SóProvas


ID
5637958
Banca
VUNESP
Órgão
DAEM
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Nada é de graça e, se for, desconfie


        A Muralha da China não é vista da Lua, e a tomada do padrão antigo não vai voltar. Se você acreditou em notícias falsas como essas, eu sei como elas chegaram até você: de graça, por meio das redes sociais, de sites gratuitos de “notícias”.

        Informação de qualidade não tem como ser de graça, pois existe algo inexorável no mundo da comunicação: conteúdo de qualidade custa. Jornalismo custa. E alguém precisa pagar a conta.

        No Brasil, por décadas, a liberdade – e a qualidade – do jornalismo foi garantida por um modelo que se viu ameaçado nos últimos anos.

        O modelo funciona assim: clientes contratam agências de propaganda, que anunciam nos veículos, que, por sua vez, podem investir em jornalismo isento, contratando bons profissionais.

        Por que esse modelo é tão importante?

        Primeiro: ele garante o fortalecimento das agências e a qualidade do conteúdo da propaganda.

        Segundo: a publicidade ajuda a garantir a independência econômica (que traz a independência de opinião) dos veículos de comunicação.

        Terceiro: países onde a imprensa não recebe investimento privado e depende do governo têm a sua democracia ameaçada.

        Mas veio a revolução das redes sociais e todo mundo virou youtuber, blogueiro, digital influencer. O investimento publicitário começou a migrar para esses novos canais, muito mais pulverizados.

        Ao contrário do que se sonhava nas faculdades de jornalismo, essa revolução não democratizou a informação, popularizando os meios de comunicação. Na verdade, ela sucateou a informação e ameaçou o jornalismo de verdade. E as fontes de fake news foram se espalhando, impulsionadas por likes e compartilhamentos.

        Agora, o mundo percebeu que as fake news não eram tão inofensivas assim. E essa reflexão começou a trazer resultados. Os mais espertos passaram a procurar fontes melhores para se informar.

        Nos EUA, o hábito de leitura de jornais tradicionais, na versão impressa ou digital, aumentou entre as faixas etárias mais jovens.

        Aqui, em 2016, os onze maiores jornais registraram um crescimento de 16,6% em assinaturas digitais, segundo o IVC (Instituto Verificador de Comunicação).

        Com a volta dos assinantes, uma verdade fica cada vez mais clara: o que é de graça não funciona. Conteúdo de qualidade custa. Mas é uma ótima relação custo-benefício. Benefício para o mercado e para a sociedade.

(Mario d’Andrea. Folha de S. Paulo, 26.09.2017. Adaptado)

Considere os trechos do texto.


• Informação de qualidade não tem como ser de graça, pois existe algo inexorável no mundo da comunicação... (2º parágrafo)

Mas é uma ótima relação custo-benefício. (último parágrafo)


Os termos destacados expressam, correta e respectivamente, as ideias de: 

Alternativas
Comentários
  • I - Informação de qualidade não tem como ser de graça, pois existe algo inexorável no mundo da comunicação... (2º parágrafo)

    A conjunção "pois" encabeça uma oração subordinada adverbial causal e equivale às locuções "já que" e "visto que" e à conjunção "como" (introduzindo a oração). Note que ela, a conjunção "pois", não está isolada por vírgulas, de modo que seu sentido ou é causal (caso em tela) ou é explicativo (quando encabeçar uma oração coordenada sindética explicativa).

    II - Mas é uma ótima relação custo-benefício. (último parágrafo)

    A conjunção "mas" denota adversidade, contraste. Pode ser trocada por uma infinidade de conjunções e locuções adversativas: todavia, porém, contudo, entretanto, no entanto, não obstante.

    Letra D