SóProvas


ID
1986316
Banca
UFMA
Órgão
UFMA
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Os meios de comunicação como exercício de poder

Por Marilena Chauí - Palestra proferida no lançamento da campanha “Para Expressar a Liberdade – Uma nova lei para um novo tempo”, em 27/08/2012, no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo.

Podemos focalizar o exercício do poder pelos meios de comunicação de massa sob dois aspectos principais: o econômico e o ideológico.

Do ponto de vista econômico, os meios de comunicação fazem parte da indústria cultural. Indústria porque são empresas privadas operando no mercado e que, hoje, sob a ação da chamada globalização, passa por profundas mudanças estruturais, “num processo nunca visto de fusões e aquisições, companhias globais ganharam posições de domínio na mídia.”, como diz o jornalista Caio Túlio Costa. Além da forte concentração (os oligopólios beiram o monopólio), também é significativa a presença, no setor das comunicações, de empresas que não tinham vínculos com ele nem tradição nessa área. O porte dos investimentos e a perspectiva de lucros jamais vistos levaram grupos proprietários de bancos, indústria metalúrgica, indústria elétrica e eletrônica, fabricantes de armamentos e aviões de combate, indústria de telecomunicações a adquirir, mundo afora, jornais, revistas, serviços de telefonia, rádios e televisões, portais de internet, satélites, etc.

No caso do Brasil, o poderio econômico dos meios é inseparável da forma oligárquica do poder do Estado, produzindo um dos fenômenos mais contrários à democracia, qual seja, o que Alberto Dines chamou de “coronelismo eletrônico”, isto é, a forma privatizada das concessões públicas de canais de rádio e televisão, concedidos a parlamentares e lobbies privados, de tal maneira que aqueles que deveriam fiscalizar as concessões públicas se tornam concessionários privados, apropriando-se de um bem público para manter privilégios, monopolizando a comunicação e a informação. Esse privilégio é um poder político que se ergue contra dois direitos democráticos essenciais: a isonomia (a igualdade perante a lei) e a isegoria (o direito à palavra ou o igual direito de todos de expressar-se em público e ter suas opiniões publicamente discutidas e avaliadas). Numa palavra, a cidadania democrática exige que os cidadãos estejam informados para que possam opinar e intervir politicamente e isso lhes é roubado pelo poder econômico dos meios de comunicação.

A isonomia e a isegoria são também ameaçadas e destruídas pelo poder ideológico dos meios de comunicação. De fato, do ponto de vista ideológico, a mídia exerce o poder sob a forma do que denominamos a ideologia da competência, cuja peculiaridade está em seu modo de aparecer sob a forma anônima e impessoal do discurso do conhecimento, e cuja eficácia social, política e cultural está fundada na crença na racionalidade técnico-científica.

A ideologia da competência pode ser resumida da seguinte maneira: não é qualquer um que pode em qualquer lugar e em qualquer ocasião dizer qualquer coisa a qualquer outro. O discurso competente determina de antemão quem tem o direito de falar e quem deve ouvir, assim como pré-determina os lugares e as circunstâncias em que é permitido falar e ouvir, e define previamente a forma e o conteúdo do que deve ser dito e precisa ser ouvido. Essas distinções têm como fundamento uma distinção principal, aquela que divide socialmente os detentores de um saber ou de um conhecimento (científico, técnico, religioso, político, artístico), que podem falar e têm o direito de mandar e comandar, e os desprovidos de saber, que devem ouvir e obedecer. Numa palavra, a ideologia da competência institui a divisão social entre os competentes, que sabem e por isso mandam, e os incompetentes, que não sabem e por isso obedecem.

