SóProvas


ID
5502319
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
Prefeitura de João Pessoa - PB
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Borderline: o transtorno que faz pessoas irem do "céu ao inferno" em horas

Tatiana Pronin


Uma alegria contagiante pode se transformar em tristeza profunda em um piscar de olhos porque alguém "pisou na bola". O amor intenso vira ódio profundo, porque a atitude foi interpretada como traição; o sentimento sai de controle e se traduz em gritos, palavrões e até socos. E, então, bate uma culpa enorme e o medo de ser abandonado, como sempre. Dá vontade de se cortar, de beber e até de morrer, porque a dor, o vazio e a raiva de si mesmo são insuportáveis. As emoções e comportamentos exaltados podem dar uma ideia do que vive alguém com transtorno de personalidade borderline (ou "limítrofe"). 

Reconhecido como um dos transtornos mais lesivos, leva a episódios de automutilação, abuso de substâncias e agressões físicas. Além disso, cerca de 10% dos pacientes cometem suicídio. Além da montanha-russa emocional e da dificuldade em controlar os impulsos, o borderline tende a enxergar a si mesmo e aos outros na base do "tudo ou nada", o que torna as relações familiares, amorosas, de amizade e até mesmo a com o médico ou terapeuta extremamente desgastantes.

Muitos comportamentos do "border" (apelido usado pelos especialistas) lembram os de um jovem rebelde sem tolerância à frustração. Mas, enquanto um adolescente problemático pode melhorar com o tempo ou depois de uma boa terapia, o adulto com o transtorno parece alguém cujo lado afetivo não amadurece nunca.

Ainda que seja inteligente, talentoso e brilhante no que faz, reage como uma criança ao se relacionar com os outros e com as próprias emoções — o que os psicanalistas chamam de "ego imaturo". Em muitos casos, o transtorno fica camuflado entre outros, como o bipolar, a depressão e o uso abusivo de álcool, remédios e drogas ilícitas.

De forma resumida, um transtorno de personalidade pode ser descrito como um jeito de ser, de sentir, se perceber e se relacionar com os outros que foge do padrão considerado "normal" ou saudável. Ou seja, causa sofrimento para a própria pessoa e/ou para os outros. Enquadrar um indivíduo em uma categoria não é fácil — cada pessoa é um universo, com características próprias. [...]

O diagnóstico é bem mais frequente entre as mulheres, mas estudos sugerem que a incidência seja igual em ambos os sexos. O que acontece é que elas tendem a pedir mais socorro, enquanto os homens são mais propensos a se meter em encrencas, ir para a cadeira ou até morrer mais precocemente por causa de comportamentos de risco. Quase sempre o transtorno é identificado em adultos jovens e os sintomas tendem a se tornar atenuados com o passar da idade.

Transtornos de personalidade são diferentes de transtornos mentais (como depressão, ansiedade, transtorno bipolar, psicose etc.), embora seja difícil para leigos e desafiante até para especialistas fazer essa distinção, já que sobreposições ou comorbidades (existência de duas ou mais condições ao mesmo tempo) são muito frequentes. Não é raro que o borderline desenvolva transtorno bipolar, depressão, transtornos alimentares (em especial a bulimia), estresse pós-traumático, déficit de atenção/hiperatividade e transtorno por abuso de substâncias, entre outros. [...]

O paciente borderline sofre os períodos de instabilidade mais intensos no início da vida adulta. Há situações de crise, ou maior descontrole, que podem até resultar em internações porque o paciente coloca sua própria vida ou a dos outros em risco. Por volta dos 40 ou 50 anos, a maioria dos "borders" melhora bastante, probabilidade que aumenta se o paciente se engaja no tratamento. [...]

A personalidade envolve não só aspectos herdados, mas também aprendidos, por isso a melhora é possível, ainda que seja difícil de acreditar no início. Se a psicoterapia é importante para ajudar o bipolar a identificar uma virada e evitar perdas, no transtorno de personalidade ela é o carro-chefe do tratamento. [...]

Medicamentos ajudam a aliviar os sintomas depressivos, a agressividade e o perfeccionismo exagerado, e são ainda mais importantes quando existe um transtorno mental associado. Os fármacos mais utilizados são os antidepressivos (flluoxetina, escitalopram, venlafaxina etc.), os estabilizadores de humor (lítio, lamotrigina, ácido valproico etc.), os antipsicóticos (olanzapina, risperidona, quietiapina etc.) e, em situações pontuais, sedativos ou remédios para dormir (clonazepan, diazepan, alprazolan etc.). Esses últimos costumam ser até solicitados pelos pacientes, mas devem ser evitados ao máximo, porque podem afrouxar o controle dos impulsos, assim como o álcool, além de causarem dependência. [...] 


Disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2018/04/16/borderline-a-doenca-que-faz-10-dos-diagnosticados-cometerem-suicidio.htm. Acesso em: 04 jan. 2021.

Ainda em relação ao trecho “Esses últimos costumam ser até solicitados pelos pacientes, mas devem ser evitados ao máximo, porque podem afrouxar o controle dos impulsos, assim como o álcool, além de causarem dependência.”, os verbos destacados retomam a expressão “Esses últimos” e fazem referência a ela por meio de

Alternativas
Comentários
  • Letra C e D estão erradas, pois estão com conceitos invertidos.

    Descarta-se a letra E, pois não há sinal algum de referenciação nominal

    Descarta-se a letra B, pois não há zeugma, uma vez que não são empregados sinais de pontuação, a fim de indicar a retomada

    Logo, sobra a letra A, a qual é o gabarito.

  • Locuções na 3ª P.P com referencial no texto. Sujeito elíptico.

  • Gabarito: letra A

    Letra B= zeugma, em que se oculta um termo, independente de ter sido mencionado antes ou não.

    zeugma é uma figura de sintaxe caracterizada pela omissão de um termo no enunciado. No entanto, esse fenômeno está limitado à ocultação de um termo expresso anteriormente

    Letra C= coesão por anáfora, em que se usa um elemento para anunciar outro, ainda não mencionado no texto.

    Anáfora processo pelo qual um termo gramatical retoma a referência de um sintagma anteriormente us. na mesma frase. Anáfora= Antes

    Letra D= coesão por catáfora, em que se usa um elemento para recuperar outro, já mencionado no texto.

    Catáfora faz referência a um termo que será citado posteriormente no texto.

    Letra E= referenciação nominal, em que se emprega um nome para recuperar um termo anterior.

    referenciação está relacionada com a maneira pela qual introduzimos novos elementos em um texto e, também, ao modo como os referentes são retomados.

  • Minha contribuição.

    Elipse: trata-se da omissão de um elemento da frase, o qual é facilmente recuperado pelo leitor no contexto.

    Ex.: Sei que posso vencer os desafios. (A elipse do sujeito foi realizada. Note que não se vê o pronome eu na construção da frase.)

    Ex.: –Eu quero comprar o carro.

    – Então, compre! (Houve a elipse do objeto direto o carro.)

    Zeugma: trata-se da elipse do verbo que já fora mencionado anteriormente na frase.

    Ex.: Sairei mais cedo hoje; minha irmã, mais tarde. (Houve a omissão do verbo sair, para evitar uma repetição desnecessária.)

    Ex.: Pedro trabalha pela manhã; Mauro, à tarde. (Houve a omissão do verbo trabalhar.)

    Fonte: Jamilk

    Abraço!!!