SóProvas


ID
916534
Banca
FUNCAB
Órgão
PC-ES
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto 1:

        Primeira experiência em tantas viagens: o piloto do enorme avião que me levava era uma mulher. Jovem, não muito alta, bonita e alegre – por que pensei que mulher comandante (recuso termos como pilota e comandanta) teria que ser grandona feito eu, e sisuda? Minha surpresa, nascida do preconceito inconsciente, passou para alegria: olha ela ali, casada, com filhos pequenos, sem ar de mãe culpada ou profissional, tendo de mostrar ferozmente sua competência. Nela se viam naturalidade, segurança e simpatia. 
        No meu encontro com altas executivas, aquele incidente acabou simbólico. A gente pode aprender e assimilar muita coisa: neste momento nós, mulheres e homens, enfrentamos muitas novidades, num mundo fascinante, vertiginoso, belo e às vezes cruel. Com tecnologias efêmeras e atordoantes, estamos condenados à brevidade, à transitoriedade, depois de séculos em que os usos e costumes duravam muitos anos, e qualquer pequena mudança causava um alvoroço. A convivência de homens e mulheres também mudou, muitíssimo, tema para muita literatura e seminários, fonte de muitos problemas pessoais. Mudanças trazem o stress nosso de cada dia.
       Eu devia falar sobre a carreira na vida de uma mulher, e seus desafios. Em muitas empresas as mulheres trabalham ombro a ombro com colegas homens, e eventualmente assumem cargos de comando. Como agimos, como nos portamos, como nos reinventamos, nós homens e mulheres? Estamos criando novas parcerias: se homens, enfrentando às vezes o comando de uma mulher; se mulheres, tentando descobrir como lidamos com o poder. Poder e dinheiro, dois fatores novos para nós, interligados e ainda inusitados. Conheço mulheres altamente capacitadas, com bons cargos e salários invejáveis, que no fim do mês entregam o dinheiro ao marido, ou têm uma conta conjunta que ele maneja, “para que ele não se sinta mal por eu ganhar mais.” Realmente, essa mulher com poder precisa de um parceiro com muito caráter, seguro e bem-humorado, para que o convívio faça crescer os dois, com cumplicidade e alegria. 
      Quando eu era adolescente, minhas tias e avós, achando que eu lia demais, profetizavam que eu “não conseguiria marido”, pois “os homens não gostam de mulheres muito inteligentes”. Hoje, celebro os tempos em que ser inteligente ou ter algum conhecimento não precisa ser escondido pelo arcaico medo de “ficar sozinha”. Tendo por escolha, sorte e acaso uma vida profissional sem patrão ou colegas diretos, admiro a diária superação das mulheres que ocupam cargo de mando. Pois se – além de sermos consideradas seres humanos (nem sempre fomos), hoje podemos votar, estudar, trabalhar, controlar o número de filhos e até escapar de casamentos infelizes –, assumimos muito conflito e confusão, os sentimentos humanos continuam os mesmos. Todos queremos dar algum sentido à nossa vida, queremos nos sentir importantes ao menos para alguém, desejamos realizações, mas também aconchego e escuta amorosa. 
      Como conciliamos as mais atávicas e legítimas emoções com as exigências duríssimas de trabalho? Nem sempre temos como deixar as crianças bem atendidas, mesmo tendo a melhor babá ou escolinha; se antes o marido chegava cansado, hoje muitas vezes marido e mulher voltam do trabalho exaustos e tensos. Nem sempre temos na vida pessoal ou no trabalho o parceiro que nos entende, apoia e aprecia, em vez de nos lançar vagas ironias ou quem sabe tentar nos boicotar – coisas que aos poucos desaparecem, pois também os homens estão aprendendo esse novo convívio.
    “Os homens estão assustados com essa mulher que está surgindo?”, perguntam-me seguidamente, e digo: “Os bobos se assustam, ironizam, procuram nos diminuir; os inteligentes – que são os que nos interessam – hão de gostar de ter no trabalho uma colaboradora e em casa uma boa parceira, em lugar de uma funcionária ou gueixa aturdida e queixosa”. Como resolver tudo isso? Vivendo e enfrentando com alguma grandeza esses novos tempos e essas novas gentes que somos agora. (LUFT, Lya. “Homens, mulheres e poder”. Rev. Veja: 19/12/2012, p. 26.) 

