SóProvas


ID
5479870
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
MPE-SC
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

    É o discurso que nos liberta e é o discurso que estabelece os limites da nossa liberdade e nos impulsiona a transgredir e transcender os limites — já estabelecidos ou ainda a ser estabelecidos no futuro. Discurso é aquilo que nos faz enquanto nós o fazemos. E é graças ao discurso, e seu ímpeto endêmico de espreitar além das fronteiras que ele estabelece para a sua própria liberdade, que nosso estar no mundo é um processo de vir a ser perpétuo — incessante e infinito: nosso vir a ser e o vir a ser do nosso “mundo da vida” — juntar-se, misturar-se, embora sem solidificar, estreita e inseparavelmente, entrançados e entrelaçados, e compartilhando nossos respectivos sucessos e infortúnios, ligados um ao outro para o melhor e para o pior, desde o momento de nossa concepção simultânea até que a morte nos separe.
    O que nós chamamos de “realidade”, quando entramos em um ânimofilosófico, ou “os fatos da questão” quando seguimos obedientemente as instâncias da doxa, é tecido de palavras. Nenhuma outra realidade nos é acessível: não acessamos o passado “como ele realmente aconteceu”, o qual Leopold von Ranke celebremente conclamou (instruiu) seus colegas historiadores do século XIX a recuperar. Comentando sobre a história de Juan Goytisolo a respeito de um velho, Milan Kundera salienta que a biografia — qualquer biografia que tente ser o que seu nome sugere — é, e não poderia deixar de ser, uma lógica artificial inventada, imposta retrospectivamente a uma sucessão incoerente de imagens, reunida pela memória de partículas e fragmentos. Ele conclui que, em total oposição às presunções do senso comum, o passado compartilha com o futuro a ruína incurável da irrealidade — esquivando-se/evadindo-se obstinadamente, como ambos o fazem, das redes tecidas de palavras movidas pela lógica. Não obstante, essa irrealidade é a única realidade a ser captada e possuída por nós, que “vivemos em discurso como o peixe na água”. 

Zygmunt Bauman e Riccardo Mazzeo. O elogio da
literatura. Zahar. Edição do Kindle (com adaptações).

Julgue o item que se segue, com relação a aspectos linguísticos do texto precedente.

No trecho “É o discurso que nos liberta” (primeiro parágrafo), o termo “nos” desempenha a função de complemento indireto de “liberta”. 

Alternativas
Comentários
  • Acredito que o "nos" seja OD, pois quem liberta, liberta alguém

    Liberta ➞ VTD | Nos ➞ OD

    E não objeto indireto, portanto gabarito errado.

  • NOS - OB. DIR

    "LIBERTA NÓS"

    Gab-- ERRADO

  • GABARITO: ERRADO.

    ➥ Pessoal, quem liberta, liberta alguém. Veja que o verbo é transitivo DIRETO. Só por isso a gente sabe que ele exige um complemento direto, e não INdireto, como diz a assertiva, logo gabarito errado.

    Para perceber isso, faça a troca:

    “É o discurso que nos liberta” → “É o discurso que liberta a gente

    ➥ Fazendo esta troca, você perceberá se o complemento é DIRETO ou INDIRETO.

    Outros exemplos:

    • "Eu me amo, por isso não posso viver sem mim" → Veja que você pode falar: "Eu amo eu". Quem ama, ama alguém. O "me" exerce função sintática de objeto direto, nesta frase.
    • "Você só nos ajuda por interesse" → Veja que você pode falar: "Você só ajuda a gente por interesse". Quem ajuda, ajuda alguém. O "nos" exerce função sintática de objeto direto, nesta frase.
    • "Ofereceram-nos vinho e comida → "Eles oferecem comida e vinho a nós." → Aqui o "nos" exerce função de objeto INdireto, pois quem oferece, oferece algo (vinho e comida) A alguém (a nós).

    ➥ Lembrando que não estamos olhando se a frase é correta do ponto de vista gramatical. Dizer "eu amo eu", por exemplo, é errado, visto que pronomes do caso reto não podem ser objeto direto. A gente só faz isso para perceber que o "me" exerce função sintática de objeto direto na frase.

     

    ➥ É legal você ter esta sacada, pois bancas como a FCC (principalmente), a VUNESP e a FGV jogam frases como: "Muitas coisas irrelevantes influem na relação do casal e a prejudica" e pedem para você analisar se a concordância está correta.

    Veja que você pode falar: ""Muitas coisas irrelevantes influem na relação do casal e [muitas coisas irrelevantes] prejudicam ela (a relação)".

    ➥ O verbo, aqui, se refere ao sujeito "muitas coisas irrelevantes" e, por isso, deve ficar no plural, para concordar com o sujeito, logo esta concordância que o examinador fez na primeira frase está errada.

    ➥ Lembrando que o pronome "a", nesta frase, possui função sintática de objeto direto.

     

    Espero ter ajudado.

    Bons estudos! :)

  • ❌Errada.

    O verbo libertar estar sendo utilizado com OBJETO DIRETO.

