SóProvas


ID
1091878
Banca
FUNCAB
Órgão
IF-RR
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

        A figura do ancião, desde o início dos relatos das primeiras civilizações, é muito controversa e discutida. No mundo ocidental, o senso comum das principais culturas muitas vezes discordava dos ensinamentos das filosofias clássicas sobre as contribuições da velhice para a sociedade. O estudo das reais condições trazidas pelo avanço da idade gerou diversas discussões éticas sobre as percepções biossociais dos processos de mudança do corpo. Médicos, biólogos, psicólogos e antropólogos ainda hoje não conseguem obter consenso sobre esse fenômeno em suas respectivas áreas.

     Muitas culturas ocidentais descrevem o estereótipo do jovem como corajoso, destemido, forte e indolente. Já a figura do idoso é retratada como um peso morto, um chato em decadência corporal e mental. Percepção preconceituosa que foi levada ao extremo no século XX pelos portugueses durante a ditadura de Antônio Salazar, notório por usar a perseguição aos idosos como bandeira política. Atletas e artistas cotidianamente debatem o avanço da idade com medo e desgosto, enquanto especial istas da saúde questionam se há deterioração ou mudança adaptativa do corpo humano.

     Nas culturas orientais, assim como na maioria das filosofias clássicas, a velhice é vista de um ângulo positivo, sendo fonte de sabedoria e meta para uma vida guiada pela prudência. O sábio ancião, que personifica a figura do homem calmo, austero, e que muitas vezes é capaz de prever certas situações e aconselhar, se destaca em relação ao jovem cheio de energia e de hormônios instáveis. Porém, apesar dos filósofos apreciarem o avanço da idade, nem todos eles tinham a mesma opinião sobre a velhice. O jovem Platão tinha como inspiração o velho filósofo Sócrates. Apesar de ser desfavorecido materialmente, Sócrates possuía muita experiência e uma sabedoria ímpar que marcou a história do pensamento. Em A República , Platão retrata uma discussão filosófica sobre a justiça ocorrida na casa do velho Céfalo, homem importante e respeitável em Atenas, que propiciava discussões filosóficas entre os mais velhos e os jovens que contemplavam os diálogos.Na sociedade ideal desse filósofo, os jovens muitas vezes eram retratados como inconsequentes e ingênuos, a exemplo de Polemarco, filho de Céfalo.
Nesta sociedade ideal, crianças e adolescentes não recebiam diretamente o ensino da Filosofia. Por ser um conhecimento nobre e difícil, [ela] era ensinada somente para pessoas de idade mais avançada.

     Dentre os filósofos clássicos, o maior crítico sobre a construção filosófica da ideia de “velhice” era o estoico Sêneca. Para ele, Platão, Aristóteles e Epicuro construíram uma concepção mitológica da figura do velho. Os idosos que ele conheceu em Roma muitas vezes não eram tão felizes como descreviam os gregos. Muitos deles, observou Sêneca, pareciam tranquilos, mas no fundo não eram. A aparente tranquilidade decorria de seu cansaço e desânimo por não conseguir mais lutar por aquilo que queriam. Não buscaram a ataraxia enquanto jovens, ou seja, a tranquilidade da alma e a ausência de perturbações frente aos desafios impostos pela vida.

     Se envelhecer é uma “droga”, como afirma o ator Arnold Schwarzenegger, ou se [a velhice] é a “melhor idade”, como dizem muitos aposentados, esses discursos não contribuem para uma resposta definitiva para o estudo científico.Afinal, o conceito de velhice não é um fenômeno puramente biológico, mas também fruto de uma construção social e psicoemocional.

MEUCCI, Arthur. Rev. Filosofia : março de 2013, p. 72-3.

A partir da argumentação desenvolvida ao longo do texto, o autor pretende persuadir o leitor a concluir que:

Alternativas
Comentários

  •  Se envelhecer é uma “droga”, como afirma o ator Arnold Schwarzenegger, ou se [a velhice] é a “melhor idade”, como dizem muitos aposentados, esses discursos não contribuem para uma resposta definitiva para o estudo científico.Afinal, o conceito de velhice não é um fenômeno puramente biológico, mas também fruto de uma construção social e psicoemocional. ataraxia

  • Não entendi se os erros nas assertivas são da banca ou do pessoal do QC. Enfim, a resposta encontra-se no 1º parágrafo do texto:

    "O estudo das reais condições trazidas pelo avanço da idade gerou diversas discussões éticas sobre as percepções biossociais dos processos de mudança do corpo. Médicos, biólogis, psicólogos e antropólogos ainda hoje não conseguem obter consenso sobre esses fenômenos em suas respectivas áreas".