O adjetivo em destaque é predicativo do objeto direto – como em: “Achei-a bonita” – na seguinte alternativa:

Alternativas
Comentários
  • LETRA D de DETERMINAÇÃO.

    O adjetivo em destaque é predicativo do objeto direto – como em: “Achei-a
    bonita” – na seguinte alternativa:

    D) Nem sempre temos como deixar as crianças bem ATENDIDAS (§ 5)

    A pegadinha da LETRA C é porque é predicativo do objeto indireto:


    C) os homens não gostam de mulheres muito INTELIGENTES (§ 4)
  • Adjunto adnominal qualifica, determina um nomo permanentemente.
    Predicativo do objeto qualifica, determina um nome de forma transitória.

    Não tenho certeza dessas classificação, mas fiz assim:
    A) SIMBÓLICO é predicativo do sujeito de AQUELE INCIDENTE.
    B) CAPACITADAS está qualificando, determinando MULHERES permanentemente, não são quaisquer mulheres que eu conheço, são mulheres capacitadas. Adjunto adnominal
    C) INTELIGENTES está qualificando, determinando MULHERES permanentemente, não são quaisquer mulheres que os homens não gostam, são mulheres inteligentes. Adjunto Adnominal
    E) CANSADO é predicativo do sujeito de O MARIDO.

    D)ATENDIDAS se relaciona com CRIANÇAS, mas não é uma qualificação permanete delas, é temporária. Portanto Predicativo do Objeto
  • Por que a Letra B está errada?
    Conheço mulheres altamente CAPACITADAS, com bons cargos e salários invejáveis (§ 3)
    Sujeito = Eu,  
    Conheço = VTD mulheres = OD altamente = Ad. Adverbial capacitadas = Predicativos do objeto direto
  • Segue justificativa da banca:


    Em “não gostam de mulheres muito inteligentes”, “muito” intensifica o sentido do adjetivo 
    “inteligentes”. Trata-se de um advérbio, palavra, como se sabe, invariável: “muito 
    inteligente” / “muito inteligentes”. Nas demais alternativas, encontram-se pronomes 
    indefinidos funcionando sintaticamente como adjuntos adnominais, isto é, adjuntos de 
    nomes substantivos.


     
  • Alguém poderia explicar melhor a questão?
    Eu ainda não entendi.
    Obrigado!
  • Olá, pessoal!!
    Vim a pedido de Morgan Cardoso!! 


    Acredito que a questão tenha duas respostas: letras "B" de Bola e "D" de Dado!

    Ela quer que marquemos a alternativa cujo termo destacado seja predicativo do objeto direto.

    John, mas que danado é esse tal de 
    predicativo do objeto direto??? Calma aí, que vou explicar! hehe

    Aprendamos primeiro o que é predicativo: é o termo que confere (ao sujeito ou ao objeto) uma qualidade! 
    1º Exemplo: Maria é linda.
    "Maria" é o sujeito da oração. O termo "é" (verbo ser) é verbo de ligação. A palavra "linda" é uma qualidade do sujeito, que é Maria. Portanto, dizemos que "linda" é predicativo do sujeito.

     Exemplo: Eu conheci uma mulher educada.
    "Eu" é o sujeito da oração. O termo "conheci" é um verbo(uma ação) transitivo(exige complemento) direto(tal complemento vem sem preposição)O resto da frase é o complemento do verbo conhecer. E "educada" é uma qualidade da mulher, que objeto direto. Portanto, dizemos que "educada" é predicativo do objeto direto.

    Agora podemos ir à questão, né?!

    Por que não é a letra "A": "simbólico" é um advérbio disfarçado! "...aquele incidente acabou simbolicamente, de forma simbólica". A questão não quer advérbio. Ela quer um 
    predicativo do objeto direto!

    Por que pode ser a letra "B": "capacitadas" é sim uma qualidade de "mulheres", que é objeto direto do verbo conhecer!

