SóProvas


ID
1236079
Banca
FUNCAB
Órgão
PRODAM-AM
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                       Internet e a importância da imprensa

       Este artigo não é sobre a pornografia no mundo virtual nem tampouco sobre os riscos de as redes sociais empobrecerem o relacionamento humano. Trata de um dos aspectos mais festejados da internet: o empowerment (“empoderamento”, fortalecimento) do cidadão proporcionado pela grande rede.
       É a primeira vez na História em que todos, ou quase todos, podem exercer a sua liberdade de expressão, escrevendo o que quiserem na internet. De forma instantânea, o que cada um publica está virtualmente acessível aos cinco continentes. Tal fato, inimaginável décadas atrás, vem modificando as relações sociais e políticas: diversos governos caíram em virtude da mobilização virtual, notícias antes censuradas são agora publicadas na rede, etc. Há um novo cenário democrático mais aberto, mais participativo, mais livre.
       E o que pode haver de negativo nisso tudo? A facilidade de conexão com outras pessoas tem provocado um novo fenômeno social. Com a internet, não é mais necessário conviver (e conversar) com pessoas que pensam de forma diferente. Com enorme facilidade, posso encontrar indivíduos “iguais” a mim, por mais minoritária que seja a minha posição.
       O risco está em que é muito fácil aderir ao seu clube” e, por comodidade, quase sem perceber, ir se encerrando nele. Não é infrequente que dentro dos guetos, físicos ou virtuais, ocorra um processo que desemboca no fanatismo e no extremismo.
       Em razão da ausência de diálogo entre posições diversas, o ativismo na internet nem sempre tem enriquecido o debate público. O empowerment digital é frequentemente utilizado apenas como um instrumento de pressão, o que é legítimo democraticamente, mas, não raras vezes, cruza a linha, para se configurar como intimidação, o que já não é tão legítimo assim...
       A internet, como espaço de liberdade, não garante por si só a criação de consensos nem o estabelecimento de uma base comum para o debate.
       Evidencia-se, aqui, um ponto importante. A internet não substitui a imprensa. Pelo contrário, esse fenômeno dos novos guetos põe em destaque o papel da imprensa no jogo democrático. Ao selecionar o que se publica, ela acaba sendo um importante moderador do debate público. Aquilo que muitos poderiam ver como uma limitação é o que torna possível o diálogo, ao criar um espaço de discussão num contexto de civilidade democrática, no qual o outro lado também é ouvido.
       A racionalidade não dialogada é estreita, já que todos nós temos muitos condicionantes, que configuram o nosso modo de ver o mundo. Sozinhos, nunca somos totalmente isentos, temos sempre um determinado viés. Numa época de incertezas sobre o futuro da mídia, aí está um dos grandes diferenciais de um jornal em relação ao que simplesmente é publicado na rede.
       Imprensa e internet não são mundos paralelos: comunicam-se mutuamente, o que é benéfico a todos. No entanto, seria um empobrecimento democrático para um país se a primeira página de um jornal fosse simplesmente o reflexo da audiência virtual da noite anterior. Nunca foi tão necessária uma ponderação serena e coletiva do que será manchete no dia seguinte.
       O perigo da internet não está propriamente nela. O risco é considerarmos que, pelo seu sucesso, todos os outros âmbitos devam seguir a sua mesma lógica, predominantemente quantitativa. O mundo contemporâneo, cada vez mais intensamente marcado pelo virtual, necessita também de outros olhares, de outras cores. A internet, mesmo sendo plural, não tem por que se tornar um monopólio.

                                       (CAVALCANTI, N. da Rocha. Jornal “O Estado de S. Paulo”, 12/05/14, com adaptações.)


“Com enorme facilidade, posso encontrar indivíduos ‘iguais’ a mim, por mais minoritária que seja a minha posição.” (§ 3)

Das modificações feitas na redação do período transcrito acima, aquela em que houve flagrante alteração do sentido original é:

Alternativas
Comentários
  • Letra E

    A primeira frase "Com enorme facilidade" não se altera em nenhuma alternativa.

    A segunda frase "posso encontrar indivíduos iguais a mim" também não se altera.

    A terceira frase "por mais minoritária que seja a minha posição" sofre alteração.

    "Por mais" introduz uma oração subordinada adverbial concessiva (ideia contrária à principal).

    a) "Mesmo sendo" é uma conjunção concessiva, introduz uma oração subordinada adverbial concessiva - Ideia contrária.

    b) "Malgrado" significa "apesar de" e é uma conjunção concessiva, introduz uma oração subordinada adverbial concessiva.

    c) "Porquanto" é uma conjunção concessiva, introduz uma oração subordinada adverbial concessiva.

    d) "Ainda que" é uma conjunção concessiva também.

    e) "Em decorrência de" pode indicar uma causa, consequência ou explicação. Ou seja, apresenta alteração do sentido original.

  • Não entendi. 

    "Por mais que", "mesmo que", "malgrado", "ainda que" são todos concessivos

    "Porquanto" e "em decorrência de" são causais.

    Ainda fui no site da FUNCAB para ver se houve alguma retificação do gabarito desse concurso mas continuou tudo como estava.

  • Luiz confundiu. Conquanto é concessivo e não porquanto. Porquanto tem essa semântica: 

     

    1. conjunção coordenativa explicativa: porque, pois, que
    2. conjunção subordinativa causal: porque, pois, como, por isso que, visto que, etc

     

    O pessoal marca útil, mas cuidado pra não aprender errado. Questão digna de ser anulada.