    Resposta, letra A.

  • Por que a letra D está errada?

  • Amigos, faltou o QC colocar o RESTO DO TEXTO e a resposta está lá...


    AQUI VAI:

    "Se envelhecer é uma “droga”, como afirma o
    ator Arnold Schwarzenegger, ou se [a velhice] é a
    “melhor idade”, como dizem muitos aposentados,
    esses discursos não contribuem para uma resposta
    definitiva para o estudo científico. Afinal, o conceito de
    velhice não é um fenômeno puramente biológico,
    mas também fruto de uma construção social e
    psicoemocional.

    ............................................................................ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .......
    MEUCCI, Arthur. Rev. Filosofia: março de 2013, p. 72-3.

  • Não concordo com o gabarito e pelo que vi nas estatísticas uma boa parte dos colegas marcaram letra D, assim como eu.

    Vamos lá: 

    A) Velhice não é apenas fenômeno biológico, mas também construção social e psicoemocional, o que dificulta o seu conhecimento.

    No texto temos a seguinte redação: ...Afinal, o conceito de velhice não é um fenômeno puramente biológico, mas também FRUTO de uma construção social e psicoemocional.

    Quando afirma-se que algo é fruto, significado que é consequência de outra coisa, ou seja, o conceito de velhice é consequência de uma construção social e psicoemocional, não significa que seja a construção social e psicoemocional.

    Em contrapartida, a letra D traz o seguinte:

    d) há, historicamente, muito preconceito contra os idosos, o que culmina (cuminar=atingir o ponto mais elevado; chegar ao exremo) com Salazar, que converteu a perseguição a eles em bandeira política.

    Na minha opinião essa alternativa estaria correta, pois conforme o parágrafo segundo, essa percepção preconceituosa foi levada ao extremo no século XX pelos portugueses durante a ditadura de Antônio Salazar, notório por usar a perseguição aos idosos como bandeira política.

    Bom, entendi dessa forma, se alguém souber me explicar o erro da letra D ficarei agradecida!

    Sucesso :)

  • Pelo que entendi, o erro da letra D é que dá o sentido de que o preconceito terminou quando Salazar fez o que fez. E que após isso não haveria mais. Mas não havia como não marcar A uma vez que era cópia fiel ao texto.

  • A letra D estar errada, porque foge do contexto. Em nenhum momento o autor quis dizer o que esta assertiva propõe. 

  • Discordo do colega Stanley, pois o autor não só quis dizer o que a letra D discreve, como ele disse: no segundo parágrafo, na segunda e terceira linha.

     Porém a resposta não é a letra D, no meu ponto de vista, porque ao longo de todo o texto o autor pretende persuadir o leitor que existe uma construção social por traz do assunto, dependendo , inclusive, se fazemos parte da cultura ocidental e oriental, que tratam o assunto de forma diversa.

    Abraços a todos.

  • Acredito que o erro da letra D está em afirmar que sempre houve preconceito (há, historicamente, muito preconceito contra idosos), sendo que o texto também mostra o contrário (Nas culturas orientais, assim como na maioria das filosofias clássicas, a velhice é vista de um ângulo positivo, sendo fonte de sabedoria e meta para uma vida guiada pela prudência.) Também errei a questão, mas por falta de atenção, pois realmente há a resposta da letra A no texto.
  • Acredito que a D esteja errada por generalizar que ha muito preconceito na historia. Historicamente e na cultura oriental o idoso e visto como sabio, essa ideia de peso morto e mais nova e foi levada ao extremo por Salazar, mas do texto nao se infere necessariamente que ha, historicamente, muito preconceito mas sim que houve em um ponto da historia e que ainda ha hoje em dia, como pode ser percebido nesse trecho:

    No mundo ocidental, o senso comum das principais culturas muitas vezes discordava dos ensinamentos das filosofias clássicas sobre as contribuições da velhice para a sociedade.

    A cultura ocidental e considerada relativamente nova no ponto de vista historico.

    *meu teclado nao tem acento, desculpem