SóProvas


ID
5568346
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
FUNPRESP-JUD
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Filosofia em dois desenhos

    Fui caminhar. E na calçada me deparei com um estranho indivíduo. Carregava um saco plástico enorme que, pelo perfil do conteúdo, calculei estivesse cheio de latinhas. Mal acabei de pensar, o homem se acocorou na calçada. Extraiu de alguma parte uma pedra branca parecendo ser cal prensada, e com ela começou a desenhar no cimento.
    Parei para ver, atraída pelo ritual que se esboçava. O homem desenhou dois círculos um diante do outro, quase encostados, e dentro deles desenhou duas setas convergentes.
    Levantou-se, olhou sua obra com satisfação, andou cinco ou seis passos e, novamente, se acocorou. Continuava com a pedra de cal na mão.
    Mas o desenho que fez foi diferente. Riscou dois traços, colocados na mesma distância dos dois círculos, e atrás deles desenhou duas setas que apontavam uma para a outra.
    Segui adiante refletindo sobre o que havia presenciado. A primeira coisa que me veio à cabeça foi a Serra da Capivara, que visitei numa ida a Teresina para algum congresso ou palestra. Trouxe de volta a louça que a arqueóloga franco-brasileira Niéde Guidon, há muitos anos responsável pelo sítio arqueológico, ensinou os locais a fazerem para terem uma fonte de subsistência. Louça com impressos os mesmos desenhos estampados na rocha, que se acredita serem vestígios de uma cultura paleoamericana. Pois, como um ser primitivo, o homem havia estampado seus pensamentos e sua visão interior na mais moderna das rochas: o cimento.
    Havia reparado que o homem estava muito sujo e desgrenhado. Calçava havaianas de sola já bem fininha e roupas indefinidas. Provavelmente era mais um morador de rua. E como morador de rua, usava a mesma calçada em que dormia para se expressar. Usava a calçada, único bem que lhe pertencia, como se fosse papel para desenhar ou escrever. Porque não há dúvida de que, ao desenhar, aquele homem estava escrevendo.
    Estava escrevendo a sua dificuldade para se comunicar. Preso dentro de um círculo, pouco adiantava que as setas apontassem em direção uma da outra. Ele não conseguia obedecer à ordem das setas, pois continuava contido pela linha que delimitava o círculo.
    Coisa idêntica dizia o segundo desenho, agora com um traço, uma parede, um muro, impedindo-o de obedecer ao comando das setas.
    Pode até ser que o homem, através de seus desenhos estivesse desenvolvendo uma teoria filosófica sobre a incomunicabilidade dos seres humanos. Que, se por um lado não conseguem viver sozinhos (significado das setas instando à comunicação), por outro lado não conseguem se entender (significado dos círculos e dos traços impeditivos).
    Avançando nessa teoria, chegaríamos à conclusão de que tudo o que é coletivo resvala no pessoal. Assim como os desenhos do homem, tão íntimos e pessoais, destinavam-se a quem quer que passasse naquela exata calçada de Ipanema.

Adaptado de: https://www.marinacolasanti.com/2021/09/filosofiaem-dois-desenhos.html [Fragmentos]. Acesso em: 18 set. 2021.

Considerando os aspectos linguísticos do texto de apoio e os sentidos por eles expressos, julgue o seguinte item. 


No 5° parágrafo, a oração intercalada “[...] há muitos anos responsável pelo sítio arqueológico [...]” poderia ser transposta para o final da frase, sem ocasionar alterações de sentido ao texto.

Alternativas
Comentários
  • Para responder a esta questão, exige-se conhecimento sobre semântica. O candidato deve indicar se a oração “[...] há muitos anos responsável pelo sítio arqueológico [...]” fosse transportada para o final não causaria mudança de sentido. Vejamos:

    "Trouxe de volta a louça que a arqueóloga franco-brasileira Niéde Guidon, há muitos anos responsável pelo sítio arqueológico, ensinou os locais a fazerem para terem uma fonte de subsistência."

    "Trouxe de volta a louça que a arqueóloga franco-brasileira Niéde Guidon ensinou os locais a fazerem para terem uma fonte de subsistência,  há muitos anos responsável pelo sítio arqueológico.

    A oração dentro da vírgula funciona como uma explicação de quem é "arqueóloga franco-brasileira Niéde Guidon", caso ela seja jogada para o final da oração, ficará sendo uma explicação de "uma fonte de subsistência". Ou seja, mudará o referente.

    Gabarito: ERRADO

  • Errado, pois vai ocasionar alterações de sentido ao texto.

  • Grosseiramente o sentido é alterado! Rsrs...

  • Errado, a expressão serve para completar um aposto:

    " A arqueóloga franco-brasileira Niéde Guidon, há muitos anos responsável pelo sítio arqueológico, ensinou os locais a fazerem para terem uma fonte de subsistência."

  • Assim seria...

    Trouxe de volta a louça que a arqueóloga franco-brasileira Niéde Guidon ensinou os locais a fazerem para terem uma fonte de subsistência, há muitos anos responsável pelo sítio arqueológico.

    Alterou o sentido.

