SóProvas


ID
1365877
Banca
FGV
Órgão
AL-MA
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto I

Cobrar responsabilidade

No início do mês, um assaltante matou um jovem em São Paulo com um tiro na cabeça, mesmo depois de a vítima ter lhe passado o celular. Identificado por câmeras do sistema de segurança do prédio do rapaz, o criminoso foi localizado pela polícia, mas - apesar de todos os registros que não deixam dúvidas sobre a autoria do assassinato - não ficará um dia preso. Menor de idade, foi "apreendido" e levado a um centro de recolhimento. O máximo de punição a que está sujeito é submeter-se, por três anos, à aplicação de medidas "socioeducativas".

Não é um caso isolado na crônica de crimes cometidos por menores de idade no país. Mas houve, nesse episódio de São Paulo, uma circunstância que o transformou em mais um exemplo emblemático do equivocado abrigo legal que o Estatuto da Criança e do Adolescente confere a criminosos que estão longe de poderem justificar suas ações com o argumento da imaturidade: ao disparar friamente contra o estudante paulista, a assaltante estava a três dias de completar 18 anos. Pela selvageria do assassinato, o caso remete à barbárie de que foi vítima, no Rio, o menino João Hélio, em 2007. Também nesse episódio, um dos bandidos que participaram do martírio do garoto estava a pouco tempo de atingir a maioridade.

Nos dois casos, convencionou-se, ao anteparo do ECA, que a diferença de alguns dias - ou, ainda que o fosse, de alguns meses -teria modificado os padrões de discernimento dos assassinos. Eles não saberiam o que estavam fazendo. É um tipo de interpretação que anaboliza espertezas da criminalidade, como o emprego de menores em ações - inclusive armadas - de quadrilhas organizadas, ou serve de salvo-conduto a jovens criminosos para afrontar a lei.

O raciocínio, nesses casos, é tão cristalino quanto perverso: colocam-se jovens, muitos dos quais mal entraram na adolescência, na linha de frente de ações criminosas porque, protegidos pelo ECA, e diante da generalizada ruína administrativa dos órgãos encarregados de aplicar as medidas socioeducativas, na prática eles são inimputáveis. Tornam-se, assim, personagens de vestibulares para a entrada em definitivo, sem chances de recuperação, numa vida de crimes.

É dever do Estado (em atendimento a um direito inalienável) prover crianças e adolescentes com cuidados, segurança, oportunidades, inclusive de recuperação diante de deslizes sociais. Neste sentido, o ECA mantém dispositivos importantes, que asseguram proteção a uma parcela da população em geral incapaz de discernir entre o certo e o errado à luz das regras sociais. Mas, se estes são aspectos consideráveis, por outro lado é condenável o viés paternalista de uma lei orgânica que mais contempla direitos do que cobra obrigações daqueles a quem pretende proteger.

O país precisa rever o ECA, principalmente no que tange ao limite de idade para efeitos de responsabilidade criminal. É uma atitude que implica coragem (de enfrentar tabus que não se sustentam no confronto com a realidade) e o abandono da hipocrisia (que tem cercado esse imprescindível debate).

(O Globo, 22/04/2013)

Leia o fragmento a seguir e responda às questões 02 e 03.

"No início do mês, um assaltante matou um jovem em São Paulo com um tiro na cabeça, mesmo depois de a vítima ter lhe passado o celular. Identificado por câmeras do sistema de segurança do prédio do rapaz, o criminoso fo i localizado pela polícia, mas - apesar de todos os registros que não deixam dúvidas sobre a autoria do assassinato - não ficará um dia preso".

Considerando-se a norma culta, assinale a afirmativa incorreta.

Alternativas
Comentários
  • Por que não pode ser a "c"?

  • Isso, por que não pode ser a C? Por favor, solicitem comentário do professor!

  • Por favor solicitem também a explicação do professor também.

  • Ao pedir a alternativa incorreta o enunciado da questão fica confuso. Pois a letra "e" é a única que aponta para uma inadequação gramatical presente no texto, o que a torna a única assertiva correta da questão. Penso que o "incorreta" presente no enunciado foi usado de modo inapropriado.

  • solicitado ao professor, questão confusa!


  • Eu também marquei a questão C

  • eu tb respondi a letra C 

  • Letra C

    Muita gente confunde "câmara" com "câmera", e acho que VEJA incidiu no mesmo erro.
    Joselito Ferreira da Silva
    Presidente Prudente, SP

    Resposta:
    VEJA emprega a grafia "câmara"em todos os sentidos que a palavra assume. O vocábulo provém do grego "kamára", que significa abóbada. Note-se que a nova edição do dicionário "Aurélio" se estende ao longo de dezesseis tópicos ao registrar "câmara" – um dos quais se refere justamente ao equipamento para captar imagens. Ao verbete "câmera" o dicionarista confere apenas a condição de variante de "câmara" em algumas poucas acepções. 

    A forma paralela "câmera" teria surgido por influência do inglês, segundo o gramático Domingos Paschoal Cegalla. Em "Não Erre Mais", o professor de português Luiz Antonio Sacconi condena o uso da forma variante em construções como "câmera fotográfica".

    Eis por que VEJA prefere "câmara" a "câmera". Não há autor que desabone essa escolha, qualquer que seja o significado da palavra.


