SóProvas


ID
5577598
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
COREN-SE
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto CG1A1-I
     O conceito de saúde reflete a conjuntura social, econômica, política e cultural. Ou seja: saúde não representa a mesma coisa para todas as pessoas. Dependerá da época, do lugar, da classe social. Dependerá de valores individuais e de concepções científicas, religiosas, filosóficas. O mesmo, aliás, pode ser dito das doenças. Aquilo que é considerado doença varia muito.
     Real ou imaginária, a doença é um antigo acompanhante da espécie humana, como o revelam pesquisas paleontológicas. Múmias egípcias apresentam sinais de doença (como, por exemplo, a varíola do faraó Ramsés V). Não admira que, desde muito cedo, a humanidade se tenha empenhado em enfrentar essa ameaça, e de várias formas, baseadas em diferentes conceitos do que vem a ser a doença (e a saúde). Assim, a concepção mágico-religiosa partia, e parte, do princípio de que a doença resulta da ação de forças alheias ao organismo que neste se introduzem por causa do pecado ou de maldição.
     A medicina grega representa uma importante inflexão na maneira de encarar a doença. É verdade que, na mitologia grega, várias divindades estavam vinculadas à saúde. Os gregos cultuavam, além da divindade da medicina, Asclepius ou Aesculapius (que é mencionado como figura histórica no poema épico Ilíada), duas outras deusas, Higieia, a Saúde, e Panacea, a Cura. Higieia era uma das manifestações de Athena, a deusa da razão, e o seu culto, como sugere o nome, representa uma valorização das práticas higiênicas. Se Panacea representa a ideia de que tudo pode ser curado — uma crença basicamente mágica ou religiosa —, deve-se notar que a cura, para os gregos, era obtida pelo uso de plantas e de métodos naturais, e não apenas por procedimentos ritualísticos.
Moacyr Scliar. História do conceito de saúde. In: Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 17, n.º 1, 2007, p. 29-41 (com adaptações).

Sem prejuízo da correção gramatical e dos sentidos do texto CG1A1-I, poderia ser suprimida a vírgula empregada imediatamente antes do termo

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: A

    a) “como”, no primeiro período do segundo parágrafo. → Correto.

    • Trecho: "Real ou imaginária, a doença é um antigo acompanhante da espécie humana [ , ] como o revelam pesquisas paleontológicas". 

    ➥ Pessoal, como temos uma Oração Subordinada Adverbial Conformativa (como o relevam pesquisas → conforme pesquisas o revelam) na ordem direta, poderíamos dispensar a vírgula antes do "como". O Pestana diz: "A vírgula é facultativa quando as orações subordinadas adverbiais vem após as principais: "Gostei muito, quando comprei o material" OU "gostei muito quando comprei o material".

    ➥ Lembrando que, se a oração estivesse deslocada, a vírgula seria obrigatória (quando comprei o material, gostei muito).

     

    b) “deve-se”, no último período do terceiro parágrafo. → Errado.

    • Trecho: "Se Panacea representa a ideia de que tudo pode ser curado — uma crença basicamente mágica ou religiosa — [ , ] deve-se notar que a cura, para os gregos, era obtida pelo uso de plantas e de métodos naturais, e não apenas por procedimentos ritualísticos".

    ➥ Não poderíamos retirar a vírgula antes do verbo "deve-se". Por quê? Veja que temos uma Oração Subordinada Adverbial Condicional DESLOCADA (Se Panacea representa (caso...) a ideia de que tudo pode ser curado (...), deve-se notar) . Neste caso, a vírgula é obrigatória.

     

    c) “desde”, no terceiro período do segundo parágrafo.

    • Trecho: "Não admira que [ , ] desde muito cedo, a humanidade se tenha empenhado em enfrentar essa ameaça"

    ➥ Não poderíamos retirar a vírgula aqui também. Temos um adjunto adverbial temporal (a humanidade se empenhou quando? desde muito cedo) de longa extensão e, neste caso, a vírgula é obrigatória nos dois lados.

