonicidade (oxítona, paroxítona e proparoxítona).


    I. Em “Depois de um dia de trabalho, de volta para casa...", a palavra destacada é classificada como trissílaba e paroxítona. Correta. A sílaba tônica está na penúltima, por isso, paroxítona (tra-ba-lho).

    II. No trecho “...sente-se excluída da felicidade geral da nação facebookiana...", as palavras destacadas possuem o mesmo número de sílabas e, quanto à tonicidade, são classificadas respectivamente como: paroxítona e oxítona. Incorreta. A palavra “excluída" (ex-clu-í-da) tem quatro sílabas, e a palavra “felicidade" (fe-li-ci-da-de) tem cinco. Quanto à tonicidade, ambas são paroxítonas.


    III. Na passagem “É mesmo um bom jeito de aprofundar e curtir a fossa...", as palavras em destaque possuem o mesmo número de sílabas, mas, quanto à tonicidade, possuem classificações diferentes. Incorreta. Ambas as palavras destacadas são dissílabas e paroxítonas (jei-to) (fos-sa).

    IV. Em “Anotei na margem: mas quem disse que a infelicidade é a mesma coisa que a insatisfação?", o vocábulo em destaque é classificado como polissílabo e oxítono. Incorreta. A palavra “anotei" é trissílaba e oxítona, visto que a tonicidade está na última sílaba (a-no-tei).


    Sendo assim, apenas a assertiva I está correta.


    Gabarito da Professora: Letra A.