EUA recebem papa Francisco em meio à discussão
política, religiosa e moral
O papa Francisco chegará a uma base militar
nos arredores da capital americana nesta terça-feira
(22) à tarde para abrir sua primeira visita aos Estados
Unidos, e o presidente Barack Obama estará lá para
recebê-lo. É um gesto que o presidente não estendeu a
praticamente visitante estrangeiro algum.
Era de se esperar. Para Obama, talvez não haja
aliado mais potente no mundo em sua busca para
alterar o arco da história – para usar uma frase favorita
dele – do que um papa que o ajudou a restabelecer
relações diplomáticas com Cuba e que já falou
publicamente sobre questões como a desigualdade
econômica, imigração, alterações climáticas e de
reforma da justiça penal.
No entanto, se parece provável que a visita do
papa fortalecerá Obama em algumas de suas
prioridades, ela também ocorre em um momento
político com grande foco em questões morais, onde os
dois diferem. Desta forma, o papa Francisco e os
ensinamentos da Igreja oferecerão um impulso
oportuno também para os conservadores que vêm
criticando a prisão de uma servidora que se recusou a
emitir certidões de casamento para casais do mesmo
sexo e para os adversários do aborto que estão
buscando cortar o dinheiro federal destinado ao
programa Planned Parenthood (planejamento familiar).
As interpretações conflitantes marcam os
riscos ao se tentar classificar qualquer papa no
espectro binário da esquerda e da direita na política
americana. Na Casa Branca e no Capitólio, os líderes
dizem que Francisco não pode ser entendido em
termos estritamente políticos. Mas em Washington,
onde tudo é política – incluindo a religião – os dois
lados envolvidos na eterna discussão esperam tirar o
máximo proveito dos três dias de visita do papa à sede
do poder.
Provavelmente, isso será mais fácil para
Obama e os democratas. Assim como o papa João
Paulo 2º foi considerado mais alinhado com a missão
anticomunista do presidente Ronald Reagan,
Francisco é visto como simpático às prioridades de
Obama. Alguns católicos conservadores referem-se a
Francisco ironicamente como "o papa de Obama",
enquanto alguns candidatos presidenciais
republicanos católicos expressaram educadamente ter
discordâncias com o líder de sua igreja.
"Talvez haja algumas mensagens que
possamos respeitosamente discordar ou ter
diferenças, mas acreditamos que, em muitos dos itens
importantes, as mensagens essenciais vão repercutir
com as políticas do presidente", disse Charles
Kupchan, assessor de Obama. "E, nesse aspecto,
estamos esperando que a sua autoridade moral nos
ajude a avançar muitos dos itens que temos em alta
conta em nossa agenda política".
O papa chegará depois de uma parada em
Cuba, destacando a abertura diplomática viabilizada
por ele, em parte. Após a pompa de uma cerimônia de
boas-vindas oferecida por Obama na Casa Branca na
quarta-feira, Francisco discursará em uma sessão
conjunta do Congresso na quinta-feira – a primeira de
um papa – a convite do presidente da Câmara, John
Boehner, republicano católico de Ohio.
Por toda Washington, foram distribuídos
folhetos exortando as pessoas a "unirem-se ao papa
Francisco na promoção de ações morais pela justiça
climática", um tema que ele abordará na ONU
(Organização das Nações Unidas) quando deixar
Washington. Durante uma parada na Filadélfia, Francisco deve falar sobre justiça penal em linhas
semelhantes às de Obama quando pede pela redução
de longos aprisionamentos de infratores não violentos.
Disponível em:
http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias
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