SóProvas


ID
5509057
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Jaguariúna - SP
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto, para responder à questão.

   A psicanalista Maria Homem diz que o ressentimento é a palavra-chave para ousar compreender o mundo hoje. Luiz Filipe Pondé acredita que o ressentimento faz de nós incapazes de ver algo simples: o universo é indiferente aos nossos desejos; além de destruir em nós a capacidade de pensar e compreender a realidade.
   Ressentir-se significa atribuir ao outro a responsabilidade pelo que nos faz sofrer. Como se a culpa do que não somos ou não podemos ser fosse sempre do outro, esse bode expiatório que escolhemos quando não podemos nos haver com nossos próprios limites. Ressentir-se é uma impossibilidade de esquecer ou superar um agravo. Seria uma impossibilidade ou uma recusa?
   O ressentido não é alguém incapaz de perdoar ou esquecer, é alguém que não quer esquecer, não quer perdoar, nem superar o mal que o vitimou. O filósofo Max Scheler classifica como “auto envenenamento psicológico” o estado emocional do ressentido, um ser introspectivo ocupado com ruminações acusadoras e fantasias vingativas.
   O ressentido é um escravo de sua impossibilidade de esquecer, vivendo em função de sua vingança adiada, de maneira que em sua vida não é possível abrir lugar para o novo; trata-se de um vingativo passivo, e suas queixas contínuas mobilizam, no outro, confusos sentimentos de culpa. Na verdade, ele acusa, mas não está seriamente interessado em ser ressarcido do agravo que sofreu. No ressentido, permanece uma dívida impagável, a compensação reivindicada é da ordem de uma vingança projetada no futuro. O ressentido é um covarde, pois não concede a si mesmo os prazeres da vingança pelo exercício da ação. Esse desejo de vingança recusado é o núcleo doentio do ressentimento nietzschiano. Uma vez que não se permite reagir, só resta ao fraco ressentir.
   Por não esquecer, o ressentido não consegue entregar-se ao fluxo da vida presente. A memória é como uma doença, o tempo não pode ser detido, a vontade não pode “querer pra trás”, ou seja, corrigir o curso de suas escolhas passadas.
   A solução para o ressentimento não é negá-lo, mas nomeá-lo, informar-se sobre ele, perceber que é impossível não o ter em nós em alguma medida. “Conhece-te a ti mesmo”, foi o conselho dado pelo sábio filósofo Sócrates, no século V a.C. Quem sabe tenhamos a coragem e as ferramentas para compreender essa emoção, e, com isso, podermos nos colocar além do ressentimento. Talvez possamos um dia transformar esse sentimento e, assim, criar um novo modo de estar com o outro.
(Luciana Ribeiro Soubhia, Ressentimento.
Revista Bem-estar, 04-07-2021. Adaptado)

Assinale a alternativa de acordo com a norma-padrão de colocação dos pronomes átonos e de emprego do verbo “haver”.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: A

    É assim, pessoal:

    1- Se o verbo "haver" possuir sentido de existir, não poderá variar. Pode variar? NÃO!

    2- Em qualquer outro sentido que não seja o de existir, ele pode variar.

    Exemplos respectivos:

    1- "Havia muitos amigos em casa"→ Veja que aqui o verbo haver possui sentido de existir: "Existiam muitos amigos em casa", logo ele não pode variar (haviam). Neste caso, "muitos amigos" será o objeto direto da frase.

    2- "Eles haviam comprado frutas" → Veja que aqui o verbo haver possui sentido de ter: "Eles tinham comprado frutas". Neste caso, como não possui sentido de existir, ele poderá variar para concordar com o sujeito "eles".

     

    Vamos ver o erro das assertivas:

    (A) Se nos houvéssemos com nossos próprios limites, talvez não se criassem bodes expiatórios. → Correto.

    1- O verbo haver aqui possui sentido de conter. Neste caso, ele pode variar: "se nos contivéssemos em nossos limites, bodes expiatórios não seriam criados" ou, em outro exemplo, "se houvéssemos dado atenção para nossos pais, talvez não estaríamos aqui " → "Se tivéssemos dado atenção para nossos pais, talvez não estaríamos aqui ";

    2- O pronome se está bem empregado também, pois termos negativos (não, nunca, jamais...) puxam o pronome, provocando a próclise.

     

    (B) Já houveram diversos estudos, como claramente constata-se no texto. → Errado.

    1- Aqui o verbo haver possui sentido de existir (já existiram diversos estudos...), logo ele não pode variar;

    2- Claramente, pessoal, é um advérbio de modo (de modo claro...). Advérbios, quando não estão entre vírgulas, puxam o pronome e provocam a próclise.

    ➥ O correto é: "Já houve diversos estudos, como claramente se constata no texto."

     

    (C) É consenso que, entre os ressentidos, haviam muitos propensos a vingar-se → Errado.

    1- Mesmo motivo das outras. O verbo haver, quando possui sentido de existir, não pode variar, pois não possui sujeito (havia muitos propensos...)

    2- Aqui o emprego do se está correto, pois quando o verbo estiver no infinitivo (vingar, partir, vender), podemos empregar a próclise (se vingar) ou a ênclise (vingar-se).

