SóProvas


ID
1266115
Banca
FUNCAB
Órgão
PRF
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto 1
                                                        A era do automóvel

        E, subitamente, é a era do Automóvel, O monstro transformador irrompeu, bufando, por entre os descombros da cidade velha, e como nas mágicas e na natureza, aspérrima educadora, tudo transformou com aparências novas e novas aspirações.[...]
        [...] Ruas arrasaram-se, avenidas surgiram, os impostos aduaneiros caíram, e triunfal e desabrido o automóvel entrou,arrastando desvaíradamente uma catadupa de automóveis, Agora, nós vivemos positivamente nos momentos do automóvel, em que o chauffeur é rei, é soberano, é tirano.
        Vivemos inteiramente presos ao Automóvel. O Automóvel ritmiza a vida vertiginosa, a ânsia das velocidades, o desvario de chegar ao fim, os nossos sentimentos de moral, de estética, de prazer, de economia, de amor.
        [...] Passamos como um raio, de óculos enfumaçados por causa da poeira. Não vemos as árvores. São as árvores que olham para nós com inveja. Assim o Automóvel acabou com aquela modesta felicidade nossa de bater palmas aos trechos de floresta, [...] A natureza recolhe-se humilhada. Em compensação temos palácios, altos palácios nascidos do fumo de gasolina dos primeiros automóveis e a febre do grande devora-nos. Febre insopitável e benfazeja! Não se lhe pode resistir.[...]
                        (João do Rio, In: GOMES, Renato Cordeiro (Org.) Rio de Janeiro: Agir, 2005 p. 57-60.)

Vocabulário:
benfazejo: que é bem-vindo
catadupa: jorro, derramamento grande
desabrido: rude, violento
insopitável: incontrolável


Texto 2
                                                   Falta de educação e velocidade

        Os anjos da morte estão cansados de nos recolher, a nós que nos matamos ou somos assassinados no tráfego das estradas, cidades, esquinas deste país. Os anjos da morte estão exaustos de pegar restos de vidas botadas fora. [...] Os anjos da morte suspiram por todo esse desperdício.
        [...]
        Outro dia observei na televisão um motorista, apanhado a quase 200 por hora, sendo entrevistado ainda dentro do carro. Fiquei impressionada com seu sorriso idiota, o arzinho arrogante, o jeito desafiador com que encarou a câmera num silêncio ofendido, quando perguntado sobre as razões da sua insanidade. Todo o seu ar era de quem estava coberto de razão: a lei e a segurança dos outros e a dele próprio nada valiam diante da sua onipotência.
        Atenção: os jovens são - em geral, mas não sempre - mais arrojados, mais imprudentes, têm menos experiência na direção. Portanto, são mais inclinados a acidentes, bobos ou fatais, em que a gente mata e morre. Mas há um número, impressionante de adultos - mais homens do que mulheres, diga-se de passagem, porque talvez sejam biologicamente mais agressivos - cometendo loucuras ao dirigir, avançando o sinal, quase empurrando o veículo da frente com seu para-choque, não cedendo passagem, ultrapassando em locais absurdos sem a menor segurança, bebendo antes de dirigir, enfim, usando o carro como um punhal hostil ou um falo frustrado.
        [...]
        Precisamos em quase tudo de autoridade e respeito, para que haja uma reforma generalizada, passando da desordem e do caos a algum tipo de segurança e bem-estar. Os motoristas americanos e europeus impressionam pela educação. Não por serem bonzinhos ou melhores do que nós, mas porque temem a lei, a punição, a cassação da carteira, a prisão, por coisas que aqui entre nós são consideradas apenas “normais", meros detalhes, “todo mundo faz assim".
        Autoridade justa, mas muito rigorosa, é o que talvez nos deixe mais lúcidos e mais bem-educados: em casa, na escola, na rua, na estrada, no bar, no clube, dentro do nosso carro. E os fatigados anjos da morte poderão, se não entrar em férias, ao menos relaxar um pouco.
                                                                                 (Lya Luft. Revista Veja, n° 2048, 20/02/2008.)

Uma nova pontuação de trechos, retirados dos textos 1 e 2, foram  feita de forma correta e sem alterar o sentido em:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: A.

    Observem que as vírgulas, por mais que pareçam em excesso, separam termos deslocados e orações intercaladas, não se configurando como erro).

    Outro dia,(1) observei,(2) na televisão,(3) um motorista,(4) apanhado a quase 200 por hora,(5) sendo entrevistado ainda dentro do carro.

    1 – a vírgula isola o adjunto adverbial de tempo.

    2 e 3 – vírgulas isolam adjunto adverbial de lugar.

    4 e 5 – vírgulas isolam oração reduzida de particípio.


    Fonte: Comentário de professor do Aprova: http://www.aprovaconcursos.com.br/noticias/2014/05/25/gabarito-prf-2014/ 

    PS: Errei! Chutei, pois pra mim todas estavam erradas, considerando a norma culta, mas lendo depois com mais atenção, a pergunta não cita "de acordo com a norma culta" dando a entender que queria apenas a alternativa gramaticalmente correta.

  • Quando a questão é complicada, até os comentários desaparecem.

  • Colegas, não entendi. A questão pede forma correta e sem alterar o sentido.  Na letra "a" a vírgula está separando sujeito de verbo o que não pode..."um motorista , apanhado...."

    Alguém sabe explicar?

  • Examinador passível de reprovação. Erro grave no enunciado:

    Uma nova pontuação de trechos, retirados dos textos 1 e 2, foram feita de forma correta e sem alterar o sentido em:

  • Amigo,

    Outro dia,  ( Eu)  observei (VTD) , na televisão (ADV de lugar),  um motorista(OD),  apanhado a  quase  200  por  hora(Aposto),  sendo  entrevistado  ainda  dentro  do  carro(OD), (texto 2 -§ 2 ) 

  • A questão não entende a si mesma. Erro grave de concordância no enunciado. Chama a SAMU!!! KKKK

     

     

  • Questão extremamente mal formulada, a começar pelo enunciado. Precisei ler várias vezes para "adivinhar" o que o examinador queria.

  • Questão contraditoria.

  • GABARITO: "A"

     

    ALTERNATIVA "B" INCORRETA - A alteração atribui aos óculos a característica “esfumaçados", portanto, o sentido não seria preservado com a mudança proposta no item

     

    ALTERNATIVA "C" INCORRETA - Com a mudança na pontuação, as ruas surgiram e as avenidas se arrasaram, alterando-se, portanto, o sentido apresentado originalmente.

     

    ALTERNATIVA "D" INCORRETA - Observe-se que a alteração da pontuação deixa entender que é a partir da morte que se poderá relaxar, quando, originalmente, os anjos são “anjos da morte”, “da morte” é uma expressão que atribui característica dos anjos e não um agente que promove qualquer outro acontecimento.

     

    ALTERNATIVA "E" INCORRETA - A mudança transforma a ideia negativa em afirmativa.

  • a alternativa B está errada porque separou com vírgula adjunto adnominal.

     

    Passamos como um raio de óculos, enfumaçados por causa da poeira.

                                                               adjunto adnominal.

     

    não se separa com vírgula adjunto adnominal, pode-se separar adjunto adnominal caso seja deslocada para o início da frase.

    ainda tô aprendendo essas porra de adjunto adnominal, adjunto adverbial, enfim. Corrijam-me caso esteja errado.

     

     

     

  • Só acho que quem formulou a questão deveria fazer umas aulas de Português. kkkkkkk

    "Foram feita" - Foram feitaS...