SóProvas


ID
1383928
Banca
FCC
Órgão
TJ-AP
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                            A floresta das parteiras

     Elas nasceram do ventre úmido da Amazônia, do extremo norte do Brasil, do Estado ainda desgarrado do noticiário chamado Amapá. O país não as escuta porque perdeu o ouvido para os sons do conhecimento antigo, a toada de suas cantigas. Muitas desconhecem as letras do alfabeto, mas leem a mata, a água e o céu. Emergiram dos confins de outras mulheres com o dom de pegar menino. Sabedoria que não se aprende, não se ensina nem mesmo se explica. Acontece apenas. Esculpidas por sangue de mulher e água de criança, suas mãos aparam um pedaço do Brasil.

     O grito feminino ecoa do território empoleirado no cocuruto do mapa para lembrar ao país que nascer é natural. Não depende de engenharia genética ou operação cirúrgica, não tem cheiro de hospital. Para as parteiras da floresta, que guardaram a tradição graças ao isolamento geográfico de seu berço, é mais fácil compreender que um boto irrompa do igarapé para fecundar moça donzela do que aceitar que uma mulher marque dia e hora para arrancar o filho à força. Quase toda a população do Amapá, menos de meio milhão de habitantes, chega ao mundo pelas mãos de setecentas pegadoras de menino.

     Encarapitadas em barcos ou tateando caminhos com os pés, a índia Dorica, a cabocla Jovelina e a quilombola Rossilda são guias de uma viagem por mistérios antigos. Cruzam com Tereza e as parteiras indígenas do Oiapoque. Unidas todas elas pela trama de nascimentos inscritos na palma da mão. “Pegar menino é ter paciência”, recita a caripuna Maria dos Santos Maciel, a Dorica, a mais velha parteira do Amapá, com 96 anos. “Parteira não tem escolha, é chamada nas horas mortas da noite para povoar o mundo.”

(Adaptado de: BRUM, Eliane. O olho da rua: uma repórter em busca da literatura da vida real. São Paulo: Globo, 2008, p. 19-20)

Muitas desconhecem as letras do alfabeto, mas leem a mata, a água e o céu.

Sem efetuar qualquer outra alteração na frase, o termo mas será corretamente substituído, tendo-se o sentido e a estrutura frasal preservados, de acordo com a norma- padrão da língua portuguesa, por

Alternativas
Comentários
  • Gabarito A - Conjunção mas tem ideia de oposição.

  • Alternativa letra A

    Mas: Conjunção Coordenada Sindética Adversativa,indicando oposição/contraste; ex.: Ele estudou bastante,mas não foi aprovado.

    Mas: contudo, porém, todavia, entretanto.


  • "Embora" é uma conjunção concessiva. Para quem está começando a estudar o conteúdo agora, a confusão entre concessão e adversão será natural. 

  • Fácil esta heim...!!

    Adversativasligam duas orações ou palavras, expressando ideia de contraste ou compensação. São elas:mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não obstante
  • Mas, no sentido de conjunção coordenativa adversativa. Mas, porém, todavia, contudo, entretanto, senão, no entanto, ainda assim, e sim, e não, e (=mas).

    Ressalto que a conjunção embora, de sentido concessivo, é uma conjunção subordinativa, tal como conquanto, a despeito de que, não obstante, apesar de que, ainda que, malgrado, mesmo que, ainda quando, mesmo quando, posto que, por mais que, por muito que, por menos que, se bem que, em que pese a que, nem que, dado que, sem que (= embora não).


  • "Mas, porém, contudo, todavia, entretanto..."

    Professor Girafales.

  • Mas = Contudo = Conjunção Coordenativa Adversativa! ;)

  • Uma ressalva ao bom comentário da Marcinha: portanto é nexo conclusivo!

  • Questão de mau gosto.

    Lógica da questão!

    A palavra embora é conhecida nas gramáticas como conjunção concessiva. As conjunções concessivas são de orações subordinadas. "Oração subordinada adverbial concessiva" 

    Observe a frase da questão "Muitas desconhecem as letras do alfabeto, mas leem a mata, a água e o céu.". A frase é uma oração coordenada adversativa.  As palavras mas e contudo são conhecidas nas nossas gramáticas como conjunções adversativas.

    Por que o mau gosto?

    Tanto as orações coordenadas adversativas quanto as subordinadas concessivas dão ideia de contraste, oposição. 

    Dessa forma, podemos usar a concessiva sem que haja perda do seu sentido original. Observe: "Muitas desconhecem as letras do alfabeto, embora leem a mata, a água e o céu."

    Ainda sim há ideia de oposição e contraste.

     Eles perguntam " tendo-se o sentido e a estrutura frasal preservados..."      estranho!

    Acho que a FCC considerou que usar o "embora" mudaria a estrutura frasal, transformando-a numa subordinada. Pegadinha do malandro.

    Foco e fé!


  • Atenção com o apesar de (concessiva) com o apesar disso (adversativa).

  • Muitas desconhecem as letras do alfabeto, mas, contudo, porém,todavia, não obstante, no entanto, entretanto, a mata, a água e o céu. 

    Ou seja, todas conjunções adversativas. 


    GAB LETRA A

  • Vamos ser mais didáticos galera! 

    a) Contudo - Resposta correta. O sentido do "mas" é de oposição.
    b) Embora - Não pode ser pois não há concordância com o verbo LER. Deveria ser "LEIAM"
    c) Apesar de - Não pode ser pois "apesar de" não têm dependência entre: desconhecer o alfabeto; ler; mata; água e céu. São coisas opostas. As pessoas não sabem ler, mas leem outras coisas.
    d) Portanto - sem nexo. Poderia ser cortada de cara.
    e) Como - sem nexo. Poderia ser cortada de cara.
  • Apesar de e embora dão também uma ideia de oposição, porém, a estrutura frasal precisaria ser alterada... Por isso o erro dessas alternativas.

    Muitas desconhecem as letras do alfabeto, mas leem a mata, a água e o céu. 

    Muitas desconhecem as letras do alfabeto, embora leiam a mata, a água e o céu. 

    Muitas desconhecem as letras do alfabeto, apesar de lerem a mata, a água e o céu. 



  • Mas = Contradição. fim de papo ;... Ruma à aprovação

  • CONJUNÇÃO COORDENADA SINDÉTICA ADVERSATIVA

    ---> mas

    ---> porém

    ---> no entanto

    ---> contudo

    ---> entretanto

    ---> todavia