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ID
991987
Banca
FCC
Órgão
TRT - 12ª Região (SC)
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Atenção: Para responder a questão, considere o texto abaixo.

      Num passado não muito remoto, cada um era definido por sua proveniência, e as perguntas iniciais diziam: quem foram seus pais e antepassados? Onde você nasceu? Quais são as dívidas que você herdou?
      Prefiro os dias de hoje, em que são nossas próprias façanhas que nos definem. É uma escolha que deveria nos deixar mais livres, mas acontece que a praticamos de um jeito estranho: junto com os laços que nos prendiam às nossas origens e ao passado, nossa vida concreta também é silenciada na descrição de nossa identidade. E nos transformamos em sujeitos abstratos, resumidos por nossa função na produção e na circulação de mercadorias e serviços.
      Consequência: o desemprego nos ameaça com uma perda radical de identidade. E não adianta observar que, afinal, nos sobra o resto, ou seja, toda a complexidade de nosso ser. Não adianta porque, em regra, já renunciamos há tempos a sermos representados por nossa vida concreta.
      Enfim, espera-se que a economia crie empregos. Mas os poetas e os saltimbancos também têm uma tarefa crucial: são eles que podem, aos poucos, convencer a gente de que é nossa vida concreta que nos define, não nossa função produtiva.

(Adaptado de:Contardo Caligaris, Folha de S.Paulo, 17/10/2009. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/publifolha/ ult10037u398900.shtml.) 

Pode-se depreender do texto a contraposição entre

Alternativas
Comentários
  • Alternativa C.

    a) complexidade do ser e vida concreta.
    Na vida concreta o ser é complexo. Essa alternativa não traz a contraposição.

    b) desemprego e perda da identidade
    O desemprego causa a perda da identidade, por isso não é uma contraposição.

    c) vida concreta e sujeito abstrato.
    Essa é a contraposição: A vida concreta, em que o ser é complexo, e o sujeito abstrato, definido pela função produtiva que exerce (emprego).

    d) poetas e saltimbancos.
    Não tem relação com o texto.

    e) laços familiares e vida concreta.
    Os laços familiares era o que definia o ser humano no passado, mas o que define hoje é a função produtiva. Essa sim (a função produtiva) é a contraposição da vida concreta, como indica a alternativa "c".
  • Aparentemente existem várias contraposições, porém isso não é verdade. Na verdade, a contraposição é a ideia principal do texto. Vou resumir o texto:
    No passado, nós éramos filhos do "Dr. João", "General Vargas", dentre outros. Hoje somos aquilo que façamos. Isto é, sou "Advogado", "esportista", "ciclista", "pai", 'irmão de fulano", "estudante de direito", "leitor", "surfista". Isto é, tudo aquilo que realmente eu sou (meu ser por completo)  etc. 
    Passado essa fase, criou-se um dilema: a vida concreta versos o sujeito abstrato (resposta de questão - "c").
    Na vida concreta somos aquilo que façamos, todavia somos silenciados na descrição de nossa identidade (segundo parágrafo - linha 5 e 6). Por quê? pois dependemos da força do mercado de trabalho ("...resumidos por nossa função na produção e na circulação de mercadorias..."). Isto é, somos sujeitos abstratos em decorrência da função que ocupamos no mercado de trabalho, ou seja, lugar que ocupamos na produção ou na circulação de mercadorias. Logo, tornei-me um sujeito abstrato em decorrência das relações de trabalho (capitalistas). Deixei minha vida concreta conquista para me tornar um sujeito abstrato.
    No final do texto, o autor espera que os poetas e os saltimbancos consigam convencer as pessoas de que é a vida concreta que nos define, não nossa função produtiva. Caso isso aconteça, seremos sujeito abstrato. 


  • "é nossa vida concreta que nos define, não nossa função produtiva  (nos transformamos em sujeitos abstratos, resumidos por nossa função na produção)".