SóProvas


ID
1266127
Banca
FUNCAB
Órgão
PRF
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto 1
                                                        A era do automóvel

        E, subitamente, é a era do Automóvel, O monstro transformador irrompeu, bufando, por entre os descombros da cidade velha, e como nas mágicas e na natureza, aspérrima educadora, tudo transformou com aparências novas e novas aspirações.[...]
        [...] Ruas arrasaram-se, avenidas surgiram, os impostos aduaneiros caíram, e triunfal e desabrido o automóvel entrou,arrastando desvaíradamente uma catadupa de automóveis, Agora, nós vivemos positivamente nos momentos do automóvel, em que o chauffeur é rei, é soberano, é tirano.
        Vivemos inteiramente presos ao Automóvel. O Automóvel ritmiza a vida vertiginosa, a ânsia das velocidades, o desvario de chegar ao fim, os nossos sentimentos de moral, de estética, de prazer, de economia, de amor.
        [...] Passamos como um raio, de óculos enfumaçados por causa da poeira. Não vemos as árvores. São as árvores que olham para nós com inveja. Assim o Automóvel acabou com aquela modesta felicidade nossa de bater palmas aos trechos de floresta, [...] A natureza recolhe-se humilhada. Em compensação temos palácios, altos palácios nascidos do fumo de gasolina dos primeiros automóveis e a febre do grande devora-nos. Febre insopitável e benfazeja! Não se lhe pode resistir.[...]
                        (João do Rio, In: GOMES, Renato Cordeiro (Org.) Rio de Janeiro: Agir, 2005 p. 57-60.)

Vocabulário:
benfazejo: que é bem-vindo
catadupa: jorro, derramamento grande
desabrido: rude, violento
insopitável: incontrolável


Texto 2
                                                   Falta de educação e velocidade

        Os anjos da morte estão cansados de nos recolher, a nós que nos matamos ou somos assassinados no tráfego das estradas, cidades, esquinas deste país. Os anjos da morte estão exaustos de pegar restos de vidas botadas fora. [...] Os anjos da morte suspiram por todo esse desperdício.
        [...]
        Outro dia observei na televisão um motorista, apanhado a quase 200 por hora, sendo entrevistado ainda dentro do carro. Fiquei impressionada com seu sorriso idiota, o arzinho arrogante, o jeito desafiador com que encarou a câmera num silêncio ofendido, quando perguntado sobre as razões da sua insanidade. Todo o seu ar era de quem estava coberto de razão: a lei e a segurança dos outros e a dele próprio nada valiam diante da sua onipotência.
        Atenção: os jovens são - em geral, mas não sempre - mais arrojados, mais imprudentes, têm menos experiência na direção. Portanto, são mais inclinados a acidentes, bobos ou fatais, em que a gente mata e morre. Mas há um número, impressionante de adultos - mais homens do que mulheres, diga-se de passagem, porque talvez sejam biologicamente mais agressivos - cometendo loucuras ao dirigir, avançando o sinal, quase empurrando o veículo da frente com seu para-choque, não cedendo passagem, ultrapassando em locais absurdos sem a menor segurança, bebendo antes de dirigir, enfim, usando o carro como um punhal hostil ou um falo frustrado.
        [...]
        Precisamos em quase tudo de autoridade e respeito, para que haja uma reforma generalizada, passando da desordem e do caos a algum tipo de segurança e bem-estar. Os motoristas americanos e europeus impressionam pela educação. Não por serem bonzinhos ou melhores do que nós, mas porque temem a lei, a punição, a cassação da carteira, a prisão, por coisas que aqui entre nós são consideradas apenas “normais", meros detalhes, “todo mundo faz assim".
        Autoridade justa, mas muito rigorosa, é o que talvez nos deixe mais lúcidos e mais bem-educados: em casa, na escola, na rua, na estrada, no bar, no clube, dentro do nosso carro. E os fatigados anjos da morte poderão, se não entrar em férias, ao menos relaxar um pouco.
                                                                                 (Lya Luft. Revista Veja, n° 2048, 20/02/2008.)

Palavras, sintagmas, orações associam-se, no discurso, em virtude de variadas relações semânticas, umas vezes intuídas pelo locutor/receptor graças a fatores extralinguísticos, outras explicitadas por uma numerosa gama de elementos de ligação.

À luz dessa diversidade de possibilidades, assinale a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  • Não entendi. "Falta" é substantivo? Alguém pode ajudar?

  • Depende Juliana, Falta pode ser substantivo ou verbo, dependerá de como está sendo usada na frase. Como a palavra não está sendo usada na questão comentada, não tem como te ajudar muito.


  • não entendi :(

  • Essa banca é Marota!! :(

  • FALTA -> SUBSTANTIVO FEMININO.

    LOGO O GABARITO DA QUESTÃO É A LETRA  A.
  •  FALTA DE EDUCAÇÃO E VELOCIDADE
    falta nesse caso é substantivo
    A FALTA DE EDUCAÇÃO E VELOCIDADE


  • Vamos lá, galera, esclarecer essas questões o porquê de ser uma e não outra.