Enquanto discurso do conhecimento, essa ideologia opera com a figura do especialista. Os meios de comunicação não só se alimentam dessa figura, mas não cessam de instituí-la como sujeito da comunicação. O especialista competente é aquele que, no rádio, na TV, na revista, no jornal ou no multimídia, divulga saberes, falando das últimas descobertas da ciência ou nos ensinando a agir, pensar, sentir e viver. O especialista competente nos ensina a bem fazer sexo, jardinagem, culinária, educação das crianças, decoração da casa, boas maneiras, uso de roupas apropriadas em horas e locais apropriados, como amar Jesus e ganhar o céu, meditação espiritual, como ter um corpo juvenil e saudável, como ganhar dinheiro e subir na vida. O principal especialista, porém, não se confunde com nenhum dos anteriores, mas é uma espécie de síntese, construída a partir das figuras precedentes: é aquele que explica e interpreta as notícias e os acontecimentos econômicos, sociais, políticos, culturais, religiosos e esportivos, aquele que devassa, eleva e rebaixa entrevistados, zomba, premia e pune calouros – em suma, o chamado “formador de opinião” e o “comunicador”.

Ideologicamente, o poder da comunicação de massa não é uma simples inculcação de valores e ideias, pois, dizendo-nos o que devemos pensar, sentir, falar e fazer, o especialista, o formador de opinião e o comunicador nos dizem que nada sabemos e por isso seu poder se realiza como manipulação e intimidação social e cultural.

Um dos aspectos mais terríveis desse duplo poder dos meios de comunicação se manifesta nos procedimentos midiáticos de produção da culpa e condenação sumária dos indivíduos, por meio de um instrumento psicológico profundo: a suspeição, que pressupõe a presunção de culpa. [...] 

No enunciado: “ ... e cuja eficácia social, política e cultural está fundada na crença na racionalidade técnico-científica.” Tomando como exemplo racionalidade técnico-científica, podemos afirmar que a regra para o uso do hífen na expressão em destaque é, respectivamente, a mesma em:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO    B

     

     

    HÍFEN

     

    >>> Emprega-se o hífen no Novo Acordo Ortográfico quando:

     

    1. O 2º elemento começar por h. Exemplos: anti-higiênico, pan-helenismo. Com exceção das palavras que já são pronunciadas sem considerar o h, como: desumano, desumidificar, inábil, inumano;

    2. O 2º elemento começar pela mesma vogal com que termina o prefixo ou pseudo prefixo. Exemplos: supra-articular, arqui-irmandade, auto-observação, eletro-ótica, micro-onda, semi-interno;

    3. O 1º elemento terminar em r e o segundo começar com a mesma consoante. Exemplos: hiper-requintado, super-religioso;

    4. Com prefixos como: ex, sota, soto, vice, vizo, além, aquém, recém, sem. Exemplos: ex-diretor, sota-piloto, além-mar, recém-nascido;

    5. No caso do prefixo sub, quando vem seguida por palavra iniciada em b, h ou r. Exemplos: sub-base, sub-reino, sub-humano;

    6. Palavras indígenas sempre levam hífen, como: amoré-graçu, anajá-mirim, andá-açu, capim-açu, Ceará-Mirim;

    7. No caso dos prefixos pan e circum, quando vem seguida por palavra iniciada em vogal, h, m ou n. Exemplos: circum-murado, pan-negritude, pan-americano;

    8. Em palavras compostas por justaposição (ou seja, colocadas uma do lado da outra, sem mudar nenhuma das duas palavras) que não contêm formas de ligação, cujos elementos formam unidade de sentido diferente quando juntas e que mantêm acento próprio. Por exemplo, ano significa uma coisa; luz significa outra. Quando justapostos, anos e luz têm um terceiro significado: ano-luz (e, portanto, emprega-se hífen). Exemplos: ano-luz, arco-íris, decreto-lei, tio-avô, guarda-noturno, afro-asiático, azul-escuro, conta-gotas, guarda-chuva;

    9. Em palavras que designam espécies botânicas ou zoológicas. Exemplos: couve-flor, erva-doce, feijão-verde, erva-do-chá, ervilha-de-cheiro, bem-me-quer, andorinha-do-mar, cobra-d’água, bem-te-vi;

    10. Em locuções consagradas pelo uso, como: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa. (Não levam hífen palavras como: fim de semana, dona de cada, fim de século).

  • Escolhi a opção "a", alguém poderia esclarecer melhor porque o gabarito é a "b"? Não entendi...

