SóProvas


ID
5568373
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
FUNPRESP-JUD
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Filosofia em dois desenhos

    Fui caminhar. E na calçada me deparei com um estranho indivíduo. Carregava um saco plástico enorme que, pelo perfil do conteúdo, calculei estivesse cheio de latinhas. Mal acabei de pensar, o homem se acocorou na calçada. Extraiu de alguma parte uma pedra branca parecendo ser cal prensada, e com ela começou a desenhar no cimento.
    Parei para ver, atraída pelo ritual que se esboçava. O homem desenhou dois círculos um diante do outro, quase encostados, e dentro deles desenhou duas setas convergentes.
    Levantou-se, olhou sua obra com satisfação, andou cinco ou seis passos e, novamente, se acocorou. Continuava com a pedra de cal na mão.
    Mas o desenho que fez foi diferente. Riscou dois traços, colocados na mesma distância dos dois círculos, e atrás deles desenhou duas setas que apontavam uma para a outra.
    Segui adiante refletindo sobre o que havia presenciado. A primeira coisa que me veio à cabeça foi a Serra da Capivara, que visitei numa ida a Teresina para algum congresso ou palestra. Trouxe de volta a louça que a arqueóloga franco-brasileira Niéde Guidon, há muitos anos responsável pelo sítio arqueológico, ensinou os locais a fazerem para terem uma fonte de subsistência. Louça com impressos os mesmos desenhos estampados na rocha, que se acredita serem vestígios de uma cultura paleoamericana. Pois, como um ser primitivo, o homem havia estampado seus pensamentos e sua visão interior na mais moderna das rochas: o cimento.
    Havia reparado que o homem estava muito sujo e desgrenhado. Calçava havaianas de sola já bem fininha e roupas indefinidas. Provavelmente era mais um morador de rua. E como morador de rua, usava a mesma calçada em que dormia para se expressar. Usava a calçada, único bem que lhe pertencia, como se fosse papel para desenhar ou escrever. Porque não há dúvida de que, ao desenhar, aquele homem estava escrevendo.
    Estava escrevendo a sua dificuldade para se comunicar. Preso dentro de um círculo, pouco adiantava que as setas apontassem em direção uma da outra. Ele não conseguia obedecer à ordem das setas, pois continuava contido pela linha que delimitava o círculo.
    Coisa idêntica dizia o segundo desenho, agora com um traço, uma parede, um muro, impedindo-o de obedecer ao comando das setas.
    Pode até ser que o homem, através de seus desenhos estivesse desenvolvendo uma teoria filosófica sobre a incomunicabilidade dos seres humanos. Que, se por um lado não conseguem viver sozinhos (significado das setas instando à comunicação), por outro lado não conseguem se entender (significado dos círculos e dos traços impeditivos).
    Avançando nessa teoria, chegaríamos à conclusão de que tudo o que é coletivo resvala no pessoal. Assim como os desenhos do homem, tão íntimos e pessoais, destinavam-se a quem quer que passasse naquela exata calçada de Ipanema.

Adaptado de: https://www.marinacolasanti.com/2021/09/filosofiaem-dois-desenhos.html [Fragmentos]. Acesso em: 18 set. 2021.

Considerando os aspectos linguísticos do texto de apoio e os sentidos por eles expressos, julgue o seguinte item. 

Na frase “Levantou-se, olhou sua obra com satisfação, andou cinco ou seis passos e, novamente, se acocorou.”, ocorrem quatro orações coordenadas entre si, no entanto elas não retomam o mesmo referente como sujeito das ações expostas.

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: errado

    Solicita-se julgamento da assertiva sobre a passagem:

    “Levantou-se/, olhou sua obra com satisfação/, andou cinco ou seis passos/ e, novamente, se acocorou.”

    Possuímos na construção quatro orações coordenadas em adição, conforme indicam as barras dispostas acima, mas é incorreto afirmar que retomam sujeitos diferentes. Da leitura é possível perceber que todas as ações descritas retomam um mesmo sujeito, ao qual, na passagem, não temos acesso.

  • Para responder a esta questão, exige-se conhecimento em orações coordenadas e termos de coesão. Vejamos:

    Duas afirmações foram feitas: as orações são coordenadas entre si e não retomam o mesmo referente.

