SóProvas


ID
1445071
Banca
FCC
Órgão
CNMP
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                            Falsificações na internet

    Quem frequenta páginas da internet, sobretudo nas redes sociais, volta e meia se depara com textos atribuídos a grandes escritores. Qualquer leitor dos mestres da literatura logo perceberá a fraude: a citação está longe de honrar a alegada autoria. Drummond, Clarice Lispector, Guimarães Rosa e Fernando Pessoa, por exemplo, jamais escreveriam banalidades recheadas de lugares comuns, em linguagem capenga e estilo indefinido. Mas fica a pergunta: o que motiva essas falsificações grosseiras de artistas da palavra e da imaginação?
    São muitas as justificativas prováveis. Atrás de todas está a vaidade simplória de quem gostaria de ser tomado por um grande escritor e usa o nome deste para promover um texto tolo, ingênuo, piegas, carregado de chavões. Os leitores incautos mordem a isca e parabenizam o fraudulento, expandindo a falsificação e o mau gosto. Mas há também o ressentimento malicioso de quem conhece seus bem estreitos limites literários e, não se conformando com eles, dispõe-se a iludir o público com a assinatura falsa, esperando ser confundido com o grande escritor. Como há de fato quem confunda a gritante aberração com a alta criação, o falsário dá-se por recompensado enquanto recebe os parabéns de quem o “curtiu".
    Tais casos são lamentáveis por todas as razões, e constituem transgressões éticas, morais, estéticas e legais. Mas fiquemos apenas com a grave questão da identidade própria que foi rejeitada em nome de outra, inteiramente postiça. Enganar-se a si mesmo, quando não se trata de uma psicopatia grave, é uma forma dolorosa de trair a consciência de si. Os grandes atores, apoiando-se no talento que lhes é próprio, enobrecem esse desejo tão humano de desdobramento da personalidade e o legitimam artisticamente no palco ou nas telas; os escritores criam personagens com luz própria, que se tornam por vezes mais famosos que seus criadores (caso de Cervantes e seu Dom Quixote, por exemplo); mas os falsários da internet, ao não assinarem seu texto medíocre, querem que o tomemos como um grande momento de Shakespeare. Provavelmente jamais leram Shakespeare ou qualquer outro gênio citado: conhecem apenas a fama do nome, e a usam como moeda corrente no mercado virtual da fama.
    Tais fraudes devem deixar um gosto amargo em quem as pratica, sobretudo quando ganham o ingênuo acolhimento de quem, enganado, as aplaude. É próprio dos vícios misturar prazer e corrosão em quem os sustenta. Disfarçar a mediocridade pessoal envergando a máscara de um autêntico criador só pode aprofundar a rejeição da identidade própria. É um passo certo para alargar os ressentimentos e a infelicidade de quem não se aceita e não se estima.

                                                                                                                       (Terêncio Cristobal, inédito)

Muita gente nos engana valendo-se das páginas da internet.

A transposição da frase acima para a voz passiva implicará

Alternativas
Comentários
  • "Muita gente nos engana valendo-se das páginas da internet."

    "Muita gente engana a nós" (valendo-se das páginas da internet) 

    "Nós somos enganados por muita gente que se vale das páginas da internet."

    O verbo "enganar" é, de fato, transitivo direto (golpistas tentam enganar os incautos, pessoas enganam as outras, há quem tente enganar os próprios sentimentos). Em todas essas situações, o verbo aparece em sua regência original, sem preposição.

    Em Drummond, no poema "Legado", lemos o seguinte: "Tu não me enganas, mundo, e eu não te engano a ti". Os pronomes átonos "me" e "te" são objetos diretos de "enganar". Do mesmo modo, o pronome tônico "ti", que, obrigatoriamente, é antecedido de preposição ("a ti"), é objeto direto de "enganar".

  • Gabarito: Letra E

    "MUITA GENTE NOS ENGANA valendo-se das páginas da internet. 
    Valendo-se das páginas da internet, NÓS SOMOS ENGANADOS POR MUITA GENTE."

    Letra A: ERRADO. "muita gente" não é sujeito, mas sim agente da passiva.
    Letra B: ERRADO. "páginas da internet" não é sujeito, mas sim faz parte do objeto indireto do verbo valer, pois quem se vale, se vale DE alguma coisa.
    Letra C: ERRADO. "enganam-nos" não é a forma verbal da voz passiva, mas sim da voz ativa.
    Letra D: ERRADO. "internet" não é sujeito do verbo valer, mas sim faz parte do complemento verbal desse verbo.
    Letra E. CORRETO. Na voz passiva "Nós somos enganados", "nós" assume o papel de sujeito.

  • Muita gente nos engana valendo-se das páginas da internet. 

     MUITA GENTE ENGANA A NÓS (DE QUE FORMA? VALENDO-SE DAS PÁGINAS DA INTERNET)
    VOZ PASSIVA NOS SOMOS ENGANADOS POR MUITA GENTE 
    a utilização de muita gente como sujeito. (ERRADO) b a utilização de páginas da internet como sujeito. (ERRADO)

    a utilização da forma verbal enganam-nos.(ERRADO)

    em que o sujeito de valendo-se passe a ser internet. (ERRADO)

    em que o sujeito de enganar passe a ser nós.(CORRETO)

  • Pessoal! Vamos pedir o comentário do professor em todas as questões? Assim melhoraremos nosso conhecimento...beleza?

  • Muita gente nos engana (voz ativa)
    Nós somos enganados por muita gente (passiva analítica)

    Alguém pode me dizer como ficaria  na voz passiva sintética?

  • DICA:  Só podem ser transpostos para a voz passiva os VTD e os VTDI.

    Faz a pergunta ao verbo.  

    ( O QUÊ) -   VTD    QUEM GRAVA, GRAVA O QUÊ?  Quem subsidia, subsidia o quê, ALGO?

    ( QUEM) -   VTDI

    - Quem compartilha, compartilha O QUÊ, ALGO ?     VTD

     

    VOZ ATIVA   Os revestimentos das paredes isolam o calor 

                                     Sujeito                          VTD        OD

     

    VOZ PASSIVA     O calor         é       +       isolado                         pelos revestimentos das paredes.

                                   Sujeito     VL          (locução verbal)                     Agente da passiva 

     

  • Há duas vozes passivas : a análitica( lembra do particípio ADO, EDO, IDO, onde o A de ADO lembra A de ANALÍTICA), em que usamos o verbo SER+Particípio, e a sintética que usa a 3ª pessoa + pronome apassivador "se".

     

    Pratica que dá boa.

  • Pessoal, apenas a 1ª parte da frase que deve ser transposta, "valendo-se" é VTI e por isso não se transpõe para a voz passiva, desta forma, façamos a seguinte transposição:

     

    Voz Ativa = "Muita gente (SUJ) nos (OD) engana (VTD)" 

    Voz Passiva Analítica = "Nós (SUJ) somos enganados (Locução da passiva) por muita gente (Agente da Passiva)"

     

    "e) em que o sujeito de enganar passe a ser nós" --> CORRETO!!! O Sujeito de enganar era "muita gente" e passou a ser "nós".