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ID
1752355
Banca
FCC
Órgão
TRT - 9ª REGIÃO (PR)
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

    A Áustria entrou para a história da inteligência do século 20 como fonte de gênios − Sigmund Freud, o criador da psicanálise, e o pintor expressionista Egon Schiele são alguns deles. Em outra face, menos vistosa, foi também um dos berços mentais do nazismo. Numa perspectiva mais amena, vastas regiões do país são conhecidas pela sua beleza inóspita, altas montanhas, desfiladeiros e precipícios onde a neve e o verde competem, sob a proteção de hospedarias pitorescas, para atrair turistas ao som da música típica do Tirol.

    Lá viveu, também, Thomas Bernhard (1931-1989), um dos mais agressivos escritores do século passado − e alguém que, radicado na Áustria desde criança, dedicou sua vida a falar mal do país, a ponto de tornar esse mal-estar um dos pontos centrais de sua arte. Um dos itens de seu testamento foi a proibição expressa de que peças suas fossem representadas e seus textos inéditos fossem publicados no país − o mesmo país que, hoje, subsidia a tradução de seus livros para o resto do mundo. Podemos nos perguntar como um projeto aparentemente tão limitado − que um leigo creditaria a uma mera expressão de ressentimento confessional − possa de fato se transformar em grande literatura. Em livros como O náufrago, Árvores abatidas e Extinção, um narrador exasperado e aparentemente sem rumo, que se realiza em frases a um tempo irresistíveis e intermináveis, vai como que destruindo a golpes de medida impaciência qualquer possibilidade de remissão humana.

    Um exemplo: “Num hotel do centro de Viena, cidade que sempre tratou pensadores e artistas com a maior falta de consideração e desfaçatez possíveis e que poderia com certeza ser chamada de o grande cemitério de fantasias e das ideias, porque dilapidou, desperdiçou e aniquilou um número mil vezes maior de gênios do que aqueles aos quais de fato emprestou fama e renome mundial, foi encontrado morto um homem que, com absoluta clareza de pensamento, deixou registrado num bilhete o verdadeiro motivo de seu suicídio, bilhete que, então, prendeu ao paletó." O trecho é de um dos textos que compõem O imitador de vozes.

    Distinta de suas narrativas mais conhecidas, a obra mantém intactas a linguagem e a verve de Thomas Bernhard. Há um humor sombrio em todas as páginas, mas nada se reduz a uma anedota − o leitor ri de algo que não consegue controlar ou definir.

    Este meticuloso painel do desespero se compõe de breves relatos aparentemente jornalísticos, casos curiosos ou inexplicáveis. O narrador dessas histórias, em que não há quase nada de onírico ou alegórico, frequentemente é uma representação coletiva: “chamou-nos a atenção", “conhecemos um homem". Esse “nós", que nunca se apresenta, é a representação de um coro, uma voz coletiva, o temível “senso comum" − ou a voz da Áustria, que Thomas Bernhard transformou numa província asfixiante e opressiva e numa das obras mais desconcertantes da literatura ocidental.

(Adaptado de: TEZZA, Cristovao. Disponível em: http://www.cristovaotezza.com.br/textos/p_resenhas.htm)

Considere as afirmações abaixo.

I. No segmento... que um leigo creditaria a uma mera expressão de ressentimento confessional... (2º parágrafo), podem-se substituir os travessões por vírgulas.

II. Sem prejuízo do sentido e da correção, no segmento ...altas montanhas, desfiladeiros e precipícios onde a neve e o verde competem..., o elemento sublinhado pode ser substituído por: “cuja". (1º parágrafo) 

III. Sem prejuízo da correção, uma pontuação alternativa para o segmento que inicia o 4º parágrafo é: Distinta de suas narrativas mais conhecidas, a obra mantém intactas, a linguagem e a verve de Thomas Bernhard.

Está correto o que se afirma APENAS em 

Alternativas
Comentários
  • Erros:
    III-Mantêm   
    II-Cujo +(a) ou (o).


  • I- TROCA TROCA SEM ALTERAÇÃO É VÍRGULA POR TRAVESSÃO. 

    II- Onde sempre para lugar.

    onde com verbos que não indiquem movimento.

    "cuja (a) neve..." não usaria em nenhuma hipótese o cujo, "nunca enfie artigo no cujo"

    III- NÃO SE USA VÍRGULA ENTRE O SUJEITO E O VERBO

  • Olá pessoal, acredito que o sujeito seja a obra. Nesse caso, não pode haver vírgula entre a oração e termo integrante (objeto direto, complemento nominal, etc.). 

  • I) Correta

    II) Ficaria "Cuja A" - Incorreto. obs: cujo é o único pron. relativo que sugere posse. Não apresenta sinônimos! Onde só pode se referir a lugar.

    III) a vírgula está incorreta, pois separa o verbo do complemento.

  • I) correta, travessões e virgulas são utilizadas da mesma forma, no contexto, caso explicativo, notemos o pronome relativo "que" remetendo o termo anterior CORRETA;

    II)ONDE = em que, nas quais (CASO DA QUESTÃO) e outra CUJA +A não é admitido artigo nem antes nem depois ERRADA;

    III) A vírgula separou o verbo do complemento ERRADA

    GAB LETRA A

  • acredito que MANTÉM (sj = obra) no ítem III está correto. O errado mesmo seria separar o complemento com vírgula.

  • ai meu deus! esse cujo só me dá dor de cabeça! rs

  • ATENÇÃO: Só se pode fazer alteração de um pronome por CUJO quando houver sentido de POSSE!

  • Após o pronome cujo não se admite artigo!

  •  

    ERROS:

    II) NÃO TROQUE SEU CUJO POR QUASE NADA. NORMALMENTE PARA SE TROCAR  ''CUJO '' POR ALGUMA COISA, SÃO NECESSÁRIAS MODIFICAÇÕES NA FRASE. TAL PRONOME NÃO ADMITE ARTIGOS POSTERIORES A ELE (CUJO O / CUJO A). ALÉM DO QUE O CUJO EXPRESSA RELAÇÃO DE POSSE, CONCORDANDO COM O TERMO SUBSEQUENTE. O QUE CAUSARIA MUDANÇA BRUSCA DE SENTIDO.

     

    III) A VÍRGULA APÓS INTACTAS, SEPARA O VERBO '' MANTER '' DO SEU COMPLEMENTO '' A LINGUAGEM ''

     

     

    ACERTO:

    I) VÍRGULAS, TRAVESSÕES OU PARENTESES PODERIAM TER SIDO USADOS. BASTA QUE SEJAM USADOS EM PARELHA, DUAS VEZES. UMA P/ ABRIR E OUTRA PRA FECHAR ESSA INTERCALAÇÃO

     

     

    É ISSO, ERROS, AVISE-ME :)

     

     

    GAB A

  • acredito que o erro da III foi utilizar apenas uma vírgula, pois, já que o termo intactas está deslocado, e por ser curto, as vírgulas são facultativas, porém se usadas deve ser uma antes e outra após o termo

    a ordem da oração sem deslocamento seria:

    ...a obra mantém a linguagem e a verve de Thomas Bernhard intactas.