SóProvas


ID
1222792
Banca
FCC
Órgão
METRÔ-SP
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Delicadezas colhidas com mão leve 


     Era sábado e estávamos os dois na redação vazia da revista. Esparramado na cadeira, Guilherme roía o que lhe restava das unhas, levantava-se, andava de um lado para outro, folheava um jornal velho, suspirava. Aí me veio com esta:
     - Meu texto é melhor que eu.
     A frase me fez rir, devolveu a alegria a meu amigo e poderia render uma discussão sobre quem era melhor, Guilherme Cunha Pinto ou o texto do Guilherme Cunha Pinto. Os que foram apenas leitores desse jornalista tão especial, morto já faz tempo, não teriam problema em escolher as matérias que ele assinava, que me enchiam de uma inveja benigna.
     Inveja, por exemplo, da mão leve com que ele ia buscar e punha em palavras as coisas mais incorpóreas e delicadas. Não era com ele, definitivamente, a simplificação grosseira que o jornalismo tantas vezes se concede, com a desculpa dos espaços e horários curtos, e que acaba fazendo do mundo algo chapado, previsível, sem graça. Guilherme não aceitava ser um mero recolhedor de aspas, nas entrevistas, nem sair à rua para ajustar os fatos a uma pauta. Tinha a capacidade infelizmente rara de se deixar tocar pelas coisas e pessoas sobre as quais ia escrever, sem ideias prontas nem pé atrás. Pois gostava de coisas e de pessoas, e permitia que elas o surpreendessem. Olhava-as com amorosa curiosidade - donde os detalhes que faziam o singular encanto de suas matérias. O personagem mais batido se desdobrava em ângulos inéditos quando o repórter era ele. Com suavidade descia ao fundo da alma de seus entrevistados, sem jamais pendurá-los no pau de arara do jornalismo inquisitorial. Deu forma a textos memoráveis e produziu um título desde então citado e recitado nas redações paulistanas: “Picasso morreu, se é que Picasso morre”. 


(Adaptado de: WERNECK Humberto. Esse inferno vai acabar.
Porto Alegre: Arquipélago, 2001. p.45 e 46)


As normas de concordância verbal estão plenamente observadas na frase:

Alternativas
Comentários

  • Gabarito D.

    a) Sujeito:Os textos memoráveis. "apresentavam".

    b) ?

    c) Sujeito Ler. "cabe".

    d) Gabarito.

    e) haveria. "verbo impessoal".

  • Qual é o erro da letra b? 

    Sei que com o termo ''a maioria'' pode-se utilizar tanto ''acontece'' quanto ''acontecem'', este último regendo-se de acordo com o substantivo ''jornalistas''. Mas acredito que a preposição ''com'' muda tudo, só não consegui enxergar o porquê. 

    Se alguém souber, por favor, explique!

  • No item B temos um sujeito oracional: Isso acontece com a maioria dos jornalistas.

    que se submetam às fáceis acomodações dessa desafiadora profissão acontece com a maioria dos jornalistas.


  • Qual o erro da letra B?

  • B) Acredito que o erro está em acontecem(presente) submetam(presente do subjuntivo); o correto seria submetem(presente).

    Frequentemente,com a maioria dos jornalistas acontecem, que se submetem às fáceis acomodações dessa desafiadora profissão.

  • a) textos apresentavam

    b) acontece frequentemente com a maioria dos jornalistas

    c) cabe aos leitores... ler com prazer

    d) CORRETA (quem habilita-se... lhes impinge)

    e) haveria jornalistas (haver no sentido de existir)

  • Pessoal para mim o erro da letra b esta:


    se submetem : o sujeito desse verbo não poder ser preposicionado, acredito que o sujeito desse verbo e DESAFIADORA PROFISSÃO (singular)


  • O erro da letra b) está no fato de o verbo "Acontecer" não estar concordando com a Oração Subordinada Substantiva Subjetiva "que se submetam às fáceis acomodações dessa desafiadora profissão".


