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ID
103072
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
Instituto Rio Branco
Ano
2010
Provas
Disciplina
Relações Internacionais
Assuntos

Com base em razões históricas conhecidas, pode-se dizer que o
perfil diplomático brasileiro apresenta características próprias.
Entre essas características, inclui-se

desconfiança precoce dos foros multilaterais, demonstrada pela retirada da Liga das Nações em 1926.

Alternativas
Comentários
  • O Assunto da questão é tratado na "bíblia vermelha" - Amadeu Cervo - Historia da Política Externa - pp 224-225

  • A retirada da LdN se deu por questões políticas do governo de Arthur Bernardes, em flagrante descompasso com a representação brasileira junto ao órgão do embaixador Afrânio de Melo Franco. Arthur pressionou além da medida o órgão por um assento permanente no Conselho - verdadeira obsessão do presidente e de seu chanceler, Félix Pacheco (e que parece continuar sendo objetivo cego do Brasil até os dias de hoje, em especial durante a recente chancelaria de Celso Amorim) -, alegando ser o único representante político das Américas na Liga após a saída dos EUA da organização... após o ingresso da Alemanha na LdN e sua imediata escolha para assento permanente, o Brasil veta o ingresso do país, é ignorado, sai batendo a porta a fim de evitar mais humilhações... contudo, seguiu participando financeiramente e comparecendo a eventos da organização

  • Aos não assinantes,

    GABARITO: ERRADO

  • ERRADO

    O fato do Brasil ter se retirado da Liga das Nações não se deve a uma característica própria nacional relacionada à desconfiança precoce dos foros multilaterais. Ao contrário, o país possui uma forte tradição de aposta no multilateralismo e nas Organizações Internacionais.

    Sobre a saída do Brasil da Liga, vale lembrar que o Brasil foi um dos membros fundadores da Liga em 1919. Como bem observou o Ministro Eugênio Vargas Garcia em seu artigo Retirada do Brasil da Liga das Nações, "as origens da questão remontam à Conferência da Paz de Paris, que levou à assinatura do Tratado de Versalhes. O chefe da delegação brasileira, o então senador pela Paraíba Epitácio Pessoa, participou da comissão encarregada de redigir o texto do Pacto da Liga, aprovado por decisão unânime da Conferência. Com o apoio decisivo do presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson, o Brasil foi designado pelo artigo 4 do Pacto como um dos membros não permanentes do Conselho, juntamente com Bélgica, Espanha e Grécia, aos quais deveriam somar-se as principais potências aliadas e associadas (EUA, Grã-Bretanha, França, Itália e Japão) como membros permanentes."

    Como os EUA no final não aderiram à Liga, o Brasil acabou ficando como único representante das Américas na organização, fato este que o motivou a pleitear com o passar dos anos um assento permanente no conselho. Como a colega Renata comentou, o presidente Arthur Bernardes transformou este pleito em meta, apesar da rejeição das potências europeias de ceder à pressão brasileira, considerando outros pleitos de países como Polônia e Espanha.

    Eugênio Vargas Garcia ressalta que os assuntos discutidos na Liga eram de pouco interesse para o Brasil. Mesmo assim, a saída do país da Liga não seria bem vista. Porém a governo brasileiro não parecia estar muito interessado em manter-se como Membro não permanente, especialmente depois do anúncio da assinatura dos acordos de Locarno em 1925, "que buscavam reintegrar a Alemanha no conjunto europeu e, ao mesmo tempo, fortalecer o sistema da Liga das Nações com o ingresso alemão no Conselho como membro permanente".

    Em 1926, comunicando que vetaria a entrada da Alemanha no conselho (um dos problemas vistos na Liga era justamente a necessidade de unanimidade entre os membros permanentes e não permanentes nas decisões do Conselho), a Liga, com seus membros permanentes visivelmente irritados com a obstrução brasileira, buscou eleger novos membros não permanentes e retirar o assento do Brasil naquele ano. Não necessitou, o Brasil solicitou sua saída sob a alegação de que a Liga havia abandonados seus ideais americanos iniciais.

    O tema é bem interessante, e vale a pena ler o artigo citado, que apresenta mais detalhes deste importante episódio de nossa política externa.

  • Errado.

    O Brasil tem apreço pelos foros multilaterais desde o surgimento desses. Exemplo notório é a participação de Rui Barbosa na II Conferência de Haia, em 1907, na qual o Brasil defendeu o principio de igualdade soberana dos Estados. A preferência por entidades multilaterais advém do caráter inclusivo dessas instituições, o que garante representativa extraordinária e, portanto, legitimidade maior às decisões tomadas. Membro fundador da Ligas das Nações, o desligamento do Brasil, em 1926, é exceção na longa tradição multilateralista do Brasil. O arrefecimento da participação nos foros multilaterais, nos anos 1920, está mais vinculado à preferência pela busca de alternativas ao poder dos Estados centrais do que ao menoscabo pelo conceito de multilateralismo;

    fonte : 7000 questões do cespe