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ID
5522257
Banca
CEFET-MG
Órgão
CEFET-MG
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A questão refere-se ao texto a seguir.

A praga
Ninguém sabe ao certo como se entenderam, mas se entenderam. E a primeira coisa que o índio deu a Colombo foi um tomate. Era o primeiro encontro, na primeira ilha, no primeiro dia, e o próprio sol parecia ter chegado mais perto para não perder a cena. Fazia calor e o tomate brilhava ao sol como uma maçã dourada.
 — Um pomo d´oro! — exclamou Colombo.
— Um tomate. — explicou o índio. — Para a salada. Para o molho.
— Finalmente algo para pôr fim à brancura do espaguete — disse Colombo emocionado. — Marco Polo só descobriu a massa. Eu descobri a macarronada.
E Colombo aceitou o tomate e deu em troca uma miçanga.
O índio deu uma batata a Colombo que a olhou com desprezo. Mas o índio descreveu (com mímica, a linguagem mágica dos encontros míticos) sua importância para a história ocidental, desde a alimentação das massas camponesas da Europa até noisette, ou fritas com um Big Mac. E Colombo a aceitou e deu em troca um espelhinho.
E o índio deu a Colombo o fruto do cacaueiro e falou no que o chocolate significaria para o mundo, em especial para a Bahia e a Suíça, e nas delícias do bombom por vir. E Colombo guardou o cacau na algibeira e deu em troca um vintém.
E o índio deu a Colombo uma folha de tabaco e falou nos prazeres do fumo, e de como ele afetaria os hábitos civilizados. E se quisessem algo mais forte, tinham uma planta que dava coca, e um barato muito maior. E tudo isso Colombo aceitou em troca de contas. E mais uma espiga de milho. E mais um papagaio. Até que, com a algibeira cheia, Colombo disse:
— Chega de miudezas. Agora eu quero ouro.
— O quê?
— Ouro. Isso que você tem no nariz.
— E o que você me dá em troca? — perguntou o índio antevendo algo espetacular como uma luneta. Mas Colombo apontou uma pistola para a cabeça do índio e disse “isto”. E disparou. Depois, mandou seus homens recolherem todo o ouro da ilha, nem que precisassem arrancar narizes.
No chão, antes de morrer, o índio amaldiçoou Colombo e praguejou. Que a batata tornasse sua raça obesa, que o chocolate enchesse suas artérias de colesterol, que o fumo lhe desse câncer, a cocaína o corrompesse e o ouro destruísse sua alma. E que o tomate — desejou o índio em seu último suspiro — se transformasse em Ketchup. E assim aconteceu.
Fonte: VERÍSSIMO, L. F. Comédias da vida pública. Porto Alegre: L&PM, 1995.

No início do texto, a recorrência dos termos “primeiro” e “primeira” indica uma estratégia narrativa que

Alternativas
Comentários
  • Quê!?

  • Deviam proibir um examinador desse de elaborar algo.

  • Fonte: Vozes da minha cabeça.

  • A parte do discurso mítico que relata falar de um tipo de povo, origem do mundo, origens dos povos e valores básicos, até que vai, mas a parte religiosa eu não encontrei foi nada .

    Está mais para discurso mítico-violento rs

  • O examinador experimentou a folha de coca depois de ler que dava barato e foi elaborar as alternativas....

  • Maconha pura

  • Efeito da coca !
  • A falta de noção dessa banca me preocupa profundamente. Um desrespeito às pessoas que prestam suas provas. Subjetivismo puro... E o pior: subjetivismo sem sentido!

  • Realmente é uma praga!

  • acertou quem comprou o gabarito
  • Loteria ou muita coca