    "Parei para ver, atraída pelo ritual que se esboçava. O homem desenhou dois círculos um diante do outro, quase encostados, e dentro deles desenhou duas setas convergentes.

        Levantou-se,/ olhou sua obra com satisfação/, andou cinco ou seis passos/ e, novamente, se acocorou." 

    As orações apresentadas são todas independentes sintaticamente, ou seja, sua estrutura está completa sem depender de outra. Assim, são chamadas de orações coordenadas.

    Quanto à segunda afirmação, não é correto dizer que não possui o mesmo referente. Quem se levantou? O homem. Quem olhou sua obra com satisfação? O homem. Quem andou cinco ou seis passos? O homem. Quem novamente se acocorou? O homem. 

    Portanto, o erro foi dizer que não possuem o mesmo referente, pois o sujeito dessas orações se apresenta em outra parte do texto, isto é, em outro parágrafo.

    Gabarito: ERRADO

  • Quem se levantou? O homem. Quem olhou sua obra com satisfação? O homem. Quem andou cinco ou seis passos? O homem. Quem novamente se acocorou? O homem.

  •  "Parei para ver, atraída pelo ritual que se esboçava. O homem desenhou dois círculos um diante do outro, quase encostados, e dentro deles desenhou duas setas convergentes."

       

    estão presentes as orações coordenadas descrita na questão.

     Levantou-se, olhou sua obra com satisfação, andou cinco ou seis passos e, novamente, se acocorou. Continuava com a pedra de cal na mão.

    O homem Levantou-se

    O homem olhou sua obra com satisfação

    O homem andou cinco ou seis passos

    O homem se acocorou

    aqui podemos ver melhor o mesmo sujeito em todas as orações, mesmo estando em um período anteriormente descrito.

  •  O homem desenhou dois círculos um diante do outro, quase encostados, e dentro deles desenhou duas setas convergentes.

        Levantou-se, olhou sua obra com satisfação, andou cinco ou seis passos e, novamente, se acocorou. Continuava com a pedra de cal na mão.

    o homem levantou-se, olhou sua obra com satisfação, andou cinco ou seis passos e, novamente, se acocorou.

  • Na frase “Levantou-se, olhou sua obra com satisfação, andou cinco ou seis passos e, novamente, se acocorou.”, ocorrem quatro orações coordenadas entre si, no entanto elas não retomam o mesmo referente como sujeito das ações expostas.

    Certo

    Errado, retomam o mesmo referente. Quem levantou? ELE. Quem olhou? ELE. Quem andou? ELE. Quem acocorou? ELE.

    Sujeito elíptico, oculto ou desinencial com referente textual. No caso em destaque, o homem.

  • Boa tarde, adquiri o Novo plano Premium Plus e gostaria de obter o estudo dirigido o qual eu escolho o edital e o Qconcursos monstra tudo que eu preciso estudar. Escolhi o Edital 001/2022 do IV Concurso Público da Defensoria Pública do Estado do Paraná 2022, mas até agora não obtive resposta. Obrigado

  • ELE- OU,OU,OU e OU

  • no caso seria uma oração coordenada assindética ??

  • Retomam a ELE tem valor igual ao HOMEM portanto ele não é indeterminado .

    Rumo a PPDF com a glória de deus !

  • ERRADO

    O erro da questão está em "Elas não retomam o mesmo referente"

    As orações se referem ao mesmo sujeito, no caso em questão o HOMEM, porém o SUJEITO está OCULTO.

    ->O homem se levantou, olhou, andou e se escorou, ou seja refere-se ao mesmo REFERENTE

  • GABARITO: ERRADO

    Basta fazer a releitura adicionando o pronome “ELE” e perceber que todas as orações retomam, ou fazem referência, AO HOMEM.

    Pois, ele se levantou, ele olhou sua obra com satisfação, ele andou cinco ou seis passos, ele novamente se acocorou. 

    pertencelemos!

  • A partícula SE faz referência ao sujeito mesmo ele estando OCULTO consigo trocá-la por ele/ela; sendo esse ´´SE´´ um pronome oblíquo atono. CONSIGO ACHAR O SUJEITO NA DESINÊNCIA NUMERO PESSOAL. que fala que é ELE no Pretérito Perfeito. Caso esteja erro por favor corrija-me.