    Por que não é a letra "C": "homens" é sujeito. "não gostam" é 
    um verbo(uma ação) transitivo(exige complemento) indireto(tal complemento vem com preposição). O resto da frase é o complemento do verbo gostar. E "inteligentes" é uma qualidade de "mulheres", que objeto indireto. Assim, "inteligentes" é predicativo do objeto indireto. A questão quer predicativo do objeto direto!

    Por que é a letra "D": 
    "atendidas" é uma qualidade de "crianças", que é objeto direto do verbo deixar!

    Por que não é a letra "E": porque "cansado" é uma qualidade do marido, que é o sujeito. Dessarte, "cansado" é 
    predicativo do sujeito.

    Esclareceu, gente? 

    Deem uma olhadinha no meu simulado:

    http://concurseiro24horas.com.br/curso/50/simulado-com-questoes-de-portugues-para-tribunais.html
  • Resposta da banca: 

    "O adjetivo que funciona como predicativo do objeto direto é “atendidas”. Quanto aos demais, “simbólico” e “cansado” são predicativos do sujeito (“aquele incidente” e “o marido”, respectivamente) e “capacitadas” e “inteligentes”, adjuntos adnominais (de “mulheres”: objeto direto, no primeiro caso, e indireto, no segundo)."
  • Diferença entre predicativo do objeto e adjunto adnominal:

    A presença de características semelhantes revela, sem dúvida, fator preponderante na recorrência de alguns questionamentos, principalmente quando o assunto diz respeito à análise sintática. Não são raras as vezes em que precisamos diferenciar o objeto indireto do complemento nominal, o adjunto adnominal do complemento nominal, e agora... o predicativo do objeto do adjunto adnominal – alvo da discussão a que nos propomos levar adiante. 

    Dessa forma, de modo a constatar a diferença que demarca ambos os elementos linguísticos, veja a análise de alguns enunciados, evidenciados a seguir: 

    Os professores consideraram a prova difícil

    No intuito de descobrir se o termo em questão (difícil) se refere a um adjunto adnominal ou a um predicativo do objeto, basta substituí-lo por um pronome substantivo, o qual resultaria no seguinte enunciado: 

    Os professores consideraram-na difícil. 

    Constatamos que o pronome oblíquo em evidência atua como objeto direto (substituindo o termo “a prova”). Assim, mesmo havendo tal substituição, o termo “difícil” continuou intacto, haja vista que ele não é parte do objeto, mas sim um termo que a ele está relacionado. 

    Considera-se, dessa forma, tratar-se de um predicativo do objeto direto

    Veja, pois, outro exemplo: 

    Os alunos resolveram uma questão difícil

    Realizando o mesmo processo, o de substituir o objeto direto (uma questão) por um pronome oblíquo, obtém-se somente: 

    Os alunos resolveram-na. (e difícil, onde fica?) 

    Gramaticalmente falando, “os alunos resolveram-na difícil” configuraria uma inadequação. 

    É exatamente por essa razão que afirmamos que o termo “difícil”, em se tratando desse caso, classifica-se como um adjunto adnominal, haja vista que ele é parte do objeto direto, e não um termo que a ele se relaciona, assim como ocorre com o predicativo. 

    Fonte: 
    http://www.portugues.com.br/gramatica/predicativo-objeto-direto-ou-adjunto-adnominal-qual-diferenca.html
  • Excelente explicação do John...

  • Na alternativa b, capacitadas é adjunto adnominal e não predicativo do objeto.

  • Caríssimas e caríssimos, a pedidos, deixe-me fazer alguns comentários sobre a questão.  Começo lembrando que uma leitura atenta do enunciado é o primeiro grande passo para o êxito.  Enunciado apresenta um "predicativo do objeto direto"; temos, portanto, de encontrar a alternativa em que o termo destacado também seja predicativo do objeto direto.  Podemos descartar "de cara" as alternativas A, C e E, pois nelas não há obeto direto.  Há vários tipos de predicativos de objetos diretos, mas vou-me ater aqui ao caso específico e suficiente para "matar" a questão: o predicativo, em boa parte dos casos, confere noção de estado, de circunstância ao objeto.  É o caso da alternativa D, nossa resposta: "deixar" é verbo Transitivo Direto; "as crianças", Objeto Direto; "bem", Adj. Adverbial; "atendidas" , predicativo do objeto "as crianças", indicando um estado circunstantial, tão circunstancial que o próprio declarante afirma que "Nem sempre temos ...", ou seja, ora as "crianças estão bem atendidas", ora as "crianças não estão bem atendidas".  Diferente da alternativa B: Conheço mulheres altamente capacitadas, ...    Não é caso de circunstância, mas de essência, ou seja, "as mulheres" são "altamente capacitadas".  É caso de adjunto adnominal.  

