SóProvas


ID
5550226
Banca
FGV
Órgão
FUNSAÚDE - CE
Ano
2021
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

Ao se debruçar sobre o fetichismo, Freud apresenta um mecanismo de defesa realizado pela criança frente à percepção da ausência de pênis na mãe. O objeto fetiche corresponderia a uma formação de compromisso entre duas correntes psíquicas conflitantes, por meio da qual o sujeito se recusa a reconhecer a castração. Desse modo, tudo se passa como se, nas perversões, o sujeito conseguisse manter esse paradoxo psíquico que consiste em saber algo da castração, querendo ao mesmo tempo nada saber dela.
Tal mecanismo é chamado por Freud de

Alternativas
Comentários
  • Alguém pediu recurso contra essa questão com certeza!

    O mecanismo da perversão é a denegação!

  • O mecanismo na perversão é a DENEGAÇÃO.

  • Gente, nesse artigo falam um pouco sobre isso e talvez elucide para alguém, o que não foi meu caso. Nele está o seguinte:

    "(...) Freud retoma o fio da meada no texto "O fetichismo" (1927/2007), no qual apresenta uma observação interessante quando descreve uma situação na vida mental, em que…" duas atitudes, uma que se ajustava ao desejo, e outra que se ajustava à realidade, coexistiam lado a lado, em um desses meus dois casos [mencionados anteriormente] essa divisão (Spaltung) chegou a causar uma neurose obsessiva moderada." (p. 165)

    Supõe que, caso se tratasse de uma psicose, uma destas correntes – aquela que estaria ajustada à realidade – estaria ausente. O que estaria em jogo aqui seria a renegação (Verleugnung) de uma percepção da realidade, no caso do fetichismo a ausência do pênis na mulher. Freud sublinha que a renegação pressupõe uma percepção inicial, que é renegada a seguir por ser insuportável, dando origem a duas correntes psíquicas coexistentes, aquela que percebe e aquela que renega, que tem no fetiche seu compromisso.

    Esse resultado tão bem-sucedido só foi alcançado ao preço de um rompimento na tessitura do Eu, o qual não mais cicatriza, ao contrário, só aumenta à medida que o tempo passa. Assim, as duas reações opostas com as quais o Eu respondeu ao conflito passam a subsistir como núcleo de uma cisão (Spaltung) no Eu. (idem)

    O mecanismo de defesa psíquico em andamento é o da renegação (Verleugnung), cuja descrição supõe uma percepção da realidade e uma imediata renegação da mesma, dando origem, desta forma, a uma alteração do Eu que seria a cisão-Spaltung. A formação do fetiche seria um compromisso que condensaria no próprio fetiche as duas atitudes do Eu cindido. No fetiche existe um reconhecimento da ausência do pênis, logo renegado com ajuda do fetiche, que é colocado no lugar da falta. Poderíamos pensar que na psicose talvez se alucinasse um pênis, isto é, se reconstruiria uma realidade a partir do desejo interno. No fetiche a realidade é tolerada o bastante para não psicotizar, mas ela é sim renegada e, por um deslocamento de significados, a falta é preenchida por um fetiche e assim é satisfeita a necessidade de se acreditar na presença do pênis, ali onde sabe-se que ele não se encontra. Em resumo, é destacado aqui como diante de um mecanismo de defesa – como o da renegação de uma percepção da realidade – ocorre uma alteração no Eu, no caso, uma Spaltung-cisão. E, ainda, que uma cisão comporta diferentes relações com a realidade simultaneamente, e diferentes arranjos intrapsíquicos com relação às diferentes tendências."

    Caso alguém tenha interesse em conferir:

    SUSEMIHL, Elsa Vera Kunze Post. Notas sobre o conceito de splitting (Spaltung) à luz de questões de tradução. Rev. bras. psicanál, São Paulo , v. 43, n. 4, p. 133-144,  2009 

  • Renegação e Denegação são ambos um recurso da perversão. As duas alternativas deveriam estar corretas.

