SóProvas


ID
5509054
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Jaguariúna - SP
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto, para responder à questão.

   A psicanalista Maria Homem diz que o ressentimento é a palavra-chave para ousar compreender o mundo hoje. Luiz Filipe Pondé acredita que o ressentimento faz de nós incapazes de ver algo simples: o universo é indiferente aos nossos desejos; além de destruir em nós a capacidade de pensar e compreender a realidade.
   Ressentir-se significa atribuir ao outro a responsabilidade pelo que nos faz sofrer. Como se a culpa do que não somos ou não podemos ser fosse sempre do outro, esse bode expiatório que escolhemos quando não podemos nos haver com nossos próprios limites. Ressentir-se é uma impossibilidade de esquecer ou superar um agravo. Seria uma impossibilidade ou uma recusa?
   O ressentido não é alguém incapaz de perdoar ou esquecer, é alguém que não quer esquecer, não quer perdoar, nem superar o mal que o vitimou. O filósofo Max Scheler classifica como “auto envenenamento psicológico” o estado emocional do ressentido, um ser introspectivo ocupado com ruminações acusadoras e fantasias vingativas.
   O ressentido é um escravo de sua impossibilidade de esquecer, vivendo em função de sua vingança adiada, de maneira que em sua vida não é possível abrir lugar para o novo; trata-se de um vingativo passivo, e suas queixas contínuas mobilizam, no outro, confusos sentimentos de culpa. Na verdade, ele acusa, mas não está seriamente interessado em ser ressarcido do agravo que sofreu. No ressentido, permanece uma dívida impagável, a compensação reivindicada é da ordem de uma vingança projetada no futuro. O ressentido é um covarde, pois não concede a si mesmo os prazeres da vingança pelo exercício da ação. Esse desejo de vingança recusado é o núcleo doentio do ressentimento nietzschiano. Uma vez que não se permite reagir, só resta ao fraco ressentir.
   Por não esquecer, o ressentido não consegue entregar-se ao fluxo da vida presente. A memória é como uma doença, o tempo não pode ser detido, a vontade não pode “querer pra trás”, ou seja, corrigir o curso de suas escolhas passadas.
   A solução para o ressentimento não é negá-lo, mas nomeá-lo, informar-se sobre ele, perceber que é impossível não o ter em nós em alguma medida. “Conhece-te a ti mesmo”, foi o conselho dado pelo sábio filósofo Sócrates, no século V a.C. Quem sabe tenhamos a coragem e as ferramentas para compreender essa emoção, e, com isso, podermos nos colocar além do ressentimento. Talvez possamos um dia transformar esse sentimento e, assim, criar um novo modo de estar com o outro.
(Luciana Ribeiro Soubhia, Ressentimento.
Revista Bem-estar, 04-07-2021. Adaptado)

Assinale a alternativa que substitui, respectivamente, os trechos destacados na passagem a seguir, observando a norma-padrão de regência e emprego do sinal indicativo de crase.
Por não esquecer, o ressentido não consegue entregar-se ao fluxo da vida presente. A memória é como uma doença, o tempo não pode ser detido, a vontade não pode “querer pra trás”, ou seja, corrigir o curso de suas escolhas passadas.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: C

    Lembre-se do macete:

    • Substitua por palavra masculina. Se aparecer ao, haverá crase (lembre-se dos casos proibidos e especiais). Exemplo: "Ele se referiu a amiga" ou "ele se referiu à amiga"? Troque: "Ele se referiu ao amigo". Viu que apareceu ao? Então haverá crase: "Ele se referiu à amiga".

    Dica: Comentarei uma a uma aqui no site. Na hora da prova, você deve procurar o erro. Não precisa ficar olhando o erro de cada uma das frases. Achou um errinho na crase? Risque e vá ao próximo. Vá fazendo isso até sobrar uma alternativa. Daí você nem precisa olhar. Assinale e vá à próxima questão.

     

    (A) ... submeter-se à corrente ... se assemelha à uma doença ... mudar à trajetória ...

    1. Quem se submete, se submete A alguém (submeter-se AO amigo). O verbo pediu preposição e, como temos um termo no feminino (a corrente), aplicamos a crase: "submeter-se A + A corrente" → "submeter-se À corrente";
    2. Não empregamos a crase antes do artigo indefinido "uma";
    3. Quem muda, muda algo (muda O amigo). O verbo não exige preposição, logo não empregamos a crase.

     

    (B) ... abandonar-se a sequência ... compara-se à um mal ... alterar à rota ...

    1. Abandonar alguém (abandonar o amigo). Não há crase aqui.
    2. Não empregamos a crase antes do artigo indefinido "uma";
    3. Quem altera, altera algo (alterar O amigo). O verbo não exige preposição, logo não podemos empregar a crase.

     

    (C) ... render-se à sucessão ... se assemelha a uma doença ... dar outro rumo à sequência ...

    1. Quem se rende, se rende A algo (rendeu-se AO amigo). O verbo pediu preposição e, como temos um termo no feminino (a sucessão), aplicamos a crase: "render-se A + A sucessão" → "render-se À sucessão";
    2. Não empregamos a crase antes do artigo indefinido "uma";
    3. Quem dá, dá algo (outro rumo) A alguém (à sequência). Dar outro rumo AO amigo. O verbo pediu preposição e, como temos um termo no feminino (a sequência), aplicamos a crase: "dar outro rumo A + A sequência" → "dar outro rumo À sequência".

     

    (D) ... ceder a sucessão ... compara-se à doença ... modificar à sequência ...

