SóProvas


ID
5441725
Banca
Instituto Consulplan
Órgão
Prefeitura de Colômbia - SP
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

O que os outros vão pensar?


    Quando eu era pequena, não tinha medo nenhum de bicho-papão, mula sem cabeça, bruxa malvada ou o diabo a quatro. Quem me aterrorizava era outro tipo de monstro. Eles atacavam em bando. Chamavam-se “os outros”. 


    Nada podia ser mais danoso do que os outros. As crianças acordavam de manhã já pensando neles. Quer dizer, as crianças não: as mamães. Era com os outros que elas nos ameaçavam caso não nos comportássemos direito. Se não estudássemos, os outros nos chamariam de burros. Se não fôssemos amigos de toda a classe, os outros nos apelidariam de bicho do mato. E o pior é que as mães não mantinham a lógica do seu pensamento. “Mas mãe, todo mundo dorme na casa dos amigos.” “Eu lá quero saber dos outros? Só me interessa você!” Era de pirar a cabeça de qualquer um. Não víamos a hora de crescer para nos ver livres daquela perseguição.  


    Veio a adolescência, e que desespero: descobrimos que os outros estavam mais fortes que nunca, ávidos por liquidar com nossa reputação.  


    Não tinha escapatória: aos poucos fomos descobrindo que os outros habitavam o planeta inteiro, estavam de olho em todas as nossas ações, prontos para criticar nossas atitudes e ferrar com nossa felicidade.


    Hoje eles já não nos assustam tanto. Passamos por poucas e boas e, no final das contas, a opinião deles não mudou o rumo de nossa história. Mas ninguém em sã consciência pode se considerar totalmente indiferente a eles. Os outros ainda dizem horrores de nós. Ainda têm o poder de nos etiquetar, de nos estigmatizar. A gente bem que tenta não dar bola, mas sempre que dá vontade de entregar os pontos ou de chorar no meio de uma discussão, pensamos: “Não vou dar esse gostinho para os outros”. 


    Está para existir monstro mais funesto do que aquele que poda nossa liberdade.


(Carta Maior. Por Martha Medeiros. Agosto de 2003. Com adaptações.)

Em “Quer dizer, as crianças não: as mamães.” (2º§), os dois-pontos foram empregados para anunciar:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA A

    Usos dos Dois Pontos: Exemplos

    1. Nas explicações ou esclarecimentos

    O empreendedorismo corresponde a um conceito novo que inclui conceitos essenciais: a proatividade e a capacidade de criar algo inovador.

    2. Nas sínteses ou resumos

    No Brasil, o problema da violência aumenta cada dia. Por isso, a maioria dos cidadãos do país têm medo de saírem de casa. Em resumo: A violência e o medo crescem no país.

    3. Nos discursos diretos

    Após ouvir atentamente a pergunta da professora, José respondeu: — Não estou preparado para a prova.

    4. Nas citações

    Já dizia o poeta português Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena se a alma não é pequena”.

    5. Nas enumerações

    Os planetas do sistema solar são: Mercúrio, Vênus, Terra, marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.

    6. Nos exemplos

    O substantivo é uma classe de palavra que nomeia os seres, por exemplo: casa, carro, móvel.

    7. Após vocativos

    Senhora Daiana: Podemos participar do evento na sexta-feira?

    FONTE: https://www.todamateria.com.br/dois-pontos/

  • Dois pontos:

    São usados para introduzir citação textual, introduzir fala de personagem (discurso direto), introduzir enumeração, concluir ideia anterior, explicar ideia anterior ou desenvolver ideia anterior.

  • Gabarito: A.

    "Quer dizer, as crianças não: as mamães."

    Quer dizer :Indica a mesma ideia:

    ou melhor, ou seja, isto é, melhor, dizendo, digo, aliás, em outras palavras.

    Dessa forma, o uso dos dois pontos é para explicar uma afirmação.

    "Faça da dificuldade a sua motivação."

  • EXPLICAÇÃO

    GABARITO A

  • GAB-A

    Uma explicação.

    O CONCURSEIRO RAIZ É SOLTEIRO, O NUTTELA É CASADO.

  • A questão requer conhecimento sobre o emprego dos sinais de pontuação, especialmente os dois-pontos.

    Empregam-se os dois-pontos nos seguintes casos:

    a) antes de uma enumeração;

    b) antes de uma citação;

    c) antes de uma exposição ou explicação;

    d) no discurso direto é usado antes de uma pergunta ou resposta.

    Vamos à análise da questão.

    Quando a narradora diz: Nada podia ser mais danoso do que os outros. As crianças acordavam de manhã já pensando neles. Quer dizer, as crianças não: as mamães." (2º§), ela, na verdade, faz uma retificação, já que não eram as crianças que acordavam de manhã pensando neles, mas as mamães. Logo, ao fazer esta retificação, a narradora deixa claro quem, realmente, acordava de manhã, ou seja, explica; por isso, o uso dos dois-pontos: para introduzir uma explicação.

    Portanto, a única alternativa correta é a (A); as demais podem ser eliminadas, pois não há demonstração de dúvida, não há hipótese provável nem indica o ponto de vista do leitor.

    Gabarito da professora: Letra A.