SóProvas


ID
95917
Banca
FCC
Órgão
DPE-SP
Ano
2010
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Administração da linguagem

Nosso grande escritor Graciliano Ramos foi, como se
sabe, prefeito da cidade alagoana de Palmeira dos Índios. Sua
gestão ficou marcada não exatamente por atos administrativos
ou decisões políticas, mas pelo relatório que o prefeito deixou,
terminado o mandato. A redação desse relatório é primorosa,
pela concisão, objetividade e clareza (hoje diríamos:
transparência), qualidades que vêm coerentemente combinadas
com a honestidade absoluta dos dados e da autoavaliação -
rigorosíssima, sem qualquer complacência - que faz o prefeito.
Com toda justiça, esse relatório costuma integrar sucessivas
edições da obra de Graciliano. É uma peça de estilo raro e de
espírito público incomum.

Tudo isso faz pensar na relação que se costuma promover
entre linguagens e ofícios. Diz-se que há o "economês", jargão
misterioso dos economistas, o "politiquês", estilo evasivo
dos políticos, o "acadêmico", com o cheiro de mofo dos baús da
velha retórica etc. etc. E há, por vezes, a linguagem processual,
vazada em arcaísmos, latinismos e tecnicalidades que a tornam
indevassável para um leigo. Há mesmo casos em que se pode
suspeitar de estarem os litigantes praticando - data venia - um
vernáculo estrito, reservado aos iniciados, espécie de senha
para especialistas.

Não se trata de ir contra a necessidade do uso de conceitos
específicos, de não reconhecer a vantagem de se empregar
um termo técnico em vez de um termo impreciso, de abolir,
em suma, o vocabulário especializado; trata-se, sim, de evitar o
exagero das linguagens opacas, cifradas, que pedem "tradução"
para a própria língua a que presumivelmente pertencem. O
exemplo de Graciliano diz tudo: quando o propósito da comunicação
é honesto, quando se quer clareza e objetividade no que
se escreve, as palavras devem expor à luz, e não mascarar, a
mensagem produzida. No caso desse honrado prefeito alagoano,
a ética rigorosa do escritor e a ética irrepreensível do
administrador eram a mesma ética, assentada sobre os princípios
da honestidade e do respeito para com o outro.

(Tarcísio Viegas, inédito)

Quanto às normas de concordância verbal, a frase inteiramente correta é:

Alternativas
Comentários
  • maa na letra D o PODE nao deveria estar no plural??obrigada
  • Nossa, vocês me perdoem, mas a letra D tá completamente sem sentido pra mim.Há uma preposição ("a") antes de "uma linguagem clara e objetivamente contundente" que tira o sentido da frase. Deveria ser assim, ao meu modesto entende: Mesmo às emoções mais inflamadas de um litígio pode dar vazão uma linguagem clara e objetivamente contundente. Essa frase, sim, pode ser passada para o modo direto como indicado pelo colegal abaixo: "Uma linguagem clara e objetivamente contundente pode dar vazão mesmo às emoções mais inflamadas de um litígio."Ainda que a questão só peça a concordância verbal, não consigo imaginar correta essa preposição a mais antes de 'uma linguagem'.
  • A correta é a D.


    "Mesmo às emoções mais inflamadas de um litígio pode dar vazão a uma linguagem clara e objetivamente contundente."

    Invertendo as orações e trocando umas palavras para simplificar o entendimento...

    "Ele consegue usar uma linguagem clara e decisiva, mesmo estando em meio às emoções mais exaltadas de um litígio"

    ou seja: o cara consegue usar bem as palavras mesmo estando nervoso.

    - Eles suprimiram uma vírgula antes do "pode", o que deixou o período ficou mais confuso ainda.
    - O sujeito (ele) está oculto.
    - Suprimiram o verbo da oração subordinada adverbial concessiva.

     

    Gente, a oração "pode dar vazão a uma linguagem clara e objetivamente contundente" NÃO PODE SER APASSIVADA (como deram a entender em outros comentários), pois, para uma oração passar para a voz passiva, é necessário que tenha um objeto direto. A locução verbal "dar vazão" é transitiva INdireta, e "uma linguagem clara e objetivamente contundente" é um objeto direto.

    Dicionário Aurélio:
    Dar vazão a. 1. Atender, despachar:

  • A alternativa correta seria a letra A, já que com o pronome demonstrativo "o" no sujeito é facultativa a concordância do verbo "ser" com o sujeito ou predicativo:

    1. O que marcou a gestão... foi... os atos...
    2. O que marcou a gestão... foram... os atos...

    Mas acredito ter sido anulada por má formulação da letra D: "Mesmo as emoções... podem..."

    A letra E está errada, pois o verbo é no plural: importam. É só inverter e ver quem é o sujeito: as virtudes importam.
  • Corrijam-me se fiz errado.

    A) O que é que marcou? OS ATOS ADMINISTRATIVOS Então, o que MARCARAM...

    B) O que é que SÃO? Não achei muito disso...

    C) O que é que É comum? Que DEVE HAVER entre eles marcas estilísticas de alta especislização

    D) O que é que PODE? As emoções inflamadas PODEM dar vazão a uma linguagem...

    E) O que é que importa? AS VIRTUDES IMPORTAM

  • A questão pede para marcar a correta. Por que a letra E está correta?

  • esta questão me deixou bugado, não entendi.