SóProvas


ID
1970809
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
UFMT
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Quando a ciência supera a ficção

Marcelo Gleiser

    Semana passada, algo de extraordinário ocorreu. Após passar 31 meses hibernado, enquanto cruzava o espaço a uma distância de 800 milhões de quilômetros do Sol, a sonda Rosetta, da Agência Espacial Europeia, enviou uma mensagem para a central de controle vinculada à missão: “Olá, mundo!”

     Rosetta acordou e agora se aproxima do Sol e de seu alvo, o cometa 67P/Churyamov-Gerasimenko. Se tudo correr bem, no dia 11 de Novembro, Rosetta enviará a sonda Philae, que pesa apenas 100 kg, para pousar na superfície do cometa. Será o primeiro pouso de um objeto criado por humanos num cometa.

    O pouso em si será incrivelmente difícil, já que a gravidade do cometa, que tem apenas quatro quilômetros de diâmetro, é praticamente nula. Philae terá que usar uma combinação de arpões e garras capazes de se fixar no gelo para se agarrar ao cometa. Será mais como laçar um touro do que pousar na Lua.

    Antes disso, Rosetta acompanhará o cometa enquanto ele vai se aproximando do Sol. E aqui a coisa fica interessante, como os leitores que viram o filme Armageddon devem se lembrar: à medida que o cometa vai se aproximando do Sol, sua superfície vai esquentando e seu material começa a sublimar. Com isso, vemos daqui a cauda do cometa, que, como os cabelos de uma pessoa, sempre aponta na direção do vento. Neste caso, no da radiação proveniente do Sol.

     Cometas são bolas de gelo e poeira, restos do material que formou o Sol e os planetas, 4,6 bilhões de anos atrás. Encontram-se na periferia do Sistema Solar, com tamanhos variando de alguns metros a aproximadamente 10 km de diâmetro. Por estarem longe e isolados, guardam a memória da origem do Sistema Solar: estudá-los significa também estudar a nossa origem.

    A sonda Philae, armada de uma série de instrumentos científicos, mandará imagens da superfície do cometa e de sua vizinhança. Estudará, também, a composição química da superfície do cometa, buscando, em particular, por material orgânico. Usando uma broca, chegará 23 cm abaixo da superfície para coletar amostras do solo.

    Isso tudo será feito remotamente, quando a sonda estiver a centenas de milhões de quilômetros da Terra. Imagine pilotar um robô a essa distância...

    Existem dois mistérios profundamente interligados com cometas: a origem da água na Terra e a própria origem da vida. Segundo algumas teorias, uma fração significativa da água na Terra veio de cometas e protoplanetas que caíram aqui durante os primeiros 500 milhões de existência do Sistema Solar. Ninguém sabe de onde veio a água aqui, e esses estudos serão úteis para elucidar a questão.

    Também sabemos que cometas têm matéria orgânica, isso é, relacionada com a vida, incluindo vários aminoácidos. Será interessante verificar se o cometa 67P/ChuryamovGerasimenko tem aminoácidos e se suas propriedades são como as dos aminoácidos terrestres. Se cometas caíram aqui no passado remoto, é possível que tenham inseminado a Terra com os materiais que geraram a vida. Vivemos numa época em que uma sonda criada por nós pode pousar nesse objeto tão distante e inóspito. É nessas horas que a ciência supera a ficção.

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/2014/01/1402687- quando-a-ciencia-supera-a-ficcao.shtml o.

A expressão destacada que NÃO constitui locução verbal se encontra em

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: D

    "Imagine pilotar" não é uma locução verbal.

     Os verbos causativos (deixar, mandar, fazer e sinônimos) são chamados assim, porque naturalmente são a causa da outra ação verbal, já os sensitivos (ver, ouvir, olhar, sentir e sinônimos) que são aqueles que trabalham um dos aspectos sensitivos não formam locução Esses verbos têm estrutura parecida com a locução verbal, mas não são. Eles são verbos distintos.

    No caso,IMAGINE é um verbo sensitivo e por isso não forma locução.

  • A frase da letra D não tem verbo auxiliar.

  • “Imagine pilotar um robô a essa distância...”

     

    Imagine = VTD

    pilotar um robô a essa distância = OD

  • "Imagine pilotar um robô a essa distância..."

    COLOCANDO NA ORDEM:

    --> (Você) Imagine um robô pilotar a essa distância...

    OBS: Em uma questão como essa fique atento quando eles apresentarem uma "locução verbal", identifique se há algum ver no IMPERATIVO.

  • Pessoal, então verbo imperativo não constitui locução verbal? quem puder responder essa, agradeço!

  • locuções verbais são sequência de dois ou mais verbos que, juntos, exercem função morfológica de um só verbo. Ou seja, uma única semântica. São formadas por um ou mais verbos auxiliares e verbo principal.

     

    a) “Philae terá que usar uma combinação...” Alternativa incorreta. Observe que “terá que usar” traz semântica única: obrigação de usar.

    b) “...uma sonda criada por nós pode pousar...” Alternativa incorreta. Neste caso, há uma única semântica: possibilidade de usar.

    c) “...e seu material começa a sublimar.” Alternativa incorreta. Observe que “começar a sublimar” expressa único valor.

    d) “Imagine pilotar um robô a essa distância...” Alternativa correta. Aqui temos dois verbos e, não, locução verbal. Observe que há duas ações distintas: “imaginar” e “pilotar”. Então, não se trata de locução verbal.

    e) “...enquanto ele vai se aproximando do Sol.” Alternativa incorreta. “Ir se aproximando” expressa valor semântico de “aproximar”.

  • Macete para descobrir uma locução verbal: quando houver um grupo de verbos, tentem substituir o hipotético verbo principal pela hipotética locução verbal, se houver perda de sentido ou se ficar visível que há duas ações estarão diante de uma falsa locução verbal, ou seja, não haverá loc. verbal. Vejam exemplos a seguir para que fique mais claro: Philae terá que usar uma combinação > Philar usará uma combinação/ E seu material começa a sublimar > E seu material sublima

    Veja agora uma falsa locução verbal: Imagine pilotar um robô a essa distância > Pilotar um robô... Veja que houve perda de sentido, e fica visível que há duas ações.