SóProvas


ID
5519953
Banca
FAFIPA
Órgão
Prefeitura de Brasilândia - MS
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

O texto seguinte servirá de base para responder à questão.


Celso Furtado: 100 anos do paraibano que mudou a economia (adaptado)


O renovado debate sobre o papel do Estado na economia, suscitado pelo contexto da pandemia de covid-19, traz ideias do autor de volta para o centro da discussão, no ano de seu centenário.


Quando tinha apenas 17 anos, na Paraíba, Celso Furtado anotou em seu diário: "Hoje eu decidi que vou escrever um livro sobre a história da civilização brasileira." O que poderia ser um devaneio juvenil se materializou duas décadas depois, quando o pensador publicou, em 1958, Formação econômica do Brasil, maior obra de referência do pensamento econômico brasileiro.

O clássico trouxe um até então inédito entrelaçamento entre história e economia. Furtado analisa os vários ciclos econômicos, do açúcar ao início da indústria, para identificar o cerne do subdesenvolvimento brasileiro. Estava ali a ideia que aprofundaria em quase 30 livros dali em diante: o subdesenvolvimento não era etapa natural de um processo, mas uma realidade perene, derivada da inserção do Brasil e países semelhantes, exportadores de insumos, na economia mundial - a dinâmica "centro-periferia".

Neste domingo (26/07), é celebrado o centenário de nascimento do economista. Se o calendário de eventos e comemorações, que incluía seminários e quatro novos livros sobre Furtado, foi afetado pela pandemia, a conjuntura trouxe suas ideias de volta para o centro do debate. Durante a crise atual, a atuação do Estado como indutor e planejador da atividade econômica voltou de vez à carga.

Nos Estados Unidos e na Europa, governos lançaram mão de pacotes emergenciais orçados em trilhões de dólares. Mesmo entre economistas liberais, a intervenção estatal foi amplamente defendida nesses países.

"Mas antes mesmo da pandemia, há três ou quatro anos, já discutíamos um retorno do papel do Estado na França e na Europa, pelo que tem sido chamado de 'políticas orçamentárias'. Além disso, ficou claro para muitos economistas que as políticas monetárias não são tão eficazes sozinhas", comenta o economista francês Pierre Salama, que foi aluno, assistente e, depois, colega de Furtado em seu tempo como professor na Universidade Paris-Sorbonne.

"Esse retorno do Estado não significa reestatização, não é disso que se trata. É uma intervenção ativa, com políticas industriais inteligentes. (...)", completa Salama.

No Brasil, frente à pandemia, governo e Congresso criaram um orçamento especial de guerra para suspender mão do teto de gastos temporariamente e financiar o auxílio emergencial e a complementação salarial, além de mais linhas de crédito via bancos públicos. Segundo o IBGE, em junho os benefícios ao cidadão alcançaram direta ou indiretamente 104 milhões de brasileiros, quase a metade da população.

Na comparação com as iniciativas estrangeiras, todavia, o aporte ainda é tímido em termos de volume. As medidas tomadas até aqui são reconhecidas pelo próprio governo como muletas no pior momento da crise. (...)

O presidente Jair Bolsonaro tem sugestões de toda parte na mesa, mas convive com o contrapeso de uma equipe econômica criada para resistir ao aumento do gasto público.

Poucos estariam aptos como Celso Furtado, vivo fosse, a opinar na atual encruzilhada. O economista atuou, no início dos anos 1950, na criação e aplicação das técnicas de planejamento econômico da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), das Nações Unidas.

Em seguida, frequentou, como diretor do BNDES e depois ministro de Estado, o dia a dia de quatro governos: Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, João Goulart e José Sarney. Exilado entre os tempos de serviço prestados para os dois últimos presidentes listados, esteve por 20 anos à frente das cátedras de Economia do Desenvolvimento e Economia Latino-Americana da Universidade Paris-Sorbonne, na França.