  • Não entendi a alternativa. Não seria Denegação?

  • Acredito que os termos "Denegação" e "Foraclusão" tenham sido cunhados por Lacan e não por Freud. Este fundou as bases estruturais para Lacan forjar esses dois termos.

  • Encontrei esse conteúdo:

    Na renegação: quando o menino afirma que a mulher tem pênis, uma crença é substituída por outra crença, que é a contrapartida daquela, ou seja, a sua imagem em negativo. Dessa forma, onde não existe algo, afirma-se que existe. Trata-se da substituição de uma realidade por outra, só que não é qualquer outra, mas sim a sua recíproca. Como nos afirma Hugo Bleichmar: “este substituto recíproco, no entanto, não possui qualidade sensorial, não se constituindo numa alucinação, segue estando a nível de uma crença”. A presença de uma crença implica na renegação da outra. Já na repressão, fica como que um “buraco” na consciência, sendo que depois o retorno do reprimido( ou recalcado) originará um resto ou um substituto simbólico, mas já não simplesmente uma realidade que se contraponha à anterior. Para Freud, o substituto age na qualidade de uma contra-catexia e é enquanto permite manter excluído da consciência o elemento reprimido ou recalcado, e não mais porque signifique o contrário deste.

    https://www.redepsi.com.br/2010/02/10/o-conceito-de-renega-o-em-psican-lise/

  • Esse foi o meu recurso, que não foi aceito pela banca, que aparentemente parte do referencial de Laplanche e Pontalis (1991).

    Em relação à questão, a banca solicita resposta referente ao mecanismo de defesa que está presente na perversão. O gabarito preliminar oficial assegura “renegação” como resposta correta ao item, contudo a literatura especializada aponta discordâncias. Recorrendo a Freud, em seu texto “Fetischismus” (1927/2017), traduzido como “Fetichismo”, verifica-se que o termo alemão original utilizado pelo autor é Verleugnung. Segundo Freud (1927/2017, p. 317), “a palavra alemã correta para o destino da representação é recusa (Verleugnung) da realidade”.

    Conforme a tradutora de Freud, Maria Rita Salzano Moraes, na obra “Neurose, Psicose, Perversão (2017)” o termo corriqueiramente seria traduzido ao português brasileiro como “desmentido” ou “recusa”. Ela comenta que “Normalmente esse termo é traduzido em português por “desmentido” devido à sua proximidade com palavras alemãs como Lüge (mentira) e ableugnen (desautorizar)”. (2017, p. 324). Portanto, verifica-se que de acordo com as traduções mais atualizadas e aceitas da obra de Sigmund Freud, emprega-se os termos “desmentido” e “recusa” para referir-se ao mecanismo de defesa frente à perversão.

    Já David Zimerman (2001) em seu Vocabulário contemporâneo de psicanálise, enfatiza a pluralidade de significados como “renegar”, “denegar”, “retratar”, “desmentir”: “2. Renegação (também denominada freqüentemente como denegação, desmentida, recusa ou desestima), corresponde ao termo Verleugnung e refere o fenômeno pelo qual o sujeito sabe que os desejos, pensamentos e sentimentos negados são mesmo dele, porém continua a defender-se categoricamente, negando que lhe pertençam. Essa modalidade de negação é típica dos pacientes com perversão”. (Zimerman, 2001, p. 281).

    Verifica-se, por meio dos referenciais consultados, que o mecanismo abordado na questão possui uma pluralidade de nomenclaturas empregadas pela comunidade psicanalítica brasileira e tidas como adequadas. A questão traz as opções “renegação” e “denegação”, que são aceitas, da mesma forma que “recusa” e “desmentido”. Verifica-se que a diversidade de nomenclaturas induz o candidato à confusão conceitual e consequentemente ao erro, pois considera-se que há mais de uma resposta aceitável. Com vista isso, solicita-se a anulação da questão.

