SóProvas


ID
1391953
Banca
COSEAC
Órgão
CLIN
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Primavera

1 A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.

2 Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, - e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.

3 Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jaipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, - e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.

4 Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.

5 Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, - e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.

6 Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.

7 Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento em que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, - e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora, se entendeu e amou.

8 Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.

9 Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, - por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida - e efêmera.

(MEIRELES, Cecília. "Cecília Meireles - Obra em Prosa?, Vol. 1. Nova Fronteira: Rio de Janeiro, 1998, p. 366.)

"Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul." (§ 8)

Das alterações feitas na oração adjetiva do período acima, está INADEQUADA ao padrão culto da língua a seguinte:

Alternativas
Comentários
  • B = Sobre os quais.

  • Beijinhos = padrão culto da língua?

    Alguém pode me ajudar?

  • "sobre" quer dizer "acima" e "sob" quer dizer "abaixo". Sobre os passarinhos reflete o nascer do sol.

  • refletem


  • "cujo" não deve ficar sempre entre substantivos ???

  • Eronildes "cujo" estabelece relação de posse entre substantivos,repare " passarinhos novos,cujo beijinhos..."

    beijinhos de quem ? de novos(adjetivo) ? ,não, beijinhos dos passarinhos tanto agradam ao ar azul.

    Ex: O aluno cuja mãe esteve na escola. mãe do aluno esteve na escola.(relação de posse).

    O pronome "cujo" não concorda com o seu antecedente, mas com o consequente. Equivale a do qual, da qual, dos quais, das quais.

    E pode ser precedido por preposição, assim quando o verbo pedir.


  • O que reflete, reflete sobre alguma coisa. E não sob .

  • "prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, sob o qual reflete o nascer do sol."

    "Sussurro, o qual reflete" e não "Sussurro, os quais reflete". Erro de concordancia verbal!

  • Diferenças entre as preposições sob e sobre

     

    As preposições sob e sobre, embora sejam palavras parecidas, são exemplos de antonímia e, por isso, devem ser empregadas em situações distintas.

     

    Sob: A preposição sob tem sua origem no latim sub. É empregada em situações em que seu significado corresponde a “embaixo de”, “em estado de”, “sujeito à influência ou ao comando de algo ou alguém”

     

    Sobre: A preposição sobre também tem sua origem no latim — super. É empregada em situações em que seu significado corresponde a “em cima de”, “acima de” ou “a respeito de”.

     

     

    Fonte: http://portugues.uol.com.br/gramatica/preposicoes-sob-sobre.html

  •  a regência do verbo "agradar", no sentido de satisfazer, contentar, é indireta, ou seja, alguma coisa ou alguém  agrada "a" algo/alguém:

    O espetáculo agradou ao público.

    A mesma regência tem o verbo oposto,  “desagradar”: 

    O filme desagradou à crítica.

    Importante: quando "agradar" significa fazer carinho, afagar, ele é transitivo direto, portanto rege complemento sem preposição:

    Todas as noites, o pai agrada (=afaga) os filhos.

    Fonte   http://www.portuguesnarede.com/2013/06/regencia-agradar-o-espetaculo-agradou-o.html