SóProvas


ID
1219810
Banca
FCC
Órgão
MPE-MA
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Atenção: Considere o texto abaixo para responder à  questão. 

                                                        Juventudes

        Pois se ainda ontem eu era jovem, conforme me asseguravam, asseguro-lhes que ainda hoje minha juventude não acabou. Se viesse a acabar, estaria tão velho que não saberia disso – o que significa que serei eternamente jovem. Preciso acrescentar: nada tenho de especial, todos os jovens da minha idade (isto é, acima dos 60) sabem disso. Não adianta os espelhos (por que se espalham por toda parte?) pretenderem mostrar o contrário, jogar-nos na cara nossa imagem envelhecida. Nós sabemos que eles mentem, sabemos que não têm como refletir nosso espírito – daí se vingarem, refletindo tão somente o que aparece.

        Vou mais longe: não é que não envelheçamos, com essa mania que tem o tempo de nunca parar; na verdade, quanto mais anos vivemos, mais remoçamos. Alguns vivem até recuperar de vez – para nunca mais largar dela – a liberdade da infância. Enquanto lá não chego (esperando chegar), vou remoçando, remoçando, a ponto dos jovens de dezenove anos me pedirem mais moderação, mais compostura. Toda vez que fazem isso, surpreendo, no fundo de seus olhos, uma inveja incomensurável: inveja da minha adolescência verdadeira.

        É verdade que a natureza, que tem lá seus caprichos, gosta de brincar com nossa juventude de sexagenários. Ela faz, por exemplo, o chão parecer mais longe: custa-nos chegar a ele, para apanhar aquela moedinha. Brinca, ainda, com nosso senso de equilíbrio: um volteio mais rápido do corpo e parece que a Terra subitamente acelerou a rotação. E já não podemos saltar imitando um saci, sobre os quadrados marcados a giz na calçada das brincadeiras: mesmo duas pernas mostram-se insuficientes para retomar o equilíbrio.

        Enfim: valha esta mensagem para todos os jovens que ainda acreditam na velhice. Bobagem, meus amiguinhos: a velhice não chega nunca, é mais uma ilusão da juventude. Não adianta o corpo insistir em dar todos os sinais de mau funcionamento, inútil insistirem as bactérias em corromper nossos tecidos, inútil os olhos perderem a luz de dentro e a luz de fora: morremos sempre jovens, espantados por morrer, atônitos com essa insistência caprichosa e absurda da natureza, de vir ceifar nossa vida exatamente quando desfrutamos do esplendor de nossa juventude mais madura.

(Adamastor Rugendas, inédito)


Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre o texto:

Alternativas
Comentários
  • Alguns erros que encontrei:


    a) senão: 

    adv. Somente, apenas (na fórmula correlativa não...senão, como idéia de exclusão): não havia senão ruínas em torno.
    Prep. Exceto, salvo: não existe paz, senão entre os mortos.
    Conj. adv. Mas sim (sendo negativa a oração anterior): isto não é comigo, senão com você.
    Conj. cond. Figura numa construção braquilógica, em que o não pertencente a uma oração elíptica se teria aglutinado ao se condicional, formando-se um conglomerado com a significação aproximada de "em caso contrário", "de outro modo": confessa a verdade; senão te arrependerás.
    loc. adv. (Eis) senão quando, de repente, inesperadamente: (Eis) senão quando, morre-lhe o padrinho.
    loc. conj. Senão que, mas antes, entretanto: não fique nunca ocioso; senão que empregue bem seu tempo.
    S.m. Defeito, mácula, balda, imperfeição, falha: não há beleza sem senão.


    b) correta.


    c) traz e haja vista.


    d) desplante: s.m. Posição de esgrima que dá base ao corpo. Fig. Atrevimento, desfaçatez, audácia.

     

    Significados => Fonte: dicionário online de português (http://www.dicio.com.br/)

  • Gabarito: B.

    Apenas para acrescentar algo ao bom comentário da colega Larissa:

    e) Há alguns velhinhos, de fato, em cujos trejeitos os fazem assemelhados a crianças, razão pela qual o autor considera a possibilidade de um contínuo remoçamento. O erro está no uso da preposição em: cujos trejeitos (dos velhinhos) – sem o “em”.

    Bons estudos!