    Substituindo essa Oração por "Isto", teremos que:

    Com a maioria dos jornalistas acontecem, frequentemente, ISTO. 

    Sendo assim, o correto seria:

    "Com a maioria dos jornalistas ACONTECE, frequentemente, ISTO.


    Espero ter ajudado.

  • A)  Os textos memoráveis que, com a arte desse jornalista, apresentavaM sempre uma perspectiva especial, encantavam a todos os seus fiéis leitores.

    B)  Com a maioria dos jornalistas acontece, frequentemente, que se submetam às fáceis acomodações dessa desafiadora profissão. (note que o primeiro verbo obrigatoriamente faz concordância com a expressão quantitativa "a maioria" porque "jornalistas" está preposicionado, já no segundo verbo "submetam" nada mais é que silepse, ou seja, singular ou plural tanto faz!)

    C) Aos leitores dos grandes jornalistas cabe não apenas ler com prazer suas matérias, mas encantar- se com o ângulo criativo pelo qual trata suas matérias. (Cabe aos leitores dos grendes....)

    D)  GABARITO

    E) Ainda haveria, numa época de tanta pressa e tanta precipitação, jornalistas capazes de surpreender o leitor com uma linguagem de fato criativa? (Verbo Impessoal, ou seja, NÃO VARIA! - 3ªP.S.)

  • Galera, pra quem tiver dúvida acerca da letra "b", recomendo a leitura dos comentários dos colegas Concurseiro Operacional e Rodrigo Cavalcante. Ressalto meu respeito aos demais colegas, mas os comentários que discriminei são categóricos sobre o assunto. Resumindo, na letra "b" temos uma oração subordinada substantiva subjetiva: " que se submetam às fáceis acomodações dessa desafiadora profissão.". Assim, ela exerce função de sujeito, de sujeito oracional, eis que composta por verbo. Se ela tem função de sujeito, o verbo com ela deve concordar.

    Por fim, "acontecem" e "submetam" não constituem erro, pois trata-se, nesse caso, como já ressaltado por um colega, de silepse, silepse de pessoa. A silepse não constitui um erro. Mas cuidado! Vou transcrever aqui, para fins de eventual redação, o cuidado que se deve ter com o uso da silepse. O fragmento é extraído da obra do Prof. Fernando Pestana. Vejam:

    ""Como bem observa o Professor Mattoso Câmara Jr., “não constituem solecismos (desvios gramaticais) os desvios das normas sintáticas feitos com intenção estilística, em que a afetividade predomina sobre a análise intelectiva, como na silepse...” [grifos meus]. Dessa forma, a silepse pode ser usada em situações de comunicação que não deixem dúvidas quanto à capacidade do falante sobre o domínio da norma culta, desde que se sublinhe bem sua intenção estilística. Não é possível fazer silepse “a torto e a direito”, pois muitas silepses são próprias do registro coloquial, não encontrando respaldo no registro culto da língua.

      Segundo uma semiparáfrase do que diz o eminente gramático Evanildo Bechara, com exceção de certas construções populares, como “O povo trabalham” ou “A gente vamos”, havendo distanciamento entre o sujeito e o verbo, a silepse de número não constitui incorreção gramatical.

    Quando uma banca não trabalha questão de silepse, stricto sensu, trabalha a ideia de que a silepse não constitui um erro gramatical, mas é um tipo especial de concordância – mais encontrada como recurso expressivo em textos igualmente expressivos."

  • Não entendi a razão da letra "d" está correta, pois impinge deveria estar no plural uma vez que o sujeito é o pronome relativo "que", que concorda com "os rígidos paradigmas" (plural).