    FONTE: http://veja.abril.com.br/idade/educacao/erros_acertos/temas/camara.html

  • As duas formas estão empregadas corretamente( câmara e câmera)

    http://duvidas.dicio.com.br/camara-ou-camera/.

  • Nunca consigo acertar  todas as questões em uma sequencia de questões da FGV =(

  • Questão extremamente confusa, não consegui entender oque a banca queria!

  • Acredito que a opção E estava "mais incorreta" pelo fato de ter mencionado que o pronome oblíquo ficaria solto entre dois verbos.

  • Sei nao......o gabarito é letra E, mas, pelo que estudei sobre colocação pronominal, seria facultativo o uso do hífen no verbo auxiliar de uma locução verbal. Tanto "ter lhe passado" quanto "ter-lhe passado" seria considerado correto. Alguém pode me esclarecer ? Fiquei confusa, rs.

  • Questão estranha, pois pede o comentário inadequado e,portanto, incorreto, 

    Segundo a explicação do professor, seria assim:

    Letra A: correta, pois há mesmo um uso excessivo de "de", que poderia ter sido evitado

    Letra B: correta, pois há mesmo a falta de combinação ( o que se justifica pelo fato do vocabulo "vítima" ser o sujeito da oração)

    Letra C: correta, pois não pode haver a troca involuntária de "câmera" para "câmara" (segundo o professor, os usos não se confundem. Essa eu achei a mais esquisita, principalmente após um comentário, abordando a possibilidade do uso das duas formas para designar o aparelho fotográfico)

    Letra D: correta, pois o uso de travessões se deu inadequadamente. (O comentário veiculado entre travessões, deveria ter aparecido entre vírgulas, por se tratar de mera explicação.)

    Letra E: INCORRETA, pois o pronome oblíquo NÃO ficou solto. (Trata-se de próclise em relação ao verbo "passado", hipótese que se coaduna com a norma culta.) 

    Acho q esta alternativa era a única que apresentou uma inadequação não ocorrida no texto com uma explicação incorreta. As demais tratavam de hipóteses de correição do texto, sem qualquer explicação.  

  • Eu hein. Questão muito estranha.

  • A Cada Dia Essa Banca Fica Mais Confusa. Passei 2 Minutos Tentando Adivinhar o Que a Banca Queria, ACERTEI. PQP

  • Para mim essa questão está incorreta.

    "Com o verbo principal no particípio (passado), faz-se a colocação segundo o tempo do verbo auxiliar (ter).

    E a ênclise ocorre em casos de verbo no infinito impessoal: "ter".

    Deveria ser, "ter-lhe passado".

  • O difícil aqui foi entender o que a Banca queria... 

  • Questão muitíssimo mal formulada. 

  • Camera e câmara são dois termos que podem designar a mesma realidade - equipamento de filmar/fotografar. Camera é um estrangeirismo, importado do inglês, e câmara é a palavra portuguesa, que, como tantas outras, é polissémica. ... Não misturar a grafia das duas palavras, dando origem a uma outra que não existe: *câmera

  • "Considerando-se a norma culta:

      Ter-lhe passado (norma culta)

    Ter lhe passado = Coloquial

  • Cabe recurso...embargos de declaração. rsrsrs

     

  • A questão pede uma assertiva errada. 

    Quando se diz:   C) Troca involuntária de "câmera" para "câmara".

    A assertiva está CORRETA

    Aqui, utilize sinônimos para involuntária: forçada, obrigada, IMPENSADA.

    OU SEJA, a troca de "câmera" para "câmara" é IMPENSADA, FORÇADA, INADEQUADA

     

    Portanto, a assertiva está correta ao dizer "Troca involuntária de câmera para câmara".

    Quanto aos outros itens, vejam o comentário da colega Bianca Lourenço.

  • Questão polêmica acredito que essa banca deseja que bruxos gabaritem essas questões pessimamente mal formuladas.

  • PDK: SENADO FEDERAL

  • Diferentemente dos colegas, considerei que a questão (pessimamente formulada) queria que identificássemos a única violação à norma culta que de fato aconteceu no texto.

    As alternativas A, B, C e D não trazem explicações corretas, ao meu ver:

    LETRA A: a repetição do "DE" é perfeitamente justificável e não viola a norma culta.

    LETRA B: a ausência de combinação (que, na verdade, é contração) é não apenas possível, mas obrigatória, já que o termo posterior exerce função de sujeito.

    LETRA C: não se pode dizer que houve troca involuntária, mesmo porque os dois termos estão corretos no caso.

    LETRA D: um dos usos do travessão é justamente para separar frases explicativas intercaladas.

    Portanto, entendo que a única violação que de fato ocorreu foi a descrita na LETRA E, pois a grande maioria dos gramáticos considera que é obrigatório o uso do hífen sempre que o pronome átono se posiciona depois do verbo auxiliar ou depois verbo do principal em locuções verbais. É o que diz um artigo do site Migalhas intitulado "Pronome átono e locuções verbais", só dar um Google (o link não está indo por aqui).

  • o quê?

  • Segundo alguns gramáticos, como Cegalla, o hífen no pronome oblíquo átono após o verbo auxiliar no tempo composto é facultativo, em regra.

    E) Ausência de hífen em "ter lhe passado", deixando o pronome oblíquo solto entre dois verbos.

    "Ter lhe passado" e "ter-lhe passado" estão corretos, e o fato de não haver hífen não compromete a norma culta.