SóProvas


ID
5558986
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
SEDUC-AL
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto 14A1-I


    As línguas são, de certo ponto de vista, totalmente equivalentes quanto ao que podem expressar, e o fazem com igual facilidade (embora lançando mão de recursos bem diferentes). Entretanto, dois fatores dificultam a aplicação de algumas línguas a certos assuntos: um, objetivo, a deficiência de vocabulário; outro, subjetivo, a existência de preconceitos.

    É preciso saber distinguir claramente os méritos de uma língua dos méritos (culturais, científicos ou literários) daquilo que ela serve para expressar. Por exemplo, se a literatura francesa é particularmente importante, isso não quer dizer que a língua francesa seja superior às outras línguas para a expressão literária. O desenvolvimento de uma literatura é decorrência de fatores históricos independentes da estrutura da língua; a qualidade da literatura francesa diz algo dos méritos da cultura dos povos de língua francesa, não de uma imaginária vantagem literária de se utilizar o francês como veículo de expressão. Victor Hugo poderia ter sido tão importante quanto foi mesmo se falasse outra língua — desde que pertencesse a uma cultura equivalente, em grau de adiantamento, riqueza de tradição intelectual etc., à cultura francesa de seu tempo.

    Igualmente, sabe-se que a maior fonte de trabalhos científicos da contemporaneidade são as instituições e os pesquisadores norte-americanos; isso fez do inglês a língua científica internacional. Todavia, se os fatores históricos que produziram a supremacia científica norte-americana se tivessem verificado, por exemplo, na Holanda, o holandês nos estaria servindo exatamente tão bem quanto o inglês o faz agora. Não há no inglês traços estruturais intrínsecos que o façam superior ao holandês como língua adequada à expressão de conceitos científicos.

    Não se conhece caso em que o desenvolvimento da superioridade literária ou científica de um povo possa ser claramente atribuído à qualidade da língua desse povo. Ao contrário, as grandes literaturas e os grandes movimentos científicos surgem nas grandes nações (as mais ricas, as mais livres de restrições ao pensamento e também — ai de nós! — as mais poderosas política e militarmente). O desenvolvimento dos diversos aspectos materiais e culturais de uma nação se dá mais ou menos harmoniosamente; a ciência e a arte são também produtos da riqueza e da estabilidade de uma sociedade.

    O maior perigo que correm as línguas, hoje em dia, é o de não desenvolverem vocabulário técnico e científico suficiente para acompanhar a corrida tecnológica. Se a defasagem chegar a ser muito grande, os próprios falantes acabarão optando por utilizar uma língua estrangeira ao tratarem de assuntos científicos e técnicos.


Mário A. Perini. O rock português (a melhor língua para fazer ciência). In: Ciência Hoje, 1994 (com adaptações). 

Considerando os sentidos e os aspectos linguísticos do texto 14A1-I, julgue o item a seguir. 


No primeiro período do primeiro parágrafo, a supressão do vocábulo “quanto” preservaria os sentidos originais do texto.  

Alternativas
Comentários
  • ERRADO

    " As línguas são, de certo ponto de vista, totalmente equivalentes quanto ao que podem expressar"

    Ao se retirar o QUANTO, creio que perde o sentido, pois não existe mais a ideia comparativa.

  •  As línguas são, de certo ponto de vista, totalmente equivalentes quanto ao que podem expressar.

    • As línguas são equivalentes quanto a ISSO.

    Comparação de igualdade entre as línguas.

    • As línguas são equivalentes a ISSO.

    Compara a língua com o que ela expressa.

    Portanto, há troca de sentido.

    Gab: Errado.

  • Manteria a correção gramatical, porém o sentido muda.

    GAB: ERRÔNEO

  • ERRADO

    Trecho original:  As línguas são, de certo ponto de vista, totalmente equivalentes quanto ao que podem expressar (...)

    A noção de comparação é perdida com a retirada do termo " quanto"

  • Agradeço aos esclarecimentos dos colegas sobre o gabarito, mas de verdade: não vejo perda de sentido ao se omitir o "quanto".

    Qual seria o outro sentido ao ler: "as línguas são, de certo ponto de vista, totalmente equivalentes ao que podem expressar"?

    • As línguas são, de certo ponto de vista, totalmente equivalentes quanto ao que podem expressar.
    • quanto ao que podem expressar, as línguas são, de certo ponto de vista, totalmente equivalentes (então elas são equivalentes qto a esse ponto - o que podem expressar)

    Se o quanto for retirado, perde-se a ideia de "equivalência entre o que podem expressar"

  • É só pensar o seguinte

    primeiro significado: as línguas são equivalentes quanto a isso

    segundo significado: as línguas são equivalentes a isso

  • Marquei Certo pq li rápido e pensei que era correção gramatical. Depois que vi que era mudança de sentido que entendi o pq de ser Errado.