  • Galera,

    Tem umas explicações bem confusas com relação a letra "b". Vou tentar explicar, resumidamente, como eu pensei e eliminei essa letra.
    1) "Com a maioria dos jornalistas" é uma expressão partitiva, ou seja, aceita tanto a plural quanto o singular do verbo. Ex.: A maioria dos brasileiros deve/devem ao governo. Dessa forma, não há erro no verno "submetam".
    2) O erro está, para mim, no verbo "submetam". Quando o verbo que "se" estiver ligado for VTI, o se será indíce de indeteminação do sujeito o verbo deverá ficar no singular. Caso contrário, se o "se" for ligado a um VTD, o "se" será partícula apassivadora e o  verbo deverá ficar no plural ou singular concordando com o sujeito da frase. No caso em questão, o verbo "submeter" é VTI, tendo em vista a crase em "às fáceis"(houve exigência de preposição mais artigo). Assim sendo, é índice de indeterminação do sujeito e o verbo "submeter" deverá ficar no singular. 
    Abraços!
  • Com a maioria dos jornalistas acontecem, frequentemente,  (isso) que se submetam às fáceis acomodações dessa desafiadora profissão.

    então é oração subordinada substantiva subjetiva.Assim, o verbo, necessáriamente, fica na 3ª pessoa do singular.

    Acho que é isso, porém, tratando de português, nunca se sabe.


  • Mas na letra "c", no verbo "caber" - Aos leitores dos grandes jornalistas cabem não apenas ler com prazer suas matérias, mas encantar- se com o ângulo criativo pelo qual trata suas matérias.- eu identifiquei uma ideia de adição em  "não apenas + mas (como tbm)"....fiquei confusa.

  • Descordo do gabarito.

    A meu ver, a alternativa d trata-se de uma oracção subordinada adjetiva restritiva,em que o termo ´que´ exerce a classe de pronome relativo,assumindo o núcleo da oração.

    O ´que´retoma rígidos paradigmas;lhes,(jornalistas).

    Quanto à concordância:

    Pergutar-nos-emos:Quem impinge?O verbo que se liga ao núcleo(pron rel)que,por meio da coesão referencial anafórica,nos remete ào termo:Os rígidos paradigmas`.Agora Olhem só:Impinge o que?´A direção de um jornal´, que então exerce função sintática de objeto direto.

    Neste caso,houve a concordância com o objeto e não com o sujeito.
    Gabarito alterado?


  • (B) Com a maioria dos jornalistas acontece, frequentemente, que se submetam às fáceis acomodações dessa desafiadora profissão.

    Observe que o sujeito de “acontecem” é oracional: “que se submetam às fáceis acomodações dessa desafiadora profissão”. Substitua a oração subjetiva por ISS0, para perceber melhor: ISSO acontece frequentemente com a maioria dos jornalistas. Toda vez que o sujeito for oracional, o verbo ficará na 3ª pessoa do singular.

     

     

    (C) Aos leitores dos grandes jornalistas cabe não apenas ler com prazer suas matérias, mas encantar-se com o ângulo criativo pelo qual tratam suas matérias.

     

    Observe que o sujeito de “cabe” é oracional, por isso tal verbo fica na 3ª pessoa do singular. Além disso, “tratam” deve ficar no plural para concordar com o referente “jornalistas”.

     

     

    (D) Quem, entre os muitos jornalistas de hoje, habilita-se a desafiar os rígidos paradigmas que lhes imginge a direção de um jornal?

     

    Note a concordância perfeita entre os verbos e os seus sujeitos. Sobre o “lhes”, no plural, saiba que está correta tal concordância, pois esse pronome retoma o referente “jornalistas”.

     

     

    Prof. Fernando Pestana. 

  • O correto não seria "Quem se habilita"? Alguém poderia me explicar?

  • Descordo do gabarito.Não que ele esteja errado,mas a letra "B" também está correta pois com as expressões partitivas "a maior parte,grande parte,A MAIORIA,grande número,acompanhados de adjunto adnominal no plural(no caso da letra b "dos jornalistas")o verbo pode concordar com o núcleo do sujeito ou com o adjunto especificador. Nesse caso há duas respostas certas.