     

    (D) Conhecemos pessoas de bem que nunca havia tido a experiência de confrontar-se... → Errado.

    1- O verbo haver nesta frase, pessoal, possui sentido de ter: "Conhecemos pessoas que nunca tiveram a experiência...", logo ele deve se flexionar no plural para concordar com o sujeito (pessoas);

    2- Ler o ponto 2 da C.

     

    (E) É recomendável que hajam mais estudos para que se conheçam melhor as atitudes... → Errado.

    1- O verbo haver possui sentido de existir, logo não pode variar (... que haja mais estudos...)

    2- Temos uma conjunção subordinativa final, pessoal. Quando temos conjunções subordinativas (para que), devemos empregar a próclise.

    • Obs.: Quando a conjunção for coordenativa, podemos optar pela próclise ou pela ênclise. Dê uma olhada na tabelinha das conjunções.

     

    Fonte: migalhas.com.br/coluna/gramatigalhas/127953/haver---quando-vai-para-o-plural

    Espero ter ajudado.

    Bons estudos! :)

  • Gabarito na alternativa A

    Solicita-se julgamento das assertivas quanto a colocação pronominal e o emprego da forma verbal "haver":

    A) Se nos houvéssemos com nossos próprios limites, talvez não se criassem bodes expiatórios.

    Correta. O verbo "haver", empregado no sentido de "conter", não guarda impessoalidade, concordando com o sujeito plural "nos". Os pronomes "nos" e "se", antecedidos por formas atrativas, respectivamente conjunção subordinativa e adverbio, estão corretamente colocados em forma proclítica.

    A partícula "se" que inicia a construção não é forma pronominal, mas conjunção subordinativa condicional, não havendo que se falar em colocação pronominal.

    B) Já houveram diversos estudos acerca do ressentimento, como claramente constata-se no texto.

    Incorreta. O verbo "haver", empregado para indicar existência, é impessoal e não deve ser flexionado. O pronominal enclítico à forma verbal "constatar", precedida de advérbio, está incorreto.

    C) É consenso que, entre os ressentidos, haviam muitos propensos a vingar-se, sem motivo aparente. 

    Incorreta. O verbo "haver", empregado para indicar existência, é impessoal e não deve ser flexionado.

    D) Conhecemos pessoas de bem que nunca havia tido a experiência de confrontar-se com um ressentido.

    Incorreta. O verbo "haver', quando auxiliar em locução verbal não impessoal, "haviam tido", deve-se flexionar normalmente.

    E) É recomendável que hajam mais estudos para que se conheçam melhor as atitudes de um ressentido.

    Incorreta. O verbo "haver", empregado para indicar existência, é impessoal e não deve ser flexionado.

  • pensei que o pronome se nao pudesse começar uma frase

  • O "Se" que começa a letra A não é pronome, e sim conjunção.
  • Houvéssemos - Sentido de tivéssemos (verbo) logo vai para o plural. Geralmente precedido dos pronomes reto (EU, ELE, NÓS...)

    Haver nunca vai para o plural com sentido de tempo decorrido e existir. Essas são as únicas hipóteses.

  • Essa A só deu pra marcá-la pois tinha certeza dos erros das outras kkkkkkkkk

  • essa A ficou muito estranha

  • eu não entendi a frase A
  • GAB-A

    Correta. O verbo "haver", empregado no sentido de "conter", não guarda impessoalidade, concordando com o sujeito plural "nos".

    ÀS VEZES O ESTRANHO É O CORRETO.

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  • Mas se não pode começar uma frase com pronome obliquo porque a A está certa?

  • Gabarito letra A.

    Esse "se" é uma conjunção condicional e não um pronome. Nesse caso, a conjunção "se" pode iniciar a frase.

  • Indescritível a sensação de marcar a (a) sem medo, sem ler as demais.

  • Letra A - Não se começa uma frase com o pronome oblíquo .

    Não entendi o porquê esta correta ?

  • COMENTÁRIO DA LETRA D

    Conhecemos pessoas de bem que nunca havia tido a experiência de confrontar-se com um ressentido.

    Conhecemos pessoas de bem que nunca havia tido a experiência de se confrontar com um ressentido.

    CASO DE PRÓCLISE: Preposição "De" (palavra atrativa) + verbo no infinitivo = alguns gramáticos consideram o uso facultativo (próclise ou ênclise) quando o verbo está no infinitivo e também há palavra atrativa. Porém, a banca considerou errado. Isso mostra que a VUNESP dá preferência à próclise neste caso.

  • COMENTÁRIO DA LETRA D

    Conhecemos pessoas de bem que nunca havia tido a experiência de confrontar-se com um ressentido.

    Conhecemos pessoas de bem que nunca havia tido a experiência de se confrontar com um ressentido.

    CASO DE PRÓCLISE: Preposição "De" (palavra atrativa) + verbo no infinitivo = alguns gramáticos consideram o uso facultativo (próclise ou ênclise) quando o verbo está no infinitivo e também há palavra atrativa. Porém, a banca considerou errado. Isso mostra que a VUNESP dá preferência à próclise neste caso.