  • GAB E

    Revisando >

    Orações Adverbiais deslocadas é sempre obrigatório a vírgula à Se estiver em ordem direta ou original seu emprego é facultativo.

    Adjuntos adverbiais de longa extensão deslocados devem ser isolados por vírgulas.

    Ex: Num tempo ainda anterior à minha infância, suponho que a resposta mais comum teria sido “Se você sair agora...”

    - Se for curta extensão, a vírgula é facultativa à Até duas palavras.

  • " A arqueóloga franco-brasileira Niéde Guidon, há muitos anos responsável pelo sítio arqueológico, ensinou os locais a fazerem para terem uma fonte de subsistência." --> Aqui a oração se referi à arqueóloga.

    " A arqueóloga franco-brasileira Niéde Guidon ensinou os locais a fazerem para terem uma fonte de subsistência, há muitos anos responsável pelo sítio arqueológico."--> Veja que aqui parece esta se referindo aos locais.

    qualquer erro me comuniquem no privado.

  • Trouxe de volta a louça que a arqueóloga franco-brasileira Niéde Guidonhá muitos anos responsável pelo sítio arqueológico, ensinou os locais a fazerem para terem uma fonte de subsistência."

    "Trouxe de volta a louça que a arqueóloga franco-brasileira Niéde Guidon ensinou os locais a fazerem para terem uma fonte de subsistência há muitos anos responsável pelo sítio arqueológico.

    A oração dentro da vírgula funciona como uma explicação de quem é "arqueóloga franco-brasileira Niéde Guidon", caso ela seja jogada para o final da oração, ficará sendo uma explicação de "uma fonte de subsistência". Ou seja, mudará o referente.

    Gabarito: ERRADO

  • Considerando os aspectos linguísticos do texto de apoio e os sentidos por eles expressos, julgue o seguinte item. 

    No 5° parágrafo, a oração intercalada “[...] há muitos anos responsável pelo sítio arqueológico [...]” poderia ser transposta para o final da frase, sem ocasionar alterações de sentido ao texto.

    5º§ Segui adiante refletindo sobre o que havia presenciado. A primeira coisa que me veio à cabeça foi a Serra da Capivara, que visitei numa ida a Teresina para algum congresso ou palestra. (eu) Trouxe de volta a louça que a arqueóloga franco-brasileira Niéde Guidon, há muitos anos responsável pelo sítio arqueológico, (ela) ensinou os locais a fazerem para terem uma fonte de subsistência. Louça com impressos os mesmos desenhos estampados na rocha, que se acredita serem vestígios de uma cultura paleoamericana. Pois, como um ser primitivo, o homem havia estampado seus pensamentos e sua visão interior na mais moderna das rochas: o cimento.

    O aposto poderá ter natureza de explicação e sempre terá a equivalência semântica em que x=y; mas nem sempre será somente aposto. Em relação ao contexto destacado não é aposto. O termo intercalado explica que a Niéde Guidon é/foi muitos anos responsável pelo sítio arqueológico, Sim? Certo! Mas também há verbo, meus coleguinhas, amiguinhos! rsrs.

    Vamos realizar a sintaxe do trecho em busca do valor adjetivo da oração: “é uma arqueóloga franco-brasileira, mas não é uma arqueóloga qualquer, é uma arqueóloga a qual foi responsável pelo sítio arqueólogo há muitos anos. Perceberam? O pron. relativo também entrega a classificação da oração. Oração Subordinada Adjetiva explicativa, as vírgulas intercalam a oração.

    Esqueçam o 1º período (eu trouxe a louça). Vejam como a oração adjetiva pode ser alterada: “Niéde Guidon a qual há muitos anos responsável pelo sítio arqueológico ensinou os locais a fazerem para terem (fazerem o quê? A louça, referente textual; quem terem? Eles, Eles quem? Referente textual é os locais; pelo meu entendimento deve ser o pessoal local) uma fonte de subsistência (sustento).

    Só foi para obrigar o nosso cérebro a decorar menos. “Tenta entender, tenta entender, TENTA ENTENDER!” – “os exercícios servem para errar!” “Para que mais servem exercícios, meu irmão?” “Não entendeu? Decora!” Prof. Márcio Flávio.

  • Muda o referente, logo muda-se o sentido!

  • O sentido é alterado, e não é pouco não! kkkkkk

    . Sem vírgula: reStritiva

    . Com vírgula: expliCativa -> Caso em questão, onde logo após a vírgula faz uma explicação sobre a arqueóloga: há muitos anos responsável pelo sítio arqueológico.

    Gab. Errado.

  • Sem vírgula: reStritiva.

     Com vírgula: expliCativa

    Gabarito E

  • Falou em SENTIDO veja se o REFERENTE foi alterado.

    No exemplo abaixo houve alteração do sentido.

    Calcula-se que, em 2011, 1 milhão de turistas viajaram.  Eles viajaram em 2011

    Em 2011, calcula-se que 1 milhão de turistas viajaram.  O cálculo foi feito em 2011. 

  • Não é possível deslocar, pois trata-se de um aposto explicativo

  • o sentido é alterado