SóProvas


ID
175723
Banca
FCC
Órgão
TRT - 9ª REGIÃO (PR)
Ano
2010
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Pensando os clássicos

Os pensadores da antiguidade clássica deixaram-nos um
tesouro nem sempre avaliado em sua justa riqueza. O filósofo
Sêneca, por exemplo, mestre da corrente estoica, legou-nos
uma série preciosa de reflexões sobre a tranquilidade da alma
- este é o título da tradução para o português. É ler o livrinho
com calma e aprender muito. Reproduzo aqui três fragmentos,
para incitar o leitor a ir atrás de todo o restante.

I. Quem temer a morte nunca fará nada em prol dos
vivos; mas aquele que tomar consciência de que
sua sorte foi estabelecida já na sua concepção
viverá de acordo com a natureza, e saberá que
nada do que lhe suceda seja imprevisto. Pois,
prevendo tudo quanto possa de fato vir a suceder,
atenuará o impacto de todos males, que são fardos
somente para os que se creem seguros e vivem na
expectativa da felicidade absoluta.

II. Algumas pessoas vagam sem propósito, buscando
não as ocupações a que se propuseram, mas
entregando-se àquelas com que deparam ao acaso.
A caminhada lhes é irrefletida e vã, como a das
formigas que trepam nas árvores e, depois de subir
ao mais alto topo, descem vazias à terra.

III. Nossos desejos não devem ser levados muito
longe; permitamos-lhes apenas sair para as proximidades,
porque não podem ser totalmente reprimidos.
Abandonando aquilo que não pode acontecer
ou dificilmente pode, sigamos as coisas próximas
que favorecem nossa esperança (...). E não
invejemos os que estão mais alto: o que parece
altura é precipício.

São princípios do estoicismo: aprender a viver sabendo
da morte; não se curvar ao acaso, mas definir objetivos; viver
com a consciência dos próprios limites. Nenhum deles é fácil de
seguir, nem Sêneca jamais acreditou que seja fácil viver. Mas a
sabedoria dos estoicos, que sabem valorizar o que muitos só
sabem temer, continua viva, dois mil anos depois.

(Belarmino Serra, inédito)

As normas de concordância verbal estão plenamente acatadas na frase:

Alternativas
Comentários
  • LETRA B!

    A)CABIA aos filósofos

    B)CORRETA = questões específicas OCORRESSEM

    C)Nenhum .... DEVERIA

    D)DEVE corresponder a cada um

    E)RESERVAM-SE as recompensas

  • a) Não devem os leitores de hoje imaginar que cabiam aos filósofos antigos preocupar-se com questões que já não fazem sentido. ERRADA, a conjução "que" introduz uma oração subordinada substantiva objetiva direta, por essa razão a conjução integrante "que" traz consigo a de singularidade, o verbo não deve flexiona-se por causa de "filósofos". Ele deve permanecer no plural "...imaginar que cabe aos filósofos..."

    b) Leitores de hoje, não devemos imaginar que a um filósofo clássico ocorressem tão somente questões específicas de sua época histórica. CORRETA, apesar de parecer incorreta por causa dessa discordancia aparente, a Língua Portuguesa não considera esse fenomeno um desvio da língua padrão, o que atrapalha muita gente, contudo não conseguir identificar se ocorre um ANACOLUTO ou uma SILEPSE DE NÚMERO, quem souber me isso responder por favor mande um MP pra meu perfil.

    c) Nenhum de nossos desejos, de acordo com Sêneca, deveriam transpor nossos limites, fronteiras que se deve sempre determinar. ERRADA, muita gente acha que quando o SUJEITO da oração tem uma palavra no plural o VERBO deve estar no plural, cuidado nesse caso  não, pois "Nenhum de nossos antepassados ..." o  núcleo do sujeito é NENHUM (sujeito simples) o verbo deve concordar com o núcleo do sujeito o resto da frase é do sujeito é adjunto adnominal, nesse caso.

    d) A cada um dos princípios do estoicismo devem corresponder, como se postulavam entre os estoicos, lúcida e consequente iniciativa nossa. ERRADA, a organizadora gosta de fazer isso para derrubar os desatentos, repare que o núcleo do sujeito é UM "...um dos principios...", por essa simples razão o verbo deve estar no singular e concordando com o núcleo do sujeito.

    e) Àqueles que não temem refletir sobre a morte reserva- se as recompensas de uma vida mais lúcida e mais intensa. ERRADA, veja que o sujeito é absoluto Àqueles (ELES), "reserva-se"  deve concordar com eles, perceba que "sobre a morte" tem função sintatica objeto indireto de refletir e por isso o verbo não deve concordar com o objeto e sim com o núcleo do sujeito.

    Valeu Gaelra!

    Bons estudos!

  • Sobre a Letra "A":

    O sujeito de "cabia", na 2 oração, não é "filosófos". Aliás, o sujeito nunca pode vir preposicionado: "aos filósofos". Colocando numa ordem direta a 2 oração: " Preocupar-se com as questões que já não fazem sentido cabia aos filosofos antigos."

    A FCC dificilmente coloca uma frase na ordem direta quando tende a avaliar o conhecimento sobre conc. verbal. Uma grande dica pra esse tipo de questão, é colocar a frase na ordem direta. O resto é só com treino e estudo da gramatica.
     

  • Interessante o comentário do colaborador Fernandes Marinho.

    Realmente existe concordância irregular na sentença "B". A sentença se faz com a ideia contida na frase, e não com o termo expresso.

    Assim, trata-se de Silepce !!

