A questão refere-se ao texto abaixo.
Por que um elétron não pode levar uma multa de trânsito?
Basicamente, os físicos têm duas ferramentas para entender como
funciona o universo. Nas grandes escalas, as das estrelas, dos planetas e,
em geral, do mundo que percebemos a olho nu, a teoria da relatividade
geral funciona perfeitamente. A coisa se complica quando descemos
às escalas microscópicas. Para entender o comportamento estranho
de partículas como os elétrons é necessária a mecânica quântica, que
explica um mundo com o qual não temos relação direta e é muito
pouco intuitivo para nós.
Uma forma de entender a diferença entre os dois mundos é oferecida
por Germán Sierra com uma piada. Para que o departamento de trânsito
nos multe quando cometemos uma infração ao dirigir, é necessário
que ele tenha uma foto na qual se possa ver onde estamos e com que
velocidade vamos. Como no nosso caso se aplica a física de Newton,
podemos levar a multa, mas isso não acontece com os elétrons. Com
eles, regidos pela mecânica quântica, seria preciso escolher entre saber
sua velocidade ou sua posição, algo que tornaria impossível passar-lhes uma multa de trânsito. O exemplo mostra as diferentes regras
que afetam os dois mundos e explica por que, às vezes, as explicações
populares sobre a física quântica, apoiadas em metáforas baseadas no
mundo real, podem ser confusas.
A mais famosa dessas metáforas é o experimento mental proposto por
Erwin Schrödinger em 1935. Nele, um gato foi colocado em uma caixa de
aço juntamente com uma pequena quantidade de material radioativo.
A quantidade era tão pequena que só havia 50% de possibilidades de
que durante a hora seguinte um dos átomos se desintegrasse. Se isso
ocorresse, seria ativado um mecanismo que encheria a caixa de ácido
cianídrico e o gato morreria. De acordo com os princípios da mecânica
quântica, durante o período que durasse o experimento, o gato estaria
vivo e morto ao mesmo tempo, resultado de um fenômeno conhecido
como superposição. No entanto, essa circunstância mudaria quando
abríssemos a caixa para acabar com a incerteza. Nesse momento, de volta à realidade da física clássica, o gato estaria ou vivo ou morto. Na
verdade, o gato fazia o papel de uma partícula microscópica à qual
se aplicam regras diferentes das aplicadas para um animal. Um gato
jamais estará vivo e morto ao mesmo tempo.
Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/03/15/
ciencia/1552647865_813343.html?rel=listapoyo. Acesso em: 30 ago. 2021.
Ao afirmar que “um gato jamais estará vivo e morto ao mesmo tempo”, o autor do texto