SóProvas


ID
1223002
Banca
IBFC
Órgão
TRE-AM
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                        Prazeres mútuos
                            (Danuza Leão)

         É normal, quando você vê uma criança bonita, dizer “mas que linda”, “que olhos lindos”, ou coisas no gênero. Mas esses elogios, que fazemos tão naturalmente quando se trata de uma criança ou até de um cachorrinho, dificilmente fazemos a um adulto. Isso me ocorreu quando outro dia conheci, no meio de várias pessoas, uma moça que tinha cabelos lindos. Apesar da minha admiração, fiquei calada, mas percebi minha dificuldade, que aliás não é só minha, acho que é geral. Por que eu não conseguia elogiar seus cabelos?
         Fiquei remoendo meus pensamentos (e minha dificuldade), fiz um esforço (que não foi pequeno) e consegui dizer: “que cabelos lindos você tem”. Ela, que estava séria, abriu um grande sorriso, toda feliz, e sem dúvida passou a gostar um pouquinho de mim naquele minuto, mesmo que nunca mais nos vejamos.
         Fiquei pensando: é preciso se exercitar e dizer coisas boas às pessoas, homens e mulheres, quando elas existem. Não sei a quem faz mais bem, se a quem ouve ou a quem diz; mas por que, por que, essa dificuldade? Será falta de generosidade? Inveja? Inibição? Há quanto tempo ninguém diz que você está linda ou que tem olhos lindos, como ouvia quando criança? Nem mesmo quando um homem está paquerando uma mulher ele costuma fazer um elogio, só alguns, mais tarde, num momento de intimidade e quando é uma bobagem, como “você tem um pezinho lindo”. Mas sentar numa mesa para jantar pela primeira vez, só os dois, e dizer, com naturalidade, “que olhos lindos você tem”, é difícil de acontecer.
         Notar alguma coisa de errado é fácil; não se diz a ninguém que ele tem o nariz torto, mas, se for alguém que estiver em outra mesa, o comentário é espontâneo e inevitável. Podemos ouvir que a alça do sutiã está aparecendo ou que o rímel escorreu, mas há quanto tempo você não ouve de um homem que tem braços lindos? A não ser que você seja modelo ou miss - e aí é uma obrigação elogiar todas as partes do seu corpo-, os homens não elogiam mais as mulheres, aliás, ninguém elogia ninguém.
         E é tão bom receber um elogio; o da amiga que diz que você está um arraso já é ótimo, mas, de uma pessoa que você acabou de conhecer e que talvez não veja nunca mais, aquele elogio espontâneo e sincero, é das melhores coisas da vida.
         Fique atenta; quando chegar a um lugar e conhecer pessoas novas, alguma coisa de alguma delas vai chamar a sua atenção e sua tendência será, como sempre, ficar calada. Pois não fique. Faça um pequeno esforço e diga alguma coisa que você notou e gostou; o quanto a achou simpática, como parece tranquila, como seu anel é lindo, qualquer coisa. Todas as pessoas do mundo têm alguma coisa de bom e bonito, nem que seja a expressão do olhar, e ouvir isso, sobretudo de alguém que nunca se viu, é sempre muito bom.
         Existe gente que faz disso uma profissão, e passa a vida elogiando os outros, mas não é delas que estamos falando. Só vale se for de verdade, e se você começar a se exercitar nesse jogo e, com sinceridade, elogiar o que merece ser elogiado, irá espalhando alegrias e prazeres por onde passar, que fatalmente reverterão para você mesma, porque a vida costuma ser assim.
         Apesar de a vida ter me mostrado que nem sempre é assim, continuo acreditando no que aprendi na infância, e isso me faz muito bem.

                                        (disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0611200502.htm)


A linguagem cumpre funções que dependem da intenção do emissor e da relação que se pretende estabelecer com o receptor, dentre outros aspectos. No trecho “Faça um pequeno esforço e diga alguma coisa que você notou e gostou;”, percebe-se a seguinte função da linguagem:

Alternativas
Comentários
  • Função apelativa ou conativa.