A despeito do currículo, não surpreenderia se Furtado fosse rechaçado hoje em dia por razões políticas. Foi o que aconteceu em 1964, quando seu nome constava na primeira lista de indesejados pela ditadura militar, e Furtado teve de deixar o país. No dia seguinte à sua cassação política, recebeu convites para lecionar em três prestigiadas universidades dos Estados Unidos: Harvard, Columbia e Yale, para onde acabou indo. Um ano depois, o presidente francês de direita, Charles de Gaulle, autorizou sua contratação para a maior universidade de seu país.

Pierre Salama, que testemunhou enquanto estudante a chegada de Furtado à França, conta que as ideias do brasileiro revolucionaram a compreensão de desenvolvimento econômico na França. Até então, os franceses que estudavam o tema focavam as ex-colônias africanas, razão pela qual eram oficialmente chamados de "professores de colônias". Não consideravam, por exemplo, a possibilidade de economias industrializadas conviverem de forma perene com o subdesenvolvimento, como é o caso do Brasil e de outras economias latino-americanas.

"Por outro lado, para os que eram de esquerda a única razão do subdesenvolvimento era o saque dos países do Terceiro Mundo. Não havia uma abordagem científica. E então chega Furtado e nos explica. Foi estrondoso, e ele fez muito sucesso", já havia dito Salama à revista Cadernos do Desenvolvimento anos atrás.

Consagradora, a passagem pela Sorbonne duraria 20 anos. O período representou um doloroso hiato para o economista acostumado à dupla função de intelectual e estadista. "Ele ficava com a cabeça no Brasil", lembra a tradutora Rosa Freire d'Aguiar, viúva de Furtado. Era difícil estar exilado para quem, até pouco, formulava políticas prioritárias de governo.

Foi o caso da criação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), em 1959. Elencado por JK no mesmo nível de prioridade que a construção de Brasília, o projeto tinha o objetivo de promover e coordenar o desenvolvimento da região. Além da industrialização, Furtado propunha o fim do modelo latifundiário monocultor, mais propenso a riscos climáticos, e um desenho econômico adaptável à seca - na contramão das "políticas hidráulicas" que ocupavam o debate.

A iniciativa despertou grande interesse internacional. Em 1961, Furtado foi a Washington como superintendente da Sudene para se encontrar com o então presidente dos EUA, John Kennedy, que decidiu apoiar um programa de cooperação com o órgão. Embora exista até hoje, a iniciativa foi relegada a segundo plano durante a ditadura militar e não recuperou o protagonismo conferido sob a gestão do economista.

"Para ele, o conhecimento só servia se fosse para prestar serviço à comunidade", comenta o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "Furtado olhava as formas como a economia se relacionava com a vida social, para pensar em que medida poderia beneficiar a vida das pessoas em sociedade. Sua vida sempre se confundiu com a história da sociedade brasileira", diz. 

https://www.dw.com/pt-br/celso-furtado-100-anos-do-paraibano-que-mudou-a-econ
omia/a-54322701 último acesso: 17 de fevereiro de 2021.


De acordo com o texto, leia atentamente a sentença: "Consagradora, a passagem pela Sorbonne duraria 20 anos", assinale a alternativa que melhor explica a relação entre a palavra "Consagradora" e as demais palavras da sentença.

Alternativas
Comentários
  • CUIDADO

    A questão não possui gabarito

    Solicita-se indicação da relação estabelecida entre o termo destacado e o restante da construção:

    "Consagradora, a passagem pela Sorbonne duraria 20 anos"

    A) A palavra "Consagradora" está concordando com "Sorbonne" e exerce a função de objeto direto.

    Incorreta. O termo "consagradora" relaciona-se com toda a construção "a passagem pela Sorbonne" e não possui função de complemento verbal.

    B) A palavra "Consagradora" está sendo conjugada por "Sorbonne" e atua como sujeito da oração.

    Incorreta. O termo "consagradora" não é forma verbal e não sofre conjugação. O sujeito da oração é "a passagem pela Sorbonne".

    C) A palavra "Consagradora" é objeto direto do verbo "duraria" e adjunto adnominal de "20 anos" com "passagem" e atua como adjunto adnominal.

    Incorreta. O termo "consagradora" relaciona-se com toda a construção "a passagem pela Sorbonne" e não possui função de complemento verbal ou de adjunto adnominal.

