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ID
979315
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
MI
Ano
2013
Provas
Disciplina
Administração Pública
Assuntos

Julgue os itens a seguir, a respeito da estruturação da máquina administrativa no Brasil a partir de 1930.

Fruto da evolução do estamento burocrático patrimonialista, a moderna burocracia manteve o caráter aristocrático e estava circunscrita ao Estado.

Alternativas
Comentários
  • " (...) Neste contexto, o estamento se torna a camada organizada e definida politicamenteem razão de suas relações com o Estado, e também se consolida socialmente por seu modus vivendi estilizado e exclusivista. (Campanhe, 2003) Possui uma dinâmica autônoma e fechada, exercendo seu poder através do controle patrimonialista do Estado, não fazendo distinção entre o público e o privado.
                                O patrimonialismo, organização política básica, fecha-se sobre si próprio com o estamento, de caráter marcadamente burocrático. Burocracia não no sentido moderno, com aparelhamento racional, mas da apropriação do cargo - o cargo carregado de poder próprio, articulado com o príncipe, sem a anulação da esfera própria de competência. O Estado ainda não é uma pirâmide autoritária, mas um feixe de cargos, reunidos por coordenação, com respeito à aristocracia dos subordinados." (Faoro, 1984,p.84)

    Fonte: http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/K220420.pdf (p.19)


    Questão: Errado.
     
  • Com relação a segunda parte: "a moderna burocracia manteve o caráter aristocrático e estava circunscrita ao Estado."

        O caráter aristocrático se refere a classe dos nobres, dos privilegiados, fruto da administração patrimonialista.

        De acordo com o texto abaixo a moderna burocracia não manteve o caráter aristocrático.

        "Como sabemos, historicamente a dominação racional-legal ou burocrática surgiu no século XIX como uma forma superior de dominação, legitimada pelo uso da lei, em contraposição ao poder tradicional (divino) e arbitrário dos príncipes e ao afeto das lideranças carismáticas. Surgiu, portanto, como uma reação à cultura patrimonialista, então dominante.

         Esta cultura burocrática não reconhece que o patrimonialismo, embora presente como prática, já não constitui mais valor hoje no Brasil. Não reconhece que os políticos, em uma democracia, são crescentemente controlados por seus eleitores. Por isso, ela mantém uma desconfiança fundamental nos políticos, que estariam sempre prontos a subordinar a administração pública a seus interesses eleitorais. Na prática, o resultado é uma desconfiança nos administradores públicos, aos quais não se delega autoridade para decidir com autonomia os problemas relacionados com os recursos humanos, materiais e financeiros. Explica-se daí a rigidez da estabilidade e dos concursos, o formalismo do sistema de licitações, e o detalhismo do orçamento."

     

    Fonte:  Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, pág. 38

  • Esta frase é uma confusão só de conceitos. Para começar, a moderna burocracia não é “fruto do estamento burocrático patrimonialista”, pois veio exatamente para buscar encerrar este modelo de gestão patrimonialista. O caráter aristocrático do patrimonialismo é combatido no modelo burocrático, com sua base na racionalidade e na legalidade.

    Além disso, o modelo burocrático de gestão não está restrito ao setor público. Muitas empresas o utilizam ainda hoje. Deste modo, o gabarito é mesmo questão errada.

    Prof. Rodrigo Rennó, Estrategia Concursos.

  • não da pra entender o cespe em uma questão anterior ele disse que a burocracia não conseguiu acabar com o patrimonialismo, já nessa ele diz que acabou...só tendo sorte pra acertar essas questões

  • A moderna burocracia não é fruto da evolução do estamento burocrático patrimonialista, pelo contrário. Com fulcro na impessoalidade, profissionalismo e na formalidade, ela visa combater as práticas patrimonialistas, não sendo consequência do estamento burocrático (pessoas ligadas ao governo por fisiologismo, por exemplo).

  • kkkkkkkkkkkkkk

  • Complementando os comentários dos colegas

    O termo "estamento burocrático", de inspiração weberiana, foi utilizado por Raymundo Faoro em sua interpretação sobre a sociedade brasileira e geralmente é associado ao patrimonialismo e não ao modelo burocrático de administração pública, privilégios extraeconômicos e, por outro lado, ao desenvolvimento das estruturas institucionais e políticas centralizadas e não racionais, com destaque especial para uma constante adaptação aos mecanismos de continuidade e permanência nas estruturas políticas de uma sociedade.

    Faoro (1979), ao mencionar que o estamento, como forma de dominação tradicional, desenvolve-se nas sociedades feudais ou patrimoniais, argumenta que isso não impede que também possa se verificar na formação histórica da sociedade brasileira, embora não mencione a existência de feudalismo no Brasil, como alguns autores marxistas da época. Para ele (p.62), o Estado patrimonial e estamental corporifica uma forma de dominação que, ao contrário da dinâmica da sociedade de classes, projeta-se de cima para baixo. Todas as camadas sociais, desde artesãos e jornaleiros aos lavradores e senhores de terra, assim como comerciantes e armadores, orientam suas atividades dentro das raias permitidas, respeitando os preceitos determinados pelo controle superior e submetendo-se às regras convencionalmente fixadas.

    ➥ Fonte: Prof. Heron Lemos - Estudo Dirigido para UFC – Vol 01 (Adm. Pública)

  • QUESTÃO ERRADA - Fruto da evolução do estamento burocrático patrimonialista, a moderna burocracia manteve o caráter aristocrático e estava circunscrita ao Estado.

    _______________________

    (1) O estamento burocrático patrimonialista era predominante no Brasil ( Patrimonialista) de 1900, depois evolui para o autoritarismo burocrático-capitalista (Adm. Burocrática) até a democracia ( Adm. Gerencial);

    (2) Nas palavras de Bresser (2001, pág. 10) ''Diferentemente da sua antecessora ( burocrático patrimonialista*), a burocracia não tinha caráter aristocrático, nem estava circunscrita ao Estado, nos termos da interpretação de Faoro.''

    Fonte: DO ESTADO PATRIMONIAL AO GERENCIAL, Luiz Carlos Bresser-Pereira , 2001. *Grifo meu