    É voltada para o leitor, tom imperativo, e muito encontrada em propagandas. Geralmente usa-se a 2º pessoa do discurso (tu/você; vós/vocês), vocativos e formas verbais ou expressões no imperativo. Ex: "beba coca-cola".

  • Esta função se preocupa com o destinatário, ou seja, o receptor e tem como principal objetivo convencer, persuadir alguém a fazer algo.

  • Função Conativa ou apelativa : exprime ideia de pedido, indagação ou ordem expressas no imperativo. 

  • Funções da Linguagem -> Estão sempre associadas ao objetivo discursivo ( a intenção daquele que produz o discurso )

    Geralmente uma prevalece sobre as demais.

    1a. Função Emotiva/Expressiva

              . Foco no emissor;

              . 1a pessoa; opinião; emoção

              ex.: Carta de Amor

    2a Função Conativa/Apelativa

               . Foco no receptor;

               . Você quer convencer alguém de qualquer maneira;

               . Verbos no imperativo

               ex.: Textos publicitários, propagandas, horóscopos

    3a Função Poética/Conotativa

               . Linguagem figurada ( as metáforas )

               . Dar um novo sentido a uma palavra

    4a Função Referencial/Denotativa

               . A base é a informação

               . Linguagem objetiva e clara

               ex.: textos jornalísticos e científicos

    5a Função Metalinguística

               . É centrada no código

               . Utiliza a própria palavra para explicar uma palavra ou frase

               . Linguagem típica dos dicionários

               ex.: Poema que fala sobre poesia

                     Livro e prosa que falam da arte de escrever

    6a Função fática/canal

               . Abre o canal de comunicação

               "Alô", "Oi", "Ola", "Tudo bem" etc

  • Conativa ou Apelativa!

    Voltada para o receptor! Onde tenta-se convencer o receptor de algo ou alguma coisa.

    Engraçado que o texto é enorme e o questionamento é muito simples! ( risos )

  • A função predominante do texto é a Expressiva ou Emotiva, caracterizada pela emoção, verbos em primeira pessoa, e a opnião do emissor. Agora o trecho da questão, que é o que realmente devemos nos atentar ao realizar as provas possui função Conativa ou Apelativa, centrada no receptor, verbo no imperativo.

  • Verdade Vinícius M, muito boa sua Colocação!

  • Essa foi fácil. 

  • Conotativa – Apelativa - “Comerciais” - Receptor:

    Evidência à segunda pessoa (enunciatário).

    Os comerciais são belíssimos exemplos dessa função, uma vez que sua natureza é convencer ou persuadir o destinatário.

    É comum o emprego de formas imperativas.

    Busca seduzir o leitor levando-o a adotar um deteminado comportamento.

    Na função conotativa a presença do receptor está marcada sempre por pronomes de tratamento ou da segunda pessoa e pelo uso do imperativo e do vocativo.

    Segundo a professora Isabel Veiga do QC: A intenção é de persuadir o interlocutor.É frequente, nesse tipo de texto, o emprego de verbos no imperativo e de pronomes de tratamento ou na 2º pessoa. É a função essencial dos textos publicitários.

    Exemplo:

    Compre já Venha para Caixa você também!

  • Muito fácil confundir "sentido conotativo" com "conotação" (sentido figurado) que é o contrário de "denotação" (sentido real)

  • Função Conativa ou Apelativa

    Também chamada de Apelativa, a função Conativa é caracterizada por uma linguagem persuasiva com o intuito de convencer o leitor.

    Por isso, essa função é muito utilizada nas propagandas, publicidades, discursos políticos, a fim de influenciar o receptor por meio da mensagem transmitida.

    A partir disso, esse tipo de texto costuma se apresentar na segunda ou na terceira pessoas com a presença de verbos no imperativo e o uso do vocativo.

  • Conotativa ou apelativa, pois tem a função de persuadir o leitor, convencê-lo a fazer algo.