SóProvas


ID
1790647
Banca
FCC
Órgão
DPE-RR
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Por volta de 1968, impressionado com a quantidade de bois que Guimarães Rosa conduzia do pasto ao sonho, julguei que o bom mineiro não ficaria chateado comigo se usasse um deles num poema cabuloso que estava precisando de um boi, só um boi.

      Mas por que diabos um poema panfletário de um cara de vinte anos de idade, que morava num bairro inteiramente urbanizado, iria precisar de um boi? Não podia então ter pensado naqueles bois que puxavam as grandes carroças de lixo que chegara a ver em sua infância? O fato é que na época eu estava lendo toda a obra publicada de Guimarães Rosa, e isso influiu direto na minha escolha. Tudo bem, mas onde o boi ia entrar no poema? Digo mal; um bom poeta é de fato capaz de colocar o que bem entenda dentro dos seus versos. Mas você disse que era um poema panfletário; o que é que um boi pode fazer num poema panfletário?

      Vamos, confesse. Confesso. Eu queria um boi perdido no asfalto; sei que era exatamente isso o que eu queria; queria que a minha namorada visse que eu seria capaz de pegar um boi de Guimarães Rosa e desfilar sua solidão bovina num mundo completamente estranho para ele, sangrando a língua sem encontrar senão o chão duro e escaldante, perplexo diante dos homens de cabeça baixa, desviando-se dos bêbados e dos carros, sem saber muito bem onde ele entrava nessa história toda de opressores e oprimidos; no fundo, dentro do meu egoísmo libertador, eu queria um boi poema concreto no asfalto, para que minha impotência diante dos donos do poder se configurasse no berro imenso desse boi de literatura, e o meu coração, ou minha índole, ficasse para sempre marcado por esse poderoso símbolo de resistência.

      Fez muito sucesso, entre os colegas, o meu boi no asfalto; sei até onde está o velho caderno com o velho poema. Mas não vou pegá-lo − o poema já foi reescrito várias vezes em outros poemas; e o meu boi no asfalto ainda me enche de luz, transformado em minha própria estrela.

(Adaptado de: GUERRA, Luiz, "Boi no Asfalto", Disponível em: www.recantodasletras.com.br. Acessado em: 29/10/2015) 

Alterando-se as orações justapostas no segmento Digo mal; um bom poeta é de fato capaz de colocar o que bem entenda... (2° parágrafo), de modo que se obtenha uma subordinação que mantenha, em linhas gerais, o sentido original, deve-se usar a conjunção

Alternativas
Comentários
  • Gabarito Letra B

    no trecho acima, o advérbio, cujo sentido seria objeto de subordinação, é o causal: "Digo mal, porque um bom poeta é de fato capaz de colocar o que bem entenda"

    Advérbios causais: porque, visto que, já que, uma vez que, como, visto como, dado que, na medida em que, etc.

    a) ainda que. = concessivo
     

    c) caso.= condicional
     

    d) contanto que.= condicional
     

    e) a fim de que.= finalidade


    bons estudos

  • Renato, muito boa explicação. Obrigada!

  • Opa, ''contanto que'' não é concessiva, é condicional.

     

    Semelhante a se, caso, desde que, etc.

  • Exemplo de oração Justaposta (sem conectivos):

    Inclinei-me, apanhei o embrulho, segui para casa.

     

     

    Frase:

     

     

    Tudo bem, mas onde o boi ia entrar no poema? Digo mal; um bom poeta é de fato capaz de colocar o que bem entenda dentro dos seus versos.

     

     

    O que está justaposto (sem conectivo)?

     

     

    Tudo bem, mas onde o boi ia entrar no poema? Digo mal, (por causa que) um bom poeta é de fato capaz de colocar o que bem entenda dentro dos seus versos.

     

     

    Conectivos Causais: PORQUE, QUE, POIS, NA MEDIDA EM QUE, COMO (ordem inv.), PORQUANTO, VISTO QUE, JÁ QUE, UMA VEZ QUE VISTO COMO, DADO QUE, DESDE QUE, HAJA VISTA

     

     

    Alterando-se as orações justapostas de modo que se obtenha uma subordinação que mantenha, em linhas gerais, o sentido original:

     

     

    Tudo bem, mas onde o boi ia entrar no poema? Digo mal, porque um bom poeta é de fato capaz de colocar o que bem entenda dentro dos seus versos.

     

     

     

    Gab: Letra B

     

     

    Outras Alternativas

     

     

     

    a) ainda que. = concessivo (EMBORA, CONQUANTO, A DESPEITO DE QUE, EM QUE PESE A QUE, APESAR DE QUE, AINDA QUE, MESMO QUE, POSTO QUE, MALGRADO, AINDA QUANDO , MESMO QUANDO, POR MAIS QUE, POR MUITO QUE, POR MENOS QUE, SE BEM QUE, NÃO OBSTANTE, NEM QUE, DADO QUE, SEM QUE (= embora não), QUANDO

    c) caso. = condicional (SE, CASO, CONTANTO QUE, EXCETO SE, SALVO SE, DESDE QUE, SEM QUE, A NÃO SER QUE, A MENOS QUE, DADO QUE, QUANDO

    d) contanto que. = condicional  (SE, CASO, CONTANTO QUE, EXCETO SE, SALVO SE, DESDE QUE, SEM QUE, A NÃO SER QUE, A MENOS QUE, DADO QUE, QUANDO

    e) a fim de que. = final (PARA QUE, A FIM DE QUE)

     

     

    obs.: o colega Renato. (que se diga de passagem, comenta muito bem todas as alternativas) se equivocou. contanto que é CONDICIONAL e não CONCESSIVA, como disse o colega Renato.

  • --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Digo mal; um bom poeta é de fato capaz de colocar o que bem entenda dentro dos seus versos.

    Relação de causa e consquência.

     

    Causa -> um bom poeta é de fato capaz de colocar o que bem entenda dentro dos seus versos.

     

    Consequência -> Digo mal

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  • Renato, trata-se de conjunções e não de advérbios...

  • Porque, pois.

  • Pessoal, a princípio, eu fiquei na dúvida também, sem saber qual conjunção usar. Mas lendo o parágrafo do texto da pra saber.

  • Eu só entendi a questão após ler o 2° parágrafo. Observem que a expressão "Digo mal", vem depois de uma pergunta, portanto é uma resposta ao questionamento.

     

     

  • Sobre minha leitura:
    A consequência é a colocação do boi no panfleto, tedo como causa o comentário de causa que um bom ... é capaz de ....()

  • Acho que nessa questão a palavra chave seria o conhecimento simples do conceito de orações justapostas.

  • EU NÃO ENTENDI A QUESTÃO :((

  • rebecca, o sujeito queria colocar o boi de Guimarães em todos seus poemas, ao ser questionado - parece que por ele mesmo -, ele repensa a pergunta. "Digo mal; (POIS/PORQUE/VISTO QUE/HAJA VISTA...) um bom poeta é de fato capaz de colocar o que bem entenda dentro dos seus versos."

    A conjunção vem explicar o porquê que ele diz mal.

     

    Tendeu?

  • Lixo. N dá nem p reciclar.