     

    A) (QUESTÃO CERTA)

    "DE EDUCAÇÃO E VELOCIDADE" complementa o sentido do substantivo "FALTA", é o mesmo que dizer: 'A falta de educação e de velocidade', porém a autora utilizou figuras de lingaguem para reduzir a frase.

     

    E por quê, neste exemplo, a palavra "FALTA" não pode ser classificado como um verbo?

    Porque não se pode atribuí-lo a um sujeito. Pense dizer algo do tipo: 'Ele(a) falta de educação e velocidade', soa estranho, não é verdade? A verdade é que o verbo "FALTAR", na qualidade de VTI rege a preposição 'a' em vez 'de': «Três homens faltaram ao trabalho hoje.». Logo, se soou estranho falar o exemplo citado por mim: «Ele(a) falta de educação e velocidade», é provalvemente porque você associou o substantivo "FALTA" ao verbo CARECER, que significa «ter falta de», que rege geralmente um grupo preposicional introduzido pela preposição de, a qual, por sua vez, rege um grupo nominal:

    i) «Ele carece de educação e velocidade»

    ii) «Este texto carece de pontuação.»

    Portanto, 'FALTA' é um substantivo !

     

    B) (QUESTÃO ERRADA)

    No exemplo dado, SE é partícula apassivadora. A mesma frase pode ser parafraseada assim: «A natureza é recolhida humilhada»

     

    C) (QUESTÃO ERRADA)

    'QUE' ou 'DO QUE' (antecedidos por: mais/menos; maior/menor; melhor/ pior) é uma locução conjuntiva e não um pronome relativo. Portanto, o primeiro "QUE" é a uma locução conjuntiva subordinativa adverbial correlativa comparativa, UFFA ! que nome grande eim ! HAHA 

     

    D) (QUESTÃO ERRADA)

    A conjunção 'MAS' só é possível substituí-la pela conjunção senão, quando for antecedida por algum advérbio de negação

    i)  «Jamais conseguiremos vencer por protecionismo, senão por capacidade.»

    ii) «Por desgraça dele a primeira moeda grande que achara, não era ouro nem prata, senão ferro, duro ferro.»

     

    Fato que não pode ser possível com o segundo 'MAS'

     

    E) (QUESTÃO ERRADA) É um pronome adjetivo, funciona como adjunto adnominal de desperdício.

     

  • ALTERNATIVA "A" CORRETA  - Faltar algo. Que algo? Educação e Velocidade, ou seja, representa o recebedor, o paciente, o alvo da declaração expressa por um nome. É regido pelas mesmas preposições do objeto indireto. Difere deste apenas porque, em vez de complementar verbos, complementa nomes (substantivos, adjetivos).

     

    ALTERNATIVA "B" INCORRETA  - No trecho o sujeito é NATUREZA e o SE é pronome reflexivo.

     

    ALTERNATIVA "C" INCORRETA - Apenas na segunda ocorrência o QUE é um pronome relativo, no primeiro é conjunção subordinativa comparativa.

     

    ALTERNATIVA "D" INCORRETA - o conectivo MAS é uma conjunção coordenativa que une duas ou mais unidades (palavras, sintagmas ou orações) da mesma classe formal e mesmo valor sintático. A palavra SENÃO, no entanto, quando substantivo, significa “caso não”; quando ideia conjunctiva, significa “mas também” e tem valor aditivo; como palavra de exclusão, significa e “exceto” NÃO possuindo, portanto, a mesma força morfossemântica do conectivo “MAS”.

     

    ALTERNATIVA "E" INCORRETA - ESSE é um pronome adjetivo (Pronomes adjetivos são aqueles que acompanham, determinam e modificam os substantivos, ou seja, atribuem particularidades e características ao substantivo, como se fossem adjetivos)

  • Verbo tem valor de substantivo quando vem depois de artigo.

    No caso, estava implicito o artigo

    "A falta de educação e velocidade..."

  • Falta pode ser substantivo ou verbo, dependerá de como está sendo usada na frase. 

    a)certa.

  • Galera, não entendi o porquê da letra A

    Pelo entendimento do texto ocorrem falta de educação e ocorre muita velocidade no trânsito,

    a letra A afirmando que velocidade é complemento de FALTA, está dizendo que é FALTA DE VELOCIDADE, onde que o texto da a entender que falta velocidade?

  • o SE não é partícula apassivadora na verdade é um pronome reflexivo.]

    Quando tiver o SE e você encontrar o agente NUNCA será PIS ou PA será reflexivo ou expletiva etc..

  • O complemento nominal vem normalmente ligado por uma preposição a um substantivo abstrato, um adjetivo ou um advérbio, integrando o seu sentido ou limitando-o. ... Se for ativo, a função é de adjunto adnominal (tudo com “a” – substantivo Abstrato com idéia Ativa é Adjunto Adnominal). Se for passivo, é complemento nominal.

    No caso da questão, falta é um substantivo abstrato com valor passivo, pois a "falta" não faz executa/faz nada sozinha.

    Gabarito letra A, portanto.