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ID
5381332
Banca
IDCAP
Órgão
SAAE de Ibiraçu - ES
Ano
2020
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO 01
O texto abaixo servirá de base para responder a questão.

A CRISE QUE ESTAMOS ESQUECENDO

(1º§) "Todos os indivíduos, não importa a conta bancária, profissão ou cor dos olhos, podem reverter esta outra crise: a do desrespeito geral que provoca violência física ou grosseria verbal em casa, no trabalho, no trânsito".
(2º§) O tema do momento é a crise financeira global. Eu aqui falo de outra, que atinge a todos nós, mas especialmente jovens e crianças: a violência contra professores e a grosseria no convívio em casa. Duas pontas da nossa sociedade se unem para produzir isso: falta de autoridade amorosa dos pais (e professores) e péssimo exemplo de autoridades e figuras públicas.
(3º§) Pais não sabem como resolver a má-criação dos pequenos e a insolência dos maiores. Crianças xingam os adultos, chutam a babá, a psicóloga, a pediatra. Adolescentes chegam de tromba junto do carro em que os aguardam pai ou mãe: entram sem olhar aquele que nem vira o rosto para eles. Cumprimento, sorriso, beijo? Nem pensar. Como será esse convívio na intimidade? Como funciona a comunicação entre pais e filhos? Nunca será idílica, isso é normal: crescer é também contestar. Mas poderíamos mudar as regras desse jogo: junto com afeto, deveriam vir regras, punições e recompensas. Que tal um pouco de carinho e respeito, de parte a parte? Para serem respeitados, pai e mãe devem impor alguma autoridade, fundamento da segurança dos filhos neste mundo difícil, marcando seus futuros relacionamentos pessoais e profissionais. Mal-amados, mal-ensinados, jovens abrem caminho às cotoveladas e aos pontapés.
(4º§) Mal pagos e pouco valorizados, professores se encolhem, permitindo abusos inimagináveis alguns anos atrás. Uma adolescente empurra a professora, que bate a cabeça na parede e sofre uma concussão. Um menininho chama a professora de "vadia", em aula. Professores levam xingações de pais e alunos, além de agressões físicas, cuspidas, facadas, empurrões. Cresce o número de mestres que desistem da profissão: pudera. Em escolas e universidades, estudantes falam alto, usam o celular, entram e saem da sala enquanto alguém trabalha para o bem desses que o tratam como um funcionário subalterno. Onde aprenderam isso, se não, em primeira instância, em casa? O que aconteceu conosco? Que trogloditas somos - e produzimos -, que maltrapilhos emocionais estamos nos tornando, como preparamos a nova geração para a vida real, que não é benevolente nem dobra sua espinha aos nossos gritos? Obviamente não é assim por toda parte, nem os pais e mestres são responsáveis por tudo isso, mas é urgente parar para pensar.
(5º§) Na outra ponta, temos o espetáculo deprimente dos escândalos públicos e da impunidade reinante. Um Senado que não tem lugar para seus milhares de funcionários usarem computador ao mesmo tempo, e nem sabia quantos diretores tinha: 180 ou trinta? Autoridades que incitam ao preconceito racial e ao ódio de classes? Governos bons são caluniados, os piores são prestigiados. Não cedemos ao adversário nem o bem que ele faz: que importa o bem, se queremos o poder? Guerra civil nas ruas, escolas e hospitais precários, instituições moralmente falidas, famílias desorientadas, moradias sub-humanas, prisões onde não criaríamos porcos.
(6º§) Que profunda e triste impressão, sobretudo nos mais simples e desinformados e naqueles que ainda estão em formação. Jovens e adultos reagem a isso com agressividade ou alienação em todos os níveis de relacionamento. O tema "violência em casa e na escola" começa a ser tratado em congressos, seminários, entre psicólogos e educadores. Não vi ainda ações eficazes. 
(7º§) Sem moralismo (diferente de moralidade) nem discursos pomposos ou populistas, pode-se mudar uma situação que se alastra - ou vamos adoecer disso que nos enoja. Quase todos os países foram responsáveis pela gravíssima crise financeira mundial. Todos os indivíduos, não importa a conta bancária, profissão ou cor dos olhos, podem reverter esta outra crise: a do desrespeito geral que provoca violência física ou grosseria verbal em casa, no trabalho, no trânsito. Cada um de nós pode escolher entre ignorar e transformar. Melhor promover a sério e urgentemente uma nova moralidade, ou fingimos nada ver, e nos abancamos em definitivo na pocilga.

(Lya Luft é escritora - Fonte: Revista Veja)

Marque a alternativa com oração construída com substantivo sobrecomum como núcleo do sujeito.

Alternativas
Comentários
  • Chamamos de substantivo sobrecomum o substantivo que não admite contrastes de gênero, quer seja morfologicamente, quer seja sintaticamente, ainda que façam referência a pessoas de diferentes sexos.(...)

    dizemos que um substantivo é sobrecomum quando ele apresentar apenas um gênero tanto para o masculino quanto para o feminino. Veja só:

    Milton Nascimento é meu ídolo. → Elis Regina é meu ídolo.

    Meu professor é um gênio! → Minha professora é um gênio!

    Meu filho caçula é um anjo. → Minha filha caçula é um anjo.

    Além desses, existem outros exemplos de substantivos sobrecomuns. Confira a lista:

    a criança 

    a testemunha

     o indivíduo

    a vítima

     a criatura

    o cônjuge

    o algoz

    o carrasco

    o ente

    o membro

    o monstro

    o neném

    o ser

    o verdugo (sinônimo de algoz, carrasco)

    fim

    planeta

    cometa

    mapa

    fantasma

    árvore

    tribo

    catástrofe

    hipérbole

    linguagem

    linhagem

    É importante ressaltar que os substantivos sobrecomuns não devem ser confundidos com os substantivos epicenos. Os substantivos epicenos são aqueles que designam animais e que, assim como os substantivos sobrecomuns, possuem apenas um gênero gramatical, embora possam referir-se a animais de ambos os sexos. Caso você queira determinar o sexo dos substantivos sobrecomuns e epicenos, você poderá fazer as seguintes construções:

    A criança do sexo masculino nasceu na noite de Natal. (criança → substantivo sobrecomum)

    Uma fêmea de jacaré foi capturada pelo IBAMA. (jacaré → substantivo epiceno)

    vítima, um homem de 32 anos, foi sequestrada na saída do banco. (vítima → substantivo sobrecomum)

    Uma cobra-macho é a mais nova moradora do zoológico da cidade (cobra → substantivo epiceno)

     

    Fonte: PEREZ, Luana Castro Alves. "Substantivos sobrecomuns"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/substantivos-sobrecomuns.htm. Acesso em 14 de setembro de 2021.