    Para terminar, lembre-se de que o adjunto adnominal faz (em geral) parte da função sintática a que ele se refere. No caso, o adjunto adnominal integra o objeto direto, e, se este for substituído por um pronome oblíquo, o adjunto "desaparece". Veja: Conheço mulheres altamente capacitadas = Conheço-as.     Já o predicativo do objeto não desaparece.  Veja:  "... como deixar as crianças bem atendidas." = ... como deixá-las bem atendidas.  


    Um grande abraço a todos.

    Arenildo

  • Predicativo do sujeito: Fica deslocado ao nome a que se refere e possui caráter transitório.

    adjunto adnominal: fica junto ao nome e possui caráter permanente.

  • A diferença entre o predicativo do objeto e o adjunto adnominal é que este é parte do objeto 
    e aquele é um termo que se relaciona ao objeto.

    A presença de características semelhantes revela, sem dúvida, fator preponderante na recorrência de alguns questionamentos, principalmente quando o assunto diz respeito à análise sintática. Não são raras as vezes em que precisamos diferenciar o objeto indireto do complemento nominal, o adjunto adnominal do complemento nominal, e agora... o predicativo do objeto do adjunto adnominal – alvo da discussão a que nos propomos levar adiante. 

    Dessa forma, de modo a constatar a diferença que demarca ambos os elementos linguísticos, veja a análise de alguns enunciados, evidenciados a seguir: 

    Os professores consideraram a prova difícil

    No intuito de descobrir se o termo em questão (difícil) se refere a um adjunto adnominal ou a um predicativo do objeto, basta substituí-lo por um pronome substantivo, o qual resultaria no seguinte enunciado: 

    Os professores consideraram-na difícil. 

    Constatamos que o pronome oblíquo em evidência atua como objeto direto (substituindo o termo “a prova”). Assim, mesmo havendo tal substituição, o termo “difícil” continuou intacto, haja vista que ele não é parte do objeto, mas sim um termo que a ele está relacionado. 

    Considera-se, dessa forma, tratar-se de um predicativo do objeto direto

    Veja, pois, outro exemplo: 

    Os alunos resolveram uma questão difícil

    Realizando o mesmo processo, o de substituir o objeto direto (uma questão) por um pronome oblíquo, obtém-se somente: 

    Os alunos resolveram-na. (e difícil, onde fica?) 

    Gramaticalmente falando, “os alunos resolveram-na difícil” configuraria uma inadequação. 

    É exatamente por essa razão que afirmamos que o termo “difícil”, em se tratando desse caso, classifica-se como um adjunto adnominal, haja vista que ele é parte do objeto direto, e não um termo que a ele se relaciona, assim como ocorre com o predicativo. 


    Fonte: http://www.portugues.com.br/gramatica/predicativo-objeto-direto-ou-adjunto-adnominal-qual-diferenca.html

  • Como diferenciar adjunto adnominal de predicativo do objeto?

     

    Uma dica muito interessante, quando se tratam de VTD, é passar a oração para a voz passiva e observar a função que o termo assume:

     

    se assumir a função de adjunto adnominal, ele já o era na voz ativa;

    se assumir a função de predicativo do sujeito, ele era predicativo do objeto na voz ativa;

     

    Vejamos no exemplo da assertiva em questão:

     

    "Nem sempre temos como deixar as crianças bem atendidas." (voz ativa)

    "Nem sempre as crianças são deixadas bem atendidas." (voz passiva)

     

    Observem que no exemplo, o termo "atendidas" assumiu função de predicativo do sujeito, o que demonstra que, na voz ativa, era um predicativo do objeto

     

    Quem escolheu a busca não pode recusar a travessia - Guimarães Rosa

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    Gabarito: D

  • Prof Arenildo como sempre nos salvando! O Comentário da professora mesmo foi incompleto e insuficiente demais. Agora entendi