    Dentre os 3 gêneros de silepce achei o de "número" o mais congruente.

    A concordância se faz com o número gramatical implícito. Assim, o verbo "ocorrer" está no plural em concordância com a ideia contida no substantivo "a um filósofo".

  • Opção B) correta - Neste caso, temos um exemplo aparentemente de anacoluto - figura de linguagem que consiste na quebra da estrutura sintática da oração. A figura de linguagem parece ter sido introduzida apenas para "dificultar" o entendimento da concordância verbal da frase. Segundo Douglas Tufano, em sua obra "Minigramática - Estudos de Língua Portuguesa", da Ed. Moderna, o tipo de anacoluto mais comum é aquele em que um determinado termo parece que vai ser o sujeito da oração ("Leitores de hoje"), mas de repente a construção frasal se modifica e ele acaba sem função sintática. Outro exemplo: “E a menina, para não passar a noite só, era melhor que fosse dormir na casa de uns vizinhos”. (de Rachel de Queiroz). Referências: 1) http://www.infoescola.com/linguistica/anacoluto/ 2) http://www.graudez.com.br/literatura/figling.htm, 3) http://www.bondfaro.com.br/livros--minigramatica-estudos-de-lingua-port-tufano-douglas-8516015246.html, 4) http://www.brasilescola.com/gramatica/silepsefigura-linguagem-que-causa-duvidas-na-concordancia-.htm e 5) http://www.infoescola.com/portugues/silepse/.
  • Leitores de hoje, não devemos imaginar que a um filósofo clássico ocorressem tão somente questões específicas de sua época histórica.

    Coloquemos a frase em sua forma direta:

    Leitores de hoje, nao devemos imaginar que questoes especificas de sua epoca ( sujeito) ocorressem( verbo concordando com o sujeiro) tão somente a um filosofo classico( Ob Inditreto).
  • A) Não devem  os leitores de hoje imaginar/ que cabiam (errado) aos filósofos antigos preocupar-se com questões /que já não fazem sentido.

    ordem direta: os leitores de hoje não devem imaginar... 

    ordem direta :preocupar-se com questões (verbo transitivo indireto + se- fica no singular- sujeito indeterminado) .

    ordem direta: preocupar-se com questões (sujeito oracional) CABIA aos filósofos antigos... 

    *** questões que já não fazem sentido. QUE é pronome relativo e se refere ao termo que o antecede, no caso, "questões. 

      b) Leitores de hoje, não devemos imaginar que a um filósofo clássico ocorressem tão somente questões específicas de sua época histórica.  CORRETO 

    ordem direta:  tão somente questões ... ocorressem a um filósofo clássico   (sujeito posposto) 

      c) Nenhum de nossos desejos, de acordo com Sêneca, deveriam transpor nossos limites, fronteiras que se deve sempre determinar. ERRADO 

    NENHUM ... DEVERIA transpor 

      d) A cada um dos princípios do estoicismo devem corresponder, como se postulavam entre os estoicos, lúcida e consequente iniciativa nossa.  ERRADO

    A CADA UMA... - NÃO PODE SER SUJEITO PORQUE ESTÁ PREPOSICIONADO 

    ordem direta: Lúcida e consequente iniciativa nossa  DEVE corresponder...  (núcleo do sujeito= iniciativa nossa)

      e) Àqueles que não temem refletir sobre a morte reserva- se as recompensas de uma vida mais lúcida e mais intensa. ERRADO

    RESERVA-SE (VTD + SE) O QUE VEM DEPOIS É SUJEITO PACIENTE - As recompensas ... RESERVAM-SE...

  • a) Não devem os leitores de hoje imaginar que cabiam aos filósofos antigos preocupar-se com questões que já não fazem sentido. (ERRADA)

    Não faz sentido preocupar com questões. Os filosófos antigos preocupavam com questões. Os leitores de hj não devem imaginar.

    b) Leitores de hoje, não devemos imaginar que a um filósofo clássico ocorressem tão somente questões específicas de sua época histórica. (CORRETA)

    Questões específicas de sua época histórica ocorriam a um filósofo clássico. 

    c) Nenhum de nossos desejos, de acordo com Sêneca, deveriam transpor nossos limites, fronteiras que se deve sempre determinar. (ERRADA)

    Fronteiras devem-se determinar.

    d) A cada um dos princípios do estoicismo devem corresponder, como se postulavam entre os estoicos, lúcida e consequente iniciativa nossa. (ERRADA)

    A cada um dos princípios do estoicismo deve corresponder...

    e) Àqueles que não temem refletir sobre a morte reserva-se as recompensas de uma vida mais lúcida e mais intensa. (ERRADA)

    As recompensas de uma vida mais lúcida e mais intensa reservam-se àqueles que não temem refletir sobre a morte.

  • alternativa b

     

    Leitores de hoje, (nós - sujeito subentendido) não DEVEMOS IMAGINAR (locução verbal) [que a um filosofo clássico OCORRESSEM tão somente QUESTÕES ESPECÍFICAS DE SUA EPÓCA HISTÓRICA]. 

     

    sujeito da locução verbal - devemos imaginar - nós (sujeito oculto, subentendido. O verbo principal da locução verbal é responsável pela transitivade, imaginar é verbo transitivo dirieto e possui como objeito direto a frase entre colchetes: que a um filosofo clássico... 

    sujeito do vervo ocorressem - questões especificas. 

    Frase na ordem direta:  Leitores de hoje, (nós) não devmos imaginar que questões específicas de sua epóca histórica ocorresem tão somente a um filósofo clássico.