    1. Quem cede, cede A alguém (ceder AO amigo). O verbo pediu preposição e, como temos um termo no feminino (a sucessão), aplicamos a crase: "ceder A + A sucessão" → "ceder À sucessão";
    2. Quem se compara, se compara A alguém (compara-se AO amigo). O verbo pediu preposição e, como temos um termo no feminino (a doença), aplicamos a crase: "compara-se A + A doença" → "compara-se À doença";
    3. Quem modifica, modifica algo (modificar O amigo). O verbo não exige preposição, logo não empregamos a crase.

     

    (E) ... sucumbir à corrente ... se assemelha à certa doença ... mudar a trajetória ...

    1. Quem sucumbe, sucumbe A algo (sucumbir AO tempo). O verbo pediu preposição e, como temos um termo no feminino (a corrente), aplicamos a crase: "sucumbir A + A corrente" → "sucumbir À corrente";
    2. Não empregamos a crase em pronomes indefinidos;
    3. Quem muda, muda algo (mudar O amigo). Aqui não empregamos a crase.

     

    Bons estudos! :)

  • Assertiva C

    ... render-se à sucessão ... se assemelha a uma doença ... dar outro rumo à sequência ...

  • Não decorem mnemônicos ou "fórmulas" que beiram a infantilidade. A crase não é um assunto tão complexo, bastando que se tenha plena noção dos elementos que compõem a frase. Formulas decoradas não permitem ao aluno identificar os constituintes da marcação, podendo causar problemas quando cobrados outros aspectos da construção.

    Gabarito na alternativa C

    Solicita-se indicação das passagens que substituam os termos destacados, respeitados o emprego de crase e a regência:

    "Por não esquecer, o ressentido não consegue entregar-se ao fluxo da vida presente. A memória é como uma doença, o tempo não pode ser detido, a vontade não pode “querer pra trás”, ou seja, corrigir o curso de suas escolhas passadas."

    Importante perceber que a primeira construção atua como objeto indireto da forma verbal "entregar-se", ou da que seja utilizada como sinônima; a segunda construção é munida de verbo copulativo seguido de predicativo do sujeito com valor comparativo; a terceira construção é constituída por verbo transitivo direto e objeto direto.

    A) ... submeter-se à corrente ... se assemelha à uma doença ... mudar à trajetória ...

    Incorreta. A segunda construção é incorreta, inexistindo artigo definido seguido de artigo indefinido (o "a" é tão somente preposição) que justifique a marcação de crase. A terceira construção possui verbo transitivo direto seguido de objeto direto, inexistindo preposição que dê lastro à marcação da crase.

    B) ... abandonar-se a sequência ... compara-se à um mal ... alterar à rota ...

    Incorreta. A primeira construção é incorreta por erro na regência do verbo "abandonar-se", empregado como transitivo indireto no sentido de "entregar-se", devendo haver marcação de crase. A segunda construção possui incorreta marcação de crase, inexistente artigo definido frente à artigo indefinido. A terceira construção é incorreta, indevida a marcação de crase entre o verbo transitivo direto e o objeto direto.

    C) ... render-se à sucessão ... se assemelha a uma doença ... dar outro rumo à sequência ...

    Correta. As três construções se mostram adequadas quanto a regência verbal e a marcação de crase.

    D) ... ceder a sucessão ... compara-se à doença ... modificar à sequência ...

    Incorreta. A primeira construção é incorreta por erro na regência do verbo "ceder", empregado como transitivo indireto no sentido de "entregar-se", devendo haver marcação de crase. A terceira construção é incorreta, indevida a marcação de crase entre o verbo transitivo direto e o objeto direto.

    E) ... sucumbir à corrente ... se assemelha à certa doença ... mudar a trajetória ...

    Incorreta. A segunda construção possui incorreta marcação de crase, inexistente artigo definido frente ao pronome indefinido "certo".

  • sinceramente, o lucas é um erudito da lingua portuguesa, gostaria ter essa classe na análise das questões.
  • Dica de Ouro: PRA VOCE NUNCA MAIS ERRAR CRASE.

    Preposição ou artigo?

    Se você tem duvida se A é um preposição ou um artigo. Começa a frase com a palavra e veja se faz sentido. Se começa com A é artigo, se não tiver, então logicamente não admite crase (A+A), vai ser apenas uma preposição.

    UMA DOENÇA MATOU O HOMEM ou A UMA DOENÇA MATOU UMA HOMEM ?

    PROIBIDO: Agora entende porque não usamos crase em: Números, artigos indefinido, verbo e palavras repetidas.

    PERMITIDO: Mas porque então "aquele, a qual" tem crase ? Simples, eles já acompanha o A.

    FACULTATIVO: E "sua, minha"? Eu posso começar um frase A MINHA ESQUERDA ou MINHA ESQUERDA, A SUA CASA É LINDA ou SUA CASA É LINDA ...os dois estão corretos.

    SEGUNDA DICA: REGÊNCIA

    PERGUNTE PARA O VERBO.

    PREPOSIÇÃO: DECA (DE O QUE/QUEM?/ EM O QUE/QUEM?/ COM O QUE/QUEM?/ A QUE/QUEM)

    SEM PREPOSIÇÃO: O QUE/QUEM

     Ceder A QUEM? à sucessão

    Compara-se COM QUEM? com a doença

    Modificar O QUE a sequência. MAS SABE O QUE EU MAIS FAÇO? TROCO A ORDEM:

    A sequencia é modificada (fez sentido), logo eu sei que é um objeto direto e não tem preposição, apenas artigo.

  • Qual o motivo da próclise na alternativa C? se assemelha a uma doença. Não seria assemelha-se a uma doença?

  • Ficar entre duas e assinalar a errada ,revolta.

  • Além de saber o conteúdo, saber explicar de maneira simples faz toda diferença. A linguagem é o principal fator de exclusão social que vivemos há séculos. Lucas, vc contribui muito (detalhe do horário do comentário 05:26). Obrigada pela tempo dedicado em cada resposta.