SóProvas


ID
1342057
Banca
FUNCAB
Órgão
MDA
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      No primeiro dia, foi o gesto genial. Era um domingo. Ao se curvar no campo do estádio espanhol, descascar a banana, comê-la de uma abocanhada e cobrar o escanteio, Daniel Alves assombrou o mundo. Não só o mundo do futebol, esse que chama juiz de “veado” e negro de “macaco”. O baiano Daniel, mestiço de pele escura e olhos claros, assombrou o mundo inteiro extracampo. Vimos e revimos a cena várias vezes. “Foi natural e intuitivo”, disse Daniel, o lateral direito responsável pelo início da virada do Barcelona no jogo contra o Vilarreal. Por isso mesmo, por um gesto mudo, simples, rápido e aparentemente sem raiva,Daniel foi pop, simbólico, político e eficaz.
      Só que, hoje, ninguém, nem Daniel Alves, consegue ser original por mais de 15 segundos. Andy Warhol previa, na década de 1960, que no futuro todos seríamos famosos por 15 minutos. Pois o futuro chegou e banalizou os atos geniais, transformando tudo numa lata de sopa de tomate Campbell’s. A banana do Daniel primeiro reapareceu na mão de Neymar, também vítima de episódios de racismo em estádios. Neymar escreveu na rede em defesa do colega e dele próprio: “Tomaaaaa bando de racistas, #somostodosmacacos e daí?” Uma reação legítima, mas sem a maturidade do Daniel. Natural. Há quase dez anos de estrada de vida entre um e outro.
      Imediatamente a banana passou a ser triturada por milhares de “selfies”. O casal Luciano Huck-Angélica lançou uma camiseta #somostodosmacacos. Branco, o casal que jamais correu o risco de ser chamado de macaco apropriou-se do gesto genial, por isso foi bombardeado por ovos e tomates na rede, chamado de oportunista. A presidente Dilma Rousseff, em seu perfil no Twitter, também pegou carona no gesto de Daniel “contra o racismo” e chamou de “ousada” a atitude dele. Depois de ler muitas manifestações, acho que #somostodosbobos, a não ser, claro, quem sente na pele o peso do preconceito.
     “Estou há onze anos na Espanha, e há onze é igual... Tem de rir desses atrasados”, disse Daniel ao sair do gramado no domingo. Depois precisou explicar que não quis generalizar. “Não quis dizer que a Espanha seja racista. Mas sim que há racismo na Espanha, porque sofro isso em campos (de futebol) diferentes. Não foi um caso isolado. Não sou vítima, nem estou abatido. Isso só me fortalece, e continuarei denunciando atitudes racistas”.
      Tudo que se seguiu àquele centésimo de segundo em que Daniel pegou a fruta e a comeu, com a mesma naturalidade do espanhol Rafael Nadal em intervalo técnico de torneios mundiais de tênis, como se fizesse parte do script, tudo o que se seguiu àquele gesto é banal. Os “selfies”, a camiseta do casal 1.000, o tuíte de Dilma, as explicações de Daniel após o jogo, esta coluna. Até a nota oficial do Vilarreal, dizendo que identificou o torcedor racista e o baniu do estádio El Madrigal “para o resto da vida”. Daniel continuou a evitar as cascas de banana. Disse que o ideal, para conscientizar sobre o racismo, seria fazer o torcedor “pagar o mal como bem”. 


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AQUINO, Ruth de. Rev. Época : 05 maio 2014.



No enunciado seguinte, observa-se a repetição dos antropônimos “Daniel” e “Neymar”:

“ A banana do Daniel primeiro reapareceu na mão de Neymar, também vítima de episódios de racismo em estádios. Neymar escreveu na rede em defesa do colega e dele próprio ‘[...] #somostodosmacacos e daí?’ Uma reação legítima, mas sem a maturidade do Daniel.” (§ 2)

Para evitá-la, pode-se fazer remissão à primeira ocorrência de cada um desses nomes, empregando (com os ajustes porventura necessários):

Alternativas
Comentários
  • Emprego em relação ao discurso entre dois ou três fatos citados:

    o que foi citado primeiro: aquele;
    o do meio: esse;
    o que foi citado por último: este.

  • Item correto, letra "E"

    Complementando:

    Emprego de esteesse e aquele em relação a três termos:

    Este: indica o que se referiu por último.
    Esse: se refere ao penúltimo.
    Aquele: indica o que se mencionou em primeiro lugar.

    Ex: O velho, o índio e o negro são discriminados por motivos diversos: aquele, por ser improdutivo para a sociedade de consumo; esse, por ser considerado atrasado e preguiçoso;este, por não se ter libertado, ainda, do estigma da escravidão.


  • É só ver que, quanto à posição textual. "Este" retoma o último termo citado e "aquele" retoma o primeiro termo citado. Ambos, nesta perspectiva, são elementos anafóricos.

  • Este se referiu a Daniel  e aquele se referiu a Neymar, que foi citado primeiro.

  • Para fazer referência a dois elementos já citados na frase , usa-se ESTE para indicar o último elemento e usa-se AQUELE para indicar o primeiro elemento.

    Exemplo: Paulo e João são bons alunos, mas este é mais inteligente que aquele. ESTE= João      AQUELE= Paulo.

  • Mas porque não é a letra B, uma vez que Daniel foi citado primeiro (Aquele) e Neymar por último (Este). Nessa sequência, teríamos Aquele e Este não o contrário. (B - Aquele-este / E- Este-aquele)

  • José Chagas, a B está errada devido ao uso dos pronomes demonstrativos ser em função da proximidade dos nomes na frase. Usa-se "este" para indicar o nome mais próximo a que se refere (que no caso seria "neymar"), e "aquele" para o nome mais distante ("daniel"), e não em ordem de ocorrência.


    Espero ter ajudado :)

  • GABARITO E

    Os pronomes este e aquele referem-se a elementos já mencionados na fala ou na escrita. Este indica o mais próximo; aquele, o mais distante.

    Este = indica como mais próximo o "Neymar".

    Aquele = indica como mais distante "Daniel".