    ➥ Lembrando que a ABL (Academia Brasileira de Letras) considera um adjunto como de longa extensão quando há 3 ou mais palavras. Essa é também a visão do CESPE, conforme você pode observar nestas daqui:

    1. Q83590 (STM - Analista)
    2. Q298550 (CNJ - Técnico Judiciário)

     

     d) “duas”, no terceiro período do terceiro parágrafo. → Errado.

    • Trecho: Os gregos cultuavam [ , ] além da divindade da medicina, Asclepius ou Aesculapius (que é mencionado como figura histórica no poema épico Ilíada), duas outras deusas, Higieia, a Saúde, e Panacea, a Cura. 

    ➥ Novamente, não podemos retirar a vírgula, pessoal, pois temos uma Oração Coordenada Sindética Aditiva (veja a conjunção aditiva "além de"). Como ela está deslocada, colocamos vírgulas nos dois lados da oração.

     

    Finalizando: Para quem quiser decorar quais são as conjunções coordenativas, vai o macete da professora Flávia Rita:

    • Conjunções coordenativas (ECAAA Explicativas, Conclusivas, Aditivas, Alternativas e Adversativas),

    ➥ Há também a tabelinha dela com as principais conjunções: 

    i.pinimg.com/originals/34/cc/ef/34ccefded0e5ead5c68cba582c5a69e9.png

     

    Espero ter ajudado.

    Bons estudos! :)

  • Questão que exige um bom nível de concentração :

    Vírgula

    • A vírgula é obrigatória antes das conjunções adversativas - É facultativa depois dessas conjunções, exceto “mas”.

    - As conjunções adversativas, exceto “mas”, podem ser deslocadas - Se forem deslocadas, deverão ser isoladas.

     

    Orações Adverbiais deslocadas é sempre obrigatório a vírgula - Se estiver em ordem direta ou original seu emprego é facultativo.

    Adjuntos adverbiais de longa extensão deslocados devem ser isolados por vírgulas.

    Ex: Num tempo ainda anterior à minha infância, suponho que a resposta mais comum teria sido “Se você sair agora...”

    - Se for curta extensão, a vírgula é facultativa - Até duas palavras.

     

    Proibido separar o sujeito do verbo.

    Apenas complementando o baita comentário do amigo .

  • SUJEITO+VERBO+COMPLEMENTO, ADJUNTO.( VIRGULA FACULTATIVA NO FINAL DO PERÍODO)

    SVC+, ADJUNTO.

    LETRA A

  • GABARITO - A

    Acrescentando aos nobres colegas...

    Seguindo o método do Pestana.

    Quando temos travessões com vírgulas, ignoramos os primeiros e o que há neles e devemos analisar se há um motivo para uso de vírgulas.

    Redação original:

    Se Panacea representa a ideia de que tudo pode ser curado — uma crença basicamente mágica ou religiosa —, (...)

     Se Panacea representa a ideia de que tudo pode ser curado , (...)

    panecea .....

  • A letra "a" é o gabarito, pois a vírgula está separando uma oração subordinada adverbial conformativa, a qual se entra no final do período, tornando seu uso opcional. Se essa oração conformativa iniciasse o período, o uso da vírgula seria obrigatório.

    A letra "b" está errada pois a vírgula empregada antes do "deve-se" isola uma oração condicional (Se Panacea representa...), a qual está iniciando o período. Nesse caso, o uso da vírgula é obrigatório.

    A letra "c" está errada pois a vírgula empregada antes do "desde" isola uma expressão intercalada (desde muito cedo) e tal vírgula faz par com a vírgula empregada após "cedo".

    A letra "d" está errada pois a vírgula empregada antes de "duas" isola uma oração coordenada aditiva iniciada pela expressão "além da".

    Se tiver erro, comunique-me.