Ao examinar o uso da expressão clínica social, mediante uma perspectiva histórica, Ferreira Neto (2003)
afirma que seu uso se inicia, em nosso país, na década de 80, em associação a uma série de
transformações, não só nessa área, mas na Psicologia como um todo. Embora, desde a década de 70, já
houvesse, no Brasil, práticas e grupos "psi" engajados em práticas sociais e com reflexões políticas acerca
do que faziam, é necessário frisar que essa postura não atingia o campo da clínica, que se apresentava, de
maneira geral, apolítica e distante das questões sociais. Em 1984, com a abertura política, inicia-se o
questionamento da neutralidade da clínica, através da ampliação do conceito de política e da constatação
da força dos movimentos sociais. Essas alterações confrontam a idéia dominante na prática clínica, até
então definida como atividade liberal e privada, que se desenvolvia junto às classes médias e altas.