SóProvas


ID
637255
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Congonhas - MG
Ano
2010
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Para fugir à armadilha da simplificação 
Os crimes bárbaros abalam nossa confiança no futuro. Para controlar a angústia, somos tentados a formular hipóteses simplificadoras sobre a insegurança pública e as causas da criminalidade. As explicações reducionistas ajudam a exorcizar o medo, mas não contribuem para esclarecer a complexidade da violência, em nossa sociedade. No repertório das especulações, as campeãs são: “mais polícia na rua”, “pobreza”, “desigualdade” e “vontade política”. 
  Mais polícia? Pesquisas internacionais mostram que mais do mesmo não resolve. Se a presença não se orientar por diagnósticos precisos e por novas metodologias, não adianta. Por falar em policiamento ostensivo, nós todos ficamos chocados quando policiais escolhem os pobres e, entre eles, os negros para revistar, numa blitz. Afinal, esse procedimento fere nossas convicções humanistas e igualitárias. Entretanto, achamos perfeitamente natural e até edificante que políticos bem intencionados digam que o crime é consequência da pobreza. Alguém já parou para pensar nesse paradoxo? 
  Outro argumento que logo ocorre a quem é sensível aos dramas sociais aponta para a desigualdade como a causa do crime. Mas essa hipótese tampouco se sustenta. Há muitos exemplos de nações desiguais, inclusive sociedades de castas e monarquias profundamente hierarquizadas, com poucos crimes. O fato é que nossos comportamentos sociais são aprendidos, assimilados no processo espontâneo da educação. Nenhum fator social age sozinho ou diretamente sobre nós. Entre o fator social e nossos atos, há os valores que introjetamos desde a infância, há nossas emoções e a cultura, ou seja, o modo pelo qual nosso grupo decifra a realidade em que vive e autoriza ou inibe reações violentas. Se é assim, a violência e o crime que praticamos são comportamentos nos quais somos educados. Pelas mesmas razões, pode haver uma educação para a paz. 
  Outra tese que faz sucesso, talvez porque permita farta manipulação política, é aquela que atribui a insegurança à falta de “vontade política” das autoridades. Como se os gestores públicos soubessem muito bem como resolver os problemas e deixassem de fazê-lo por inapetência ou desapreço pelo cumprimento do dever. Essa acusação traz consigo a suposição mistificadora de que os críticos, se estivessem no poder, saberiam exatamente o que fazer. E, dado que têm vontade, resolveriam os problemas. 
  Para evitar esses equívocos, é preciso pensar toda essa problemática com mais espírito crítico e humildade intelectual. As explicações para a violência e o crime não são fáceis. Sobretudo, é necessário evitar a armadilha da generalização. Não existe o crime, no singular. Há uma diversidade imensa de práticas criminosas, associadas a dinâmicas sociais muito diferentes. Por isso, não faz sentido imaginar que seria possível identificar apenas uma causa para o universo heterogêneo da criminalidade. Os roubos praticados nas esquinas por meninos pobres, que vivem nas ruas cheirando cola, abandonados à própria sorte, sem acesso à educação e ao amor de uma família que os respeite, evidentemente expressam esse contexto cruel. É claro que esses crimes são indissociáveis desse quadro social. 
  O mesmo vale para o varejo das drogas, nas periferias: juventude ociosa e sem esperança é presa fácil para os agenciadores do comércio clandestino de drogas. Não é difícil recrutar um verdadeiro exército de jovens, quando se oferecem vantagens econômicas muito superiores às alternativas proporcionadas pelo mercado de trabalho e benefícios simbólicos que valorizam a autoestima, atribuindo poder aos excluídos. Por outro lado, os operadores do tráfico de armas, que atuam no atacado, lavando dinheiro no mercado financeiro internacional, não são filhos da pobreza ou da desigualdade. Suas práticas são estimuladas pela impunidade. 
  Em outras palavras, pobreza e desigualdade são e não são condicionantes da criminalidade, dependendo do tipo de crime, do contexto intersubjetivo e do horizonte cultural a que nos referirmos. Esse quadro complexo exige políticas sensíveis às várias dimensões que o compõem. É tempo de aposentar as visões unilaterais e o voluntarismo.
(Luiz Eduardo Soares, Revista Veja. São Paulo, Abril, 30 de janeiro de 2002