    Exercem função de O.D e O.I = Me, te, nos, vos...

    Exercem função de O.D = o, a os, as.

    Exercem função de O.I = Lhes, lhe.

    Fonte: Baseada nas aulas do prof: Elias Santana, Gran Cursos.

    CONTINUAR NO TREINO ESTÁ VALENDO A PENA!!❤️✍

  • Complemento :

    Os pronomes oblíquos átomos : me ,te , nos , vos ( podem exercer funções de objeto direto e indireto )

    Neste caso ,ele esta exercendo função de objeto direto .

  • Seria VTD.

    Quem liberta?

    gabarito: errado.

  • CUIDADO!

    O pronome "nos", ao contrário de outros oblíquos átonos, pode exercer função sintática de complemento verbal indireto (objeto indireto) ou complemento verbal direto (objeto direto). É necessário, pois, sempre observar a transitividade verbal. Exs.:

    a) A nota elevada nos conferiu a possibilidade de disputar o cargo (o pronome é objeto indireto do verbo bitransitivo "conferir");

    b) O governo em voga nos leva à lástima (o pronome é objeto direto do verbo bitransitivo "levar").

    Na estrutura trazida pela banca, o pronome "nos" é objeto direto, visto que o verbo pertence à transitividade direta.

    Errado.

  • É o discurso que nos liberta (...).

    O discurso é o que nos liberta.

    O discurso nos liberta

    O discurso liberta algo (Obj. Direto).

  • Minha contribuição.

    Transitividade verbal

    a) Verbos intransitivos: são aqueles que não pedem complemento de base substantiva.

    Ex.: Maria viajou.

    b) Verbos transitivos: são aqueles que pedem complementos de base substantiva.

    Ex.: Maria comprou um vestido para sua irmã.

    -Objeto direto: sem preposição.

    -Objeto indireto: com preposição.

    Abraço!!!

  • Pronomes pessoais oblíquos átonos (me, te, se, lhe, o, a, nos, vos) substituem complementos verbais:

    o, a, os, as substituem somente objetos diretos (complemento sem preposição);

    Ex: Informei-o de tudo. (informei a pessoa)

    As formas 'o, a, os, as' sofrem modificações dependendo da terminação do verbo que acompanham:

    1) Se a palavra terminar em R, S ou Z, deve cortar as letras e usar lo, la, los e las.

    EX: APONTAR a arma para o alvo. = Apontá-la para o alvo.

    2) Se a palavra terminar em ditongos nasais (AM, EM, ÃO, ÕE) deve usar no, na, nos, e nas.

    EX: COMERAM a torta. = Comeram-na.

    me, te, se, nos, vos podem ser objetos diretos ou indiretos (complemento com preposição), a depender da regência do verbo.

    Ex: Você me agradou, mas não me convenceu. (agradou a mim)

    Já o pronome –lhe (s) tem função somente de objeto indiretO.

    Ex: Já lhe disse tudo. (disse a ele) 

  • "é o discurso que nos liberta" verbo: Libertar sujeito: o discurso pergunte ao verbo para localizar o objeto quem liberta, liberta ALGUÉM liberta QUEM? "NOS" objeto: " NOS". nesse caso OD pois o verbo LIBERTAR não exige preposição. GABARITO: ERRADO
  • cadê o comentário do professor?
  • O verbo libertar não pede preposição.
  • É o discurso QUE nos liberta.

    O discurso liberta-nos.

    liberta quem ou que - não pede preposição.

  • Gabarito: Errado.

    Resolvi dissecar. Não sou professora, aceito correções.

    "É o discurso que nos liberta"

    Cada verbo é uma oração. São duas orações então, uma pelo verbo "é", outra pelo verbo "liberta".

    O vocábulo "que" retoma "discurso".

    Colocando as orações na ordem...

    O discurso é / o que liberta "nós".

    1ª Oração (O discurso É o que liberta "nós")

    Quem É? O discurso. É o quê? É o que nos liberta.

    Sujeito: O discurso.

    Verbo de ligação: é.

    Predicativo do sujeito: o que nos liberta.

    2ª Oração (O discurso [retomado/substituído pelo vocábulo "que"] liberta "nós")

    Quem LIBERTA? O discurso. Liberta o que/quem? Liberta nós.

    O discurso: sujeito.

    Liberta: verbo transitivo direto (não pede preposição).

    Nos (nós): objeto direto.

    "... o que nos liberta"

    Morfologicamente, o "o" (do "o que") é um pronome demonstrativo, pois pode ser substituído por "aquilo" ("aquilo que nos liberta").

    Ainda morfologicamente, o "que" é um pronome relativo (vem antes de substantivo, pronome ou o[s] a[s], e pode ser substituído por "o qual").

    Sintaticamente, o "que" introduz uma oração subordinada adjetiva e tem função de sujeito (está no lugar de "discurso").

  • o discurso liberta vc sem preposição..

    simples e pratico

  • "É o discurso que nos liberta".

    Pronome relativo que retoma "o discurso".

    O discurso nos liberta.

    Sujeito OD VTD