No momento em que escrevo estas linhas, o Brasil parece que começa a deixar para trás o pior da
pandemia: bares e restaurantes já não têm mais limitações em seu funcionamento, “você já se vacinou?” é uma
frase que usamos na abertura de nossas conversas, as reuniões presenciais são cada vez menos estranhas e
o trânsito paralisa o fluxo novamente nas grandes cidades. Ainda que nosso modo de vida pareça voltar ao
ponto anterior ao pequeno ensaio de apocalipse que vivemos recentemente, algo dá a impressão de estar
deslocado. O mundo não parece estar voltando ao “normal”. Se antes da pandemia dizíamos que de perto
ninguém é normal, hoje definitivamente dá pra dizer que de longe já dá pra sacar que estamos
irremediavelmente anormais.
(GUERRA, Facundo. Nunca fomos normais. Pequenas empresas & grandes negócios. São Paulo:
Ano 31. Ed. 390, set. 2021. Editora Globo. p. 24-25. Fragmento adaptado.)
As aspas utilizadas no termo “normal” indicam que