SóProvas


ID
1387870
Banca
FCC
Órgão
TCE-GO
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Não surpreende que, em todo lugar, esteja em curso uma corrosão do sono, dada a dimensão do que está economicamente em jogo.

Já em meados do século XVII, a incompatibilidade do sono com noções modernas de produtividade passou a ser notada. Descartes, Hume e Locke foram apenas alguns dos filósofos que apontavam para a sua irrelevância na busca do conhecimento.

Última das “barreiras naturais", para usar a expressão de Marx, à completa realização do capitalismo "24 horas", o sono não pode ser eliminado. Mas pode ser arruinado e despojado, e existem métodos e motivações para destruí-lo.

Pesquisas recentes mostram que cresce exponencialmente o número de pessoas que acordam uma ou mais vezes durante a noite para verificar mensagens ou informações. Uma figura de linguagem recorrente e aparentemente inócua é o sleep mode [modo de hibernação], inspirada nas máquinas. A ideia de um aparelho em modo de consumo reduzido e de prontidão transforma o sentido mais amplo do sono em mera condição adiada ou diminuída de operacionalidade.

O dano ao sono é inseparável do atual desmantelamento da proteção social em outras esferas. Estado mais privado e vulnerável de todos, o sono depende crucialmente da sociedade para se sustentar. Um dos exemplos vívidos da insegurança do estado de natureza no Leviatã de Thomas Hobbes é a vulnerabilidade de um indivíduo adormecido diante dos inúmeros perigos de cada noite. Assim, uma obrigação rudimentar dos membros da comunidade é oferecer segurança para os que dormem, não apenas contra perigos reais, mas - igualmente importante - contra a ansiedade e temores que geram.

Diversos pressupostos fundamentais a respeito da coesão das relações sociais se aglutinam em torno da questão do sono - na reciprocidade entre vulnerabilidade e confiança, entre exposição e proteção.

(Adaptado de: Revista Piauí. Ed. 96, 09/14)

Considerando-se o contexto, está correto o que se afirma em:

Alternativas
Comentários
  • No item C) o primeiro dá uma ideia de finalidade e o segundo dá uma ideia de condição.

    Supressão pelo dicionário HOUAISS tem o significado de SUPRIMIR, EXTINGUIR ETC

    Já o dano (de acordo com o texto) é algo parcial.

  • Gabarito: A

    B) inócua tem o significado de que não faz dano, inofensiva. 

    C) o colega já justificou: 1ª ocorrência valor de finalidade e na 2ª de condição

    D) Porquanto: 1. conjunção coordenativa explicativa: porque, pois, que
    2. conjunção subordinativa causal: porque, pois, como, por isso que, visto que, etc

    E) supressão à vigília não é a mesma coisa de sono.

  • Na "D", não vislumbrei esse sentido de condição. Alguém poderia explicar?

  • Sobre a letra D:

    A banca quis induzir ao candidato que "porquanto" tivesse o mesmo valor que a conjunção "portanto". Se fosse esta última, seria válido.

    Conclusivas

    Exprimem conclusão ou consequência referentes à  oração anterior. As conjunções típicas são: logo, portanto pois (posposto ao verbo). Usa-se ainda: então, assim, por isso, por conseguinte, de modo que, em vista disso, etc. Introduzem as orações coordenadas sindéticas conclusivas.

    Exemplos:

    Não tenho dinheiro, portanto não posso pagar.
    A situação econômica é delicada; devemos, pois, agir cuidadosamente.
    O time venceu, por isso está classificado.
    Aquela substância é toxica, logo deve ser manuseada cautelosamente.