SóProvas


ID
5472244
Banca
IDIB
Órgão
Câmara de Planaltina - GO
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO I

GPS 


    Entrei no táxi e falei o meu destino.

    – Rua Araribóia, por favor.

    – Araribóia? Espera um minuto!…– rebateu o homem.

    Programou então seu GPS e arrancou.

    – Não precisa de GPS, amigo. Sei mais ou menos onde fica. Posso lhe orientar.

    – Ah, não. Não saio mais de casa sem isto – declarou.

    Resmunguei em silêncio. E lá se foi o taxista seguindo seu brinquedinho falante – “vire à esquerda”; “a 50 metros você vai virar à direita”; “daqui a 300 metros faça o retorno à esquerda”…

    De repente, entre uma e outra prosa, vi ele se afastando da direção que eu julgava ser a correta.

    – Amigo, acho que você está na direção contrária. Tinha que ter entrado naquela rua à direita, melhor fazer o retorno na frente.

    – Não, não, olha aqui – apontou pra geringonça, orgulhoso como ele só. É esse mesmo o caminho.

    Cocei a cabeça irritado. Embora eu não soubesse exatamente qual o trajeto a seguir, sabia que aquele caminho que ele fazia era estupidamente mais longo e complexo. 

    Argumentei mais uma vez, já na iminência de explodir.

    – Moço, desculpe, mas tenho quase certeza de que você está fazendo um caminho muito mais longo do que devia.

    – Não esquenta a cabeça não, companheiro. Tá aqui no GPS, ó. Não vou discutir com a tecnologia, né, amigo?

    “Não vou discutir com a tecnologia.” Sim, eu havia ouvido aquilo. E mais que uma frase de efeito de um chofer de praça, aquilo era uma senha que explicava muita coisa, talvez explicasse até toda uma época.

    O sujeito deixava de lado sua inteligência (se é que a tinha), a experiência de anos perambulando a bordo do seu táxi pelas quebradas da cidade e o próprio poder de dedução para seguir uma engenhoca surda e cega – mas “tecnológica” – sem questioná-la, e sem que eu também pudesse fazê-lo.

    Não quero parecer um dinossauro (embora por vezes eu inevitavelmente pareça), mas sempre defendi um uso inteligente, comedido e crítico dos apetrechos eletrônicos. Conheço pessoas que, por comodidade, condicionamento ou deslumbramento com o novo mundo cibernético, não se deslocam mais à esquina para comprar pão sem que façam uso de GPS, Google Maps e o escambau.

    Tenho um sobrinho, um pensador irreverente de botequim, que gosta de dizer o seguinte:

    – As rodas de bar ficaram muito chatas depois do iPhone. Ninguém mais pode ter dúvida alguma. Se alguém perguntar: “como é o nome daquele cantor que cantava aquela música?”; ou então: “quem era o centroavante da seleção de 86?”, logo algum bobo alegre vai acessar a internet e buscar a resposta. E aí acabar com a graça, a mágica e o mistério… Não sobra assunto pro próximo encontro.

    Outro amigo, filósofo de padaria, tem uma tese/profecia tenebrosa sobre o uso sem critério dos tecnobreguetes: Diz ele:

    – Num futuro próximo, as pessoas deixarão de ter memória. Para que lembrar, se tudo caberá num HD externo?

    É. Faz bastante sentido a tese do meu amigo. Aliás, há tempos não o vejo, o… o… Como é mesmo o nome dele, gente? Aníbal, não. Átila, não… É um nome assim, meio histórico… Desculpem aí, vou ter que espiar na agenda do meu celular.


Zeca Baleiro

Disponível em https://istoe.com.br/133775_GPS/

A oração “Não vou discutir com a tecnologia” foi construída a partir da voz verbal denominada

Alternativas
Comentários
  • GABARITO D

    A principal característica da voz ativa é que o sujeito gramatical é o agente da ação. ou seja, a ação expressa pelo verbo é praticada pelo sujeito da oração.

    Eu li o livro. 

    Quem leu? Eu (sujeito)

    Li = verbo na voz ativa

    Mariana e Pedro saíram para o trabalho.

    Quem saiu? Mariana e Pedro (sujeito)

    Saíram = verbo na voz ativa

    • A professora ensinou muito bem aquela matéria.
    • A mãe chamou os filhos para irem embora

    A diferença entre a voz ativa e a voz passiva é que na voz ativa o sujeito pratica a ação expressa pelo verbo e na voz passiva o sujeito sofre a ação expressa pelo verbo.

    Frase na voz ativa:

    O menino comeu o iogurte.

    Frase na voz passiva:

    O iogurte foi comido pelo menino.

    A frase na voz passiva resulta da transformação da frase na voz ativa. 

    O menino (sujeito) comeu (voz ativa) o iogurte (objeto direto).

    O iogurte (sujeito) foi comido (voz passiva) pelo menino (agente da passiva).

    Voz ativa: A diretora marcou uma reunião.

    Na passagem da voz ativa para a voz passiva analítica:

    • O sujeito passa a ser o agente da passiva.
    • O objeto direto passa a ser o sujeito da passiva.
    • O verbo transitivo passa a ser uma locução verbal formada por um verbo auxiliar e o particípio de um verbo principal.

    Voz passiva analítica: A reunião foi marcada pela diretora.

    Na passagem da voz ativa para a voz passiva sintética:

    • O objeto direto passa a ser o sujeito da passiva.
    • O sujeito passa a ser a partícula apassivadora se.
    • Não há agente da passiva.

    Voz passiva sintética: Marcou-se a reunião.

    Leia também o nosso artigo sobre as , com informações sobre a voz passiva e a voz reflexiva.

  • Regra geral da transposição da voz ativa para a passiva:

    1. O verbo deve ser transitivo direto (VTD) ou transitivo direto e indireto (VTDI)
  • Existe VOZ ATIVA SINTÉTICA ????

  • Comentário completíssimo

  • Gabarito: D

     A voz ativa ocorre quando o enunciado evidencia que o sujeito pratica a ação (também chamado de sujeito agente). Nesse caso, o sujeito é aquele que executa, de modo ativo, a ação ocorrida no enunciado, portanto, o agente fica em evidência.

  • Gabarito: D

     A voz ativa ocorre quando o enunciado evidencia que o sujeito pratica a ação (também chamado de sujeito agente). Nesse caso, o sujeito é aquele que executa, de modo ativo, a ação ocorrida no enunciado, portanto, o agente fica em evidência.