  • A questão solicita conhecimentos acerca do mecanismo de defesa do fetchice.


    Para identificar qual mecanismo de defesa predomina sobre essa estrutura, é mister que façamos o conceito de fetchice e como ele se estrutura.


    No período do complexo de castração, “normalmente" a criança começa a reconhecer a diferenciação sexual e que, consequentemente, sua mãe não tem um pênis. Parte-se dessa premissa que anteriormente, a criança imaginava que a mãe possuía esse falo. A estrutura da perversão ocorre justamente na fixação desse período transitório, onde a criança renega que sua mãe não tenha um pênis.


    “Na renegação: quando o menino afirma que a mulher tem pênis, uma crença é substituída por outra crença, que é a contrapartida daquela, ou seja, a sua imagem em negativo. Dessa forma, onde não existe algo, afirma-se que existe. Trata-se da substituição de uma realidade por outra, só que não é qualquer outra, mas sim a sua recíproca. (...). A presença de uma crença implica na renegação da outra. Já na repressão, fica como que um “buraco" na consciência, sendo que depois o retorno do reprimido( ou recalcado) originará um resto ou um substituto simbólico, mas já não simplesmente uma realidade que se contraponha à anterior. Para Freud, o substituto age na qualidade de uma contra-catexia e é enquanto permite manter excluído da consciência o elemento reprimido ou recalcado, e não mais porque signifique o contrário deste." (Tomaselli, 2010).


    Muitos podem considerar a denegação como a alternativa correta para essa questão. Na denegação, o sujeito recusa-se a dizer como seu um pensamento ou ideia sua. Tem conceito semelhante da renegação, com a diferença que na denegação há negação de um conteúdo recalcado e na renegação há uma recusa de um elemento presente na realidade do sujeito.


    Gabarito da professora: LETRA A.


    Fonte: Tomaselli, Tomar. (2010). O conceito de renegação em psicanálise. Rede-psi (online).


  • Renegação e Denegação são a mesma coisa, são apenas variações de traduções que surgiram ao longo do tempo.

  • Gab A

    Na renegação: quando o menino afirma que a mulher tem pênis, uma crença é substituída por outra crença, que é a contrapartida daquela, ou seja, a sua imagem em negativo.

  • Gabarito: LETRA A.

    No período do complexo de castração, “normalmente" a criança começa a reconhecer a diferenciação sexual e que, consequentemente, sua mãe não tem um pênis. Parte-se dessa premissa que anteriormente, a criança imaginava que a mãe possuía esse falo. A estrutura da perversão ocorre justamente na fixação desse período transitório, onde a criança renega que sua mãe não tenha um pênis.

    “Na renegação: quando o menino afirma que a mulher tem pênis, uma crença é substituída por outra crença, que é a contrapartida daquela, ou seja, a sua imagem em negativo. Dessa forma, onde não existe algo, afirma-se que existe. Trata-se da substituição de uma realidade por outra, só que não é qualquer outra, mas sim a sua recíproca. (...). A presença de uma crença implica na renegação da outra. Já na repressão, fica como que um “buraco" na consciência, sendo que depois o retorno do reprimido( ou recalcado) originará um resto ou um substituto simbólico, mas já não simplesmente uma realidade que se contraponha à anterior. Para Freud, o substituto age na qualidade de uma contra-catexia e é enquanto permite manter excluído da consciência o elemento reprimido ou recalcado, e não mais porque signifique o contrário deste." (Tomaselli, 2010).

    Muitos podem considerar a denegação como a alternativa correta para essa questão. Na denegação, o sujeito recusa-se a dizer como seu um pensamento ou ideia sua. Tem conceito semelhante da renegação, com a diferença que na denegação há negação de um conteúdo recalcado e na renegação há uma recusa de um elemento presente na realidade do sujeito.