Observe a palavra em destaque nos trechos a seguir:

I. “Se é assim,...” (3º§)

II. “... se estivessem no poder,...” (4º§)

III. “... se oferecem vantagens econômicas muito superiores às alternativas proporcionadas pelo mercado de trabalho...” (6º§)

A palavra “se”, destacada nas frases anteriores, indica hipótese apenas em:

Alternativas
Comentários
  • Para mim aqui está faltando o resto dos itens de resposta. Tem apenas I, II e III
  • I. “Se é assim,...” (3º§)   pode- se subentender que o SE é  causal(Já que). CAUSAIS (exprimem causa):  porque, como, uma vez que, visto que, já que, etc. Dá para forçar um pouco a barra e enxerga-lo como condicional.....;

    II. “... se estivessem no poder,...” (4º§)   o SE é condicional(caso). CONDICIONAIS (exprimem condição ou hipótese): se, caso, desde que, contanto que, salvo se, sem que, dado que, a menos que, a não ser que, etc.;

    III. “... se oferecem vantagens econômicas muito superiores às alternativas proporcionadas pelo mercado de trabalho...” (6º§)  pronome apassivador


    De encontro ao julgamento da banca, vejo somente a II como hipótese.

  • verifiquei o gabarito da prova e realmente a resposta é a letra B

  • Não concordo.

  • O termo ''Se é assim'' dá ideia de conclusão, e não de hipótese. Logo, a opção correta é a B.

  • Vantagens econômicas SÃO oferecidas ...VOZ PASSIVA ANALÍTICA

     

    se   (PA) oferecem vantagens econômicas     VOZ PASSIVA SINTÉTICA

     

     

     

    -   VOZ PASSIVA  ANALÍTICA:           A BICICLETA               FOI UTILIZADA         POR CARLOS

                                                                   Sujeito             (locução verbal)                     Agente da passiva    

     

    -   VOZ  PASSIVA SINTÉTICA:               UTILIZOU-SE           A         BICICLETA 

                                                          (PRONO. APASSIVADOR)

     

     

     

    ITEM I e II       CONDICIONAL                        SE       =    CASO   QUANDO     SE      =   CASO VOCÊ ESTUDAR, PASSARÁ

                                                                                                               SE FICAR FAMOSO

                                                                   CONJUNÇÃO CONDICIONAL   =     CASO 

     

    Q495057      Q332590  Q696650

    E, se = CASO   formos diferentes, quem sabe aqui e ali…

    CASO =   se alguém chegar perto de mim.

     

    Q696516

                    sentem seguros somente se  =   QUANDO conectados a essas redes                 

     

    ITEM  III -    quando se oferecem  =  PRONOME OBLÍQUO ÁTONO    SE SE =  CASO SE

               

    PA     =  PLURAL      (VTD e VTDI)           

        

    PIS    =   SINGULAR    (VTI, VI e VL )         

     

  • Opção I dá ideia de causa. Para ser condicional, o verbo seguinte ao "se" deve estar na subjuntivo " Se for assim...". No caso da alternativa, a expressão " se é assim" pode ser substituída por " já que é assim(...)então(...)", dando ideia de causa e de lógica entre as orações. Esse entendimento ja vem sendo adotado pelas bancas maiores como FCC, ESAF e CESPE. Minha resposta é B. Discordo do gabarito.

  • O item II dá pra identificar o "Se" como condicional (ideia de hipótese) pq existe a correlação verbal dos verbos no futuro do pretérito e pretérito imperfeito do subjuntivo que também denotam hipótese. Toda vez que ocorrer frases desse tipo terá ideia de hipótese.

  • Sendo assim = idéia de conclusão.