SóProvas


ID
1282531
Banca
FCC
Órgão
TRF - 4ª REGIÃO
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Quando se olha para o que aconteceu no cenário cultural brasileiro durante a última década e meia, não há como escapar do impacto da tecnologia. Ela possibilitou a reorganização dos universos da música, dos filmes e dos livros. Motivou igualmente o surgimento das mídias sociais e das megaempresas que as gerenciam, além de democratizar e ampliar a produção em todas as áreas. Nunca se produziu tanto como agora.

As inovações tecnológicas modificaram completamente o debate sobre cultura, trazendo, para os próximos anos, ao menos três questões centrais. A primeira é a tensão entre as formas ampliadas de criatividade e os contornos cada vez mais restritos dos direitos autorais. Com a tecnologia, gerou-se um contingente maciço de novos produtores de conteúdo. Isso faz com que os limites do que chamamos “cultura” fiquem permanentemente sujeitos a contínuas “invasões bárbaras”, vindas dos recantos mais inusitados. Vez por outra, alguns casos simbólicos extraem essas tensões do cotidiano no qual elas ocorrem e as colocam num contexto jurídico, em que uma decisão precisa ser tomada.

O outro tema é o permanente conflito entre passado e futuro, exacerbado pela atual revolução tecnológica. Em seu livro mais recente, Retromania, o escritor e crítico inglês Simon Reynolds afirma que nosso atual uso da tecnologia, em vez de apontar novos caminhos estéticos, está criando um generalizado pastiche do passado. Vivemos num mundo onde todo legado cultural está acessível a apenas um clique. Uma das respostas inteligentes à provocação de Reynolds vem dos proponentes da chamada “nova estética”, como o designer inglês James Bridle: para eles, mesmo sem perceber com clareza, estamos desenvolvendo novos modos de representar a realidade, em que o “real” mistura-se cada vez mais a sucessivas camadas virtuais. O mundo está cheio de novidades. É só reeducar o olhar para enxergá-las, algo que Reynolds ainda não teria feito.

A tese de Reynolds abre caminho para o terceiro ponto. Na medida em que “terceirizamos” nossa memória para as redes em que estamos conectados (a nuvem), ignoramos o quanto o suporte digital é efêmero. Não existe museu nem arquivo para conservar essas memórias coletivas. Artefatos digitais culturais se evaporam o tempo todo e se perdem para sempre: são deletados, ficam obsoletos ou tornam-se simplesmente inacessíveis. Apesar de muita gente torcer o nariz à menção do Orkut, a “velha” rede social é talvez o mais rico e detalhado documento do período 2004-2011 no Brasil, já que registrou em suas infinitas comunidades a ascensão da classe C e a progressão da inclusão digital. No entanto, basta uma decisão do Google para tudo ficar inalcançável.

(Adaptado de Ronaldo Lemos. Bravo! outubro de 2012, edição especial de aniversário, p. 26)

No contexto, basta uma decisão do Google para tudo ficar inalcançável.

A função sintática do termo sublinhado acima é igual à do que se encontra, também sublinhado, em:

Alternativas
Comentários
  • Odeio o português da FCC, ÓDIO!

    Vamos lá: a primeira impressão de que temos é que o segmento exerce função de VTDI. Mas, NÃO!!!

    Coloque a frase na ordem direta: UMA DECISÃO DO GOOGLE BASTA PARA TUDO FICAR INALCANÇÁVEL. Logo, a letra B é o gabarito, pois é a única alternativa. 

  • O termo sublinhado no enunciado é sujeito, portanto todo legado...= também sujeito.

  • Eu demorei um tempinho pra marcar a questão, analisando o "basta".
    Fui primeiro pras questões e avaliei:
    a)Objeto direto
    b)Sujeito (de "está acessível")
    c)Predicativo do sujeito
    d)complemento nominal (não tenho certeza)
    e)Objeto direto.

    Depois que analisei a questão e mudei a ordem, como a Djarlene comentou "uma decisão do Google  basta para tudo ficar inalcançável". SUJEITO do verbo BASTAR: gabarito letra b.
  • Cada questão de português que erro, e não são poucas, fico conformado com o fato de, ao menos, saber ler. Passamos uma vida inteira estudando português e nunca vamos conhecer, saber, entender essa benedita gramática por completo.

  • Marquei A por que achei que fosse OD, mas não é sujeito .....A FCC é F*&¨¨% !!! :(

  • A oração está na forma indireta, colocando-a na forma direta fica:

     Uma decisão do Google basta para tudo ficar inalcançável no contexto.

    Logo, a expressão "uma decisão doo "google" é o sujeito da oração. A única opção que destaca a função sintática de sujeito é a letra B.

    Em questões como essa, o primeiro passo é observar se a oração está na forma indireta, caso esteja, coloque-a na forma direta. Isso ajudará bastante a identificar a função sintática do termo destacado. 

  • É complicado, porque de início, na falta de atenção, a primeira ideia é a de que o enunciado nos traz um OB. DIRETO.

    Daí quando procuramos nas alternativas e nos deparamos com OB. DIRETO na B e E, momento em que o cérebro pira.

    Mas quando se vê onde errou e se pesquisa, é aí que se percebe que talvez ainda falte um pouco mais de estudo para, finalmente, alcançar o sonhado objetivo da nomeação.


  • Gabarito: Letra "B"..

    Apesar de inicialmente se confundir com OD, a função é de Sujeito. Invertendo fica: Uma decisão do Google  basta para tudo ficar inalcançável. Na alternativa B fica: Todo legado cultural está acessível a apenas um clique.

  • Ótima explicação do professor! Quem tem dúvida assista.

  • uma decisão do Google basta

    SUJEITO

     

  •  É preciso ter calma e fazer a velha questão "Quem verbo?"

    Quem basta? uma decisão do Google  

                        SUJEITO

  • O que basta? Isso

     

    Isso (Sujeito) basta (VI).