    D) A palavra "Consagradora" está concordando com "passagem" e exerce a função de adjunto adnominal.

    Incorreta. Embora se possa afirmar que o termo "consagradora" concorda com o núcleo da expressão nominal "a passagem pela Sorbonne", não é correto afirmar que exerce função de adjunto adnominal. O adjunto adnominal acompanha o termo nominal, compondo-o, não sendo sua função caracterizar ou particularizar.

    O termo "consagradora" exprime característica, qualificação do termo "a passagem pela Sorbonne", sendo corretamente classificado na passagem como predicativo do sujeito.

    Gabarito da banca na alternativa D

    Gabarito correto ausente

  • Gente para de querer justificar erro da banca consagradora É predicativo do sujeito exprimindo uma característica circunstancial. basta olhar a virgula.

  • consagradora não seria adjetivo? portanto, não poderia ser adjunto.
  • O gabarito não está correto, porque o termo "consagradora" é um predicativo do sujeito. Sabemos disso, pois esse termo está isolado por vírgula, o que não ocorre com qualquer função adnominal exercida por qualquer classe gramatical, ao se pensar nas relações das funções morfológicas com as suas respectivas sintáticas. Esse ato de isolar termos por vírgula ou vírgulas se dá em caso de mudança da posição canônica dos termos sintáticos na frase, como é o caso do predicativo do sujeito com verbo subentendido, já que a oração deveria, em sua ordem direta, ser escrita da seguinte forma: "A passagem pela Sorbonne duraria 20 anos e seria consagradora". O termo "adjunto adnominal" é autoexplicativo, pois é o que vem junto, somente com a função de auxiliar o sentido de um termo substantivado e, jamais, com função integrante ou essencial, assim, o uso da pontuação só se justifica para isolar termos de função retificativa, ratificativa, adversativa, conclusiva e explicativa, mas, nunca, de função especificativa, como é o caso. Essa importância de isolar o predicativo do sujeito ligado a verbos intransitivos- como na alternativa, também,- é notada com os verbos transitivo direto e bitransitivo, pois o predicativo do objeto direto irá ficar, na conversão da voz ativa para a voz passiva analítica, em um termo diferente do núcleo do objeto direto, o qual se irá tornar o sujeito paciente. Exemplos:

    • Eu encontrei machucados o rapaz e a moça. (voz ativa)
    • O rapaz e a moça foram encontrados machucados. (voz passiva analítica)
    • Eu encontrei machucado o rapaz e a moça. Essa concordância é possível no caso de um adjetivo antecipado a dois substantivos, em que a concordância pode ser feita com os dois termos ou com o mais próximo em concordância.

    Nota-se que o termo machucados não se trata de adjunto adnominal, pois não acompanhou o núcleo do objeto direto, o qual se tornou o núcleo do sujeito paciente, o que não ocorre com o adjunto adnominal, como no seguinte exemplo:

    • Eu comprei um carro lindo. (voz ativa)
    • Um carro lindo foi comprado por mim. (voz passiva analítica)

    O termo "lindo" acompanhou o núcleo do objeto direto em sua conversão para sujeito paciente e ficou no mesmo termo da oração do termo ao qual ele se refere.

    Além disso, pode-se substituir o objeto direto por pronomes pessoais do caso oblíquo correspondentes. Se houver lógica sintático-semântica, então, haverá a nomenclatura de predicativo do objeto para o termo em análise, caso não haja lógica, haverá um adjunto adnominal. Exemplos:

    • Eu encontrei machucados o rapaz e a moça.
    • Eu encontrei-os machucados (machucados: predicativo do sujeito, pois há lógica sintática)
    • Eu comprei um carro lindo.
    • Eu comprei-o lindo. (lindo: adjunto adnominal, pois não há lógica sintático-semântica; quem é lindo? eu ou o carro?)

    A substituição incluirá o adjunto adnominal:

    • Eu comprei-o.
    • Eu o comprei.
    • Assim, a alternativa "d" estaria correta se o termo "consagradora" fosse classificado como predicativo do sujeito.
  • A passagem consagradora pela sobornne... daqui já dá pra matar a questão

  • Acho que é um Predicativo do sujeito

    banca mó loca