SóProvas


ID
1348270
Banca
FGV
Órgão
COMPESA
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Eu e ele

No vertiginoso mundo dos computadores o meu, que devo ter há uns quatro ou cinco anos, já pode ser definido como uma carroça. Nosso convívio não tem sido muito confortável. Ele produz um texto limpo, e é só o que lhe peço. Desde que literalmente metíamos a mão no barro e depois gravávamos nossos símbolos primitivos com cunhas em tabletes até as laudas arrancadas da máquina de escrever para serem revisadas com esferográfica, não havia processo de escrever que não deixasse vestígio nos dedos. Nem o abnegado monge copiando escrituras na sua cela asséptica estava livre do tinteiro virado. Agora, não. Damos ordens ao computador, que faz o trabalho sujo por nós. Deixamos de ser trabalhadores braçais e viramos gerentes de texto. Ficamos pós-industriais. Com os dedos limpos.

Mas com um custo. Nosso trabalho ficou menos respeitável. O que ganhamos em asseio perdemos em autoridade. A um computador não se olha de cima, como se olhava uma máquina de escrever. Ele nos olha na cara. Tela no olho. A máquina de escrever fazia o que você queria, mesmo que fosse a tapa. Já o computador impõe certas regras. Se erramos, ele nos avisa. Não diz “Burro!”, mas está implícito na sua correção. Ele é mais inteligente do que você. Sabe mais coisas, e está subentendido que você jamais aproveitará metade do que ele sabe. Que ele só desenvolverá todo o seu potencial quando estiver sendo programado por um igual. Isto é, outro computador. A máquina de escrever podia ter recursos que você também nunca usaria (abandonei a minha sem saber para o que servia “tabulador”, por exemplo), mas não tinha a mesma empáfia, o mesmo ar de quem só aguenta os humanos por falta de coisa melhor, no momento.

Eu e o computador jamais seríamos íntimos. Nosso relacionamento é puramente profissional. Mesmo porque, acho que ele não se rebaixaria ao ponto de ser meu amigo. E seu ar de reprovação cresce. Agora mesmo, pedi para ele enviar esta crônica para o jornal e ele perguntou: “Tem certeza?”

(Luís Fernando Veríssimo)

“Mesmo porque, acho que ele não se rebaixaria ao ponto de ser meu amigo.”

Os conectores no início desse segmento têm valor de

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: A


    "Eu e o computador jamais seríamos íntimos. Nosso relacionamento é puramente profissional. Mesmo porque, acho que ele não se rebaixaria ao ponto de ser meu amigo."



    Consequência: "Eu e o computador jamais seríamos íntimos". 


    Causas: Nosso relacionamento é puramente profissional E (adição) ele não se rebaixaria ao ponto de ser meu amigo.


  • Acréscimo??

  • O conector "mesmo" indica inclusão, acréscimo, equivalendo a "inclusive, até". O conector "porque" introduz uma ideia causal. Logo, a opção correta é a A. 

    Gabarito A.

  • Não há nenhuma ideia de oposição ou concessão no trecho. Logo, letra A.

  • 06. A

    Nosso relacionamento é puramente profissional. Mesmo porque, acho que ele não se rebaixaria ao ponto de ser meu amigo.”

    Nesse segmento, os conectores sublinhados têm valor de acréscimo e causa, respectivamente. O primeiro equivale a “Inclusive”, “até”. O segundo introduz oração em que se explicita a causa do que foi afirmado no período imediatamente anterior.

  • fiquei espantado em ver mais de 50% de erros numa questão fácil como essa, comparada ao nível FGV. Não a relação de oposição nem de concessão, logo só pode ser a letra A

  • Ricardo, seu comentário é simplesmente arrogante e desnecessário. Pode ser fácil para quem sabe, mas existem pessoas que podem sentir dificuldade com a questão. Seu comentário não acrescentou em nada. Venho aqui nos comentários esperando a explicação de algum colega e me deparo com algo que não acrescenta nada à nossa comunidade do Qconcursos. Vc poderia ficar calado da próxima vez ou, quem sabe, tentar colaborar de forma positiva com os demais colegas. Arrogância e soberba não estão com nada.

    NO MAIS, bons estudos.

  • Ricardo, fiquei igualmente espantado ao ver você iniciar um período com letra minúscula e utilizar o verbo haver, no sentido de existir, sem "h" e acento agudo no "a": "Não a relação de oposição...". 

  • Em se tratando de FGV,  esse "ricardo" tá lascado!kkkkkk , uma vez que, a expressão "a nivel de" e "em nível de" é considerado vícios de linguagens. Até agora estou espantada de ver como uma pessoa com poucas palavras conseguiu falar tanta merda.

  • Comentários da elaine gomes e mazoathaydejunior me ajudaram para entender a questão melhor.

    bons estudos