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ID
5355856
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
MPE-AP
Ano
2021
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

Caso clínico 1A1-III

   Eduardo, 35 anos de idade, apresenta quadro de esquizofrenia, caracterizado por: delírios, alucinações, comportamento bizarro e discurso desorganizado. Em consulta psiquiátrica, relatou que ratos habitavam seu cérebro e conduziam seu pensamento. Pouco tempo depois, de forma inesperada, se calou. O profissional, então, perguntou a Eduardo por que ele parou de falar. Eduardo disse: “falar, falar, falar… pensamento parou. Acho que os meus raquilinos não me deixarão falar” (sic). 

Assinale a opção que apresenta corretamente as duas alterações de linguagem presentes no caso clínico 1A1-III.

Alternativas
Comentários
  • Gabarito A.

    Ecolalia: repetição daquilo que o sujeito acabou de falar.

    Neologismo: criação de palavras novas. A exemplo, em caso, a palavra raquilinos.

  • Eduardo usou o termo ''raquilinos'', ou seja, fez uso de um neologismo. Sabendo que esse recurso trata-se da invenção de palavras, ficaríamos entre as alternativas A e B. O paciente repete 3x a palavra ''falar'', o que sugere um eco, certo? Sendo assim, temos a letra A como resposta. A colega Kunoichi, já disse tudo, mas vou colocar aqui algumas informações adicionais que encontrei no livro do Delgalarrondo.

    Segundo o referido autor, ecolalia é a repetição da última ou das últimas palavras que o entrevistador (ou alguém no ambiente) falou ou dirigiu ao paciente. É um fenômeno quase que automático, involuntário, realizado sem planejamento ou controle. Ao ser questionado “Qual o seu nome?”, o paciente fala: “Nome, nome, nome”; “Qual sua idade?”, ele diz: “Idade, idade, idade”. A ecolalia é encontrada principalmente na esquizofrenia catatônica e nos quadros psico-orgânicos.

    Por sua vez, na perseveração verbal há repetição automática de palavras ou trechos de frases, de modo estereotipado, mecânico e sem sentido, o que indica lesão orgânica (...)

  • De acordo com Dalgalarrondo (2019), as principais alterações patológicas da linguagem da linguagem são:

    - Afasia: Perda da linguagem, falada e ouvida, por incapacidade de compreender e utilizar os símbolos verbais; não há perda global e grave da cognição como um todo.



    - Agrafia: Perda da linguagem escrita, sem que haja qualquer déficit motor ou perda cognitiva global.

    - Alexia: Perda da capacidade previamente adquirida para a leitura.

    - Disartria: Dificuldade ou incapacidade motora de articular corretamente as palavras, devido à fraqueza muscular, paralisia ou coordenação falha dos músculos responsáveis pela fala. 

    - Parafrasias: Determinadas palavras são deformadas. Perda da habilidade de colocar sílabas ou palavras na sequência correta. Exemplo: paciente diz “cameila", no lugar de “cadeira".

    - Dislexia: Em sentido mais estrito, são disfunções na aprendizagem da leitura.

    - Disfonia: Rouquidão; alteração da fala; perturbação da qualidade da voz.

    - Afonia: Alteração da fala; perda, mais ou menos abrupta, da voz. Eclode com frequência após evento de vida estressante. Há intenção de se comunicar, mas a voz 'não sai'. 

    - Dislalia: Resulta da deformação, da omissão ou da substituição dos fonemas. 

    - Gagueira: Perturbação da fluência normal, com descontinuidade no fluxo da fala e repetições de sons e sílabas. De modo geral, quanto mais ansioso e tenso o sujeito, mais se acentua a gagueira.

    - Logorreia: Produção aumentada e acelerada (taquifasia) da linguagem verbal, um fluxo incessante de palavras e frases. Há perturbação leve ou grave da lógica e da organização do discurso. 

    - Loquacidade: Aumento da fluência verbal sem qualquer prejuízo da lógico do discurso.

    - Bradifasia: Paciente fala muito vagarosamente, as palavras seguem-se umas às outras de forma lenta e difícil.

    - Mutismo: Ausência de resposta verbal oral. Os fatores causais associados ao mutismo são muito variáveis, podendo ser de natureza neurobiológica, psicótica ou psicogênica. 

    - Perseverança verbal: Repetição automática de palavras ou trechos de frases, de modo estereotipado, mecânico e sem sentido, o que indica lesão neuronal.

    - Ecolalia: Repetição da última ou das últimas palavras que o entrevistador (ou alguém no ambiente) falou ou dirigiu ao paciente. É um fenômeno automático, involuntário. Ao ser questionado “Qual o seu nome?", o paciente fala: “Nome, nome, nome".

    No caso clínico citado, a repetição da palavra “falar".

    - Palilalia: É a repetição automática e estereotipada pelo paciente da última ou das últimas palavras que ele próprio emitiu em seu discurso. Ao falar sobre sua residência, o paciente diz: “Eu moro em uma casa em Jundiaí, casa em Jundiaí, Jundiaí, Jundiaí".

    - Logoclonia: A repetição automática e involuntária é a das últimas sílabas que o paciente pronunciou. Ele diz: “Moro em Jundiaí, aí, aí, aí".

    - Tiques verbais: São produções de fonemas ou palavras de forma recorrente, imprópria e irresistível. 

    - Coprolalia: Emissão involuntária e repetitiva de palavras obscenas, vulgares ou relativas a excrementos. 

    - Alegria: Discurso lacônico; empobrecimento da produção da linguagem, com diminuição da fluência verbal e discurso empobrecido. 

    - Glossolalia: Produção de uma fala pouco ou nada compreensível, um verdadeiro conglomerado ininteligível de sons. Frequente nos cultos pentecostais, nos quais o fiel, ao receber essa graça ou dom, “fala em línguas estrangeiras".

    - Neologismos: Palavras inteiramente novas criadas pelo paciente, ou palavras já existentes que recebem acepção totalmente nova (Dalgalarrondo, 2019).

    No caso clínico, a palavra requisitos, uma palavra criada pelo paciente para se referir aos inquilinos ratos, que habitavam seu cérebro,

    Dalgalarrondo, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais [recurso eletrônico] / Paulo Dalgalarrondo. – 3. ed. – Porto Alegre : Artmed, 2019.

    Gabarito do Professor: Letra A.