  • tbm não entendi a questão..

     

  • De cordo com o novo acordo, usa-se hífen em palavras compostas por justaposição (ou seja, colocadas uma do lado da outra, sem mudar nenhuma das duas palavras) que não contêm formas de ligação, cujos elementos formam unidade de sentido diferente quando juntas e que mantêm acento próprio. Por exemplo, ano significa uma coisa; luz significa outra. Quando justapostos, anos e luz têm um terceiro significado: ano-luz (e, portanto, emprega-se hífen). Exemplos: ano-luz, arco-íris, decreto-lei, tio-avô, guarda-noturno, afro-asiático, azul-escuro, conta-gotas, guarda-chuva;

    Gabarito B

  • 5) Em compostos homogêneos (contendo dois adjetivos, dois verbos ou elementos repetidos).

    Exemplos:

    técnico-científico, luso-brasileiro; quebra-quebra, corre-corre, reco-reco, blá-blá-blá, etc. 

  • Técnico-científico (Valor de adjetivo)

     

     a) Macro-história(Macro = adjetivo), carro-bomba, (Dois substantivos) político-social =>

     b) Azul-claro(dois adjetivos), mini-hotel(mini=adjetivo), macro-história(macro=adjetivo)

    Acho que a opção "b" seria menos errada, pois as demais ou tem erro de colocação do hífen ou tem opção sem adjetivo. 

  • Mas qual o erro da E?

  • Por que a E está errada?

    Dicionário Aurélio: arranha-céu;

    http://www.linguabrasil.com.br/acordo.php: decreto-lei;

    http://www.recantodasletras.com.br/gramatica/1366121: ultra-humano.

  • Então da uma olhada na Q422261 e me responde.

  • Azul-claro, mini-hotel, macro-história

     

    [Gab. B]

     

    bons estudos!

  • alguem pode me explicar essa questão não entendi.
    Pois a questão fala que queria saber qual das questões tinha a mesma regra do emprego do hífen da palavras destacada que seria " tecnico-científica", sendo que a regra para o emprego do hífen dessa questão é "usa-se hífen nas palávras compostas que não apresentão elementos de conjunção".  Podem observa que a regra da palavra azul-claro é a mesma regra da técnico-científica; agora a palavra mini-hotel e macro-história se enquadra na regra que fala "usa-se hífen em palavras iniciada por h".

    Alguem poderia me explicar não sei se meu raciocínio está errado.

  • técnico-científico-Usa-se hífen em compostos homogêneos, ou seja, que são formados por dois adjetivos ou dois substantivos. 

     macro-história- 

    om prefixos, usa-se sempre o hífen diante de palavra iniciada por h.

    Exemplos:

    anti-higiênico

    anti-histórico

    co-herdeiro

    macro-história

    mini-hotel

    proto-história

    sobre-humano

    super-homem

    ultra-humano

    azul-claro. Usa-se hífen em compostos homogêneos, ou seja, que possuem adjetivos ou substantivos.

  • alguém pode me ajudar nesta questão ? Eu pensei que fosse a letra A, mas gostaria de entender pq nao é. 

  • Questão deve ser ANULADA pessoal. Vejamos:

    a) Macro-história - hifeniza por causa do prefixo macro + palavra iniciada por H ---> fora!!

    b) Mini-hotel - hifeniza por causa do prefixo mini + palavra iniciada por H ----> fora!!!

    c) Ultra-humano - hifeniza porque prefixo ultra + palavra iniciada por ----> fora de novo!!!

    d) Mesma coisa da letra "a" (macro-história) -----> fora mais uma!!!

    e) Mesma coisa da letra "c" (ultra-humano) -----> fora tb!!!

     

    SEM RESPOSTA!!

  • Pelo que entendi, a letra E está errada por que não são palavras que não funcionam todas como adjetivo, conforme a palavra técnico-científica do enunciado da questão. A questão, na minha opinião, pediu mais que as regras de uso do hífen, mas também o valor da união das palavras.

    "Adjetivo composto é aquele formado por dois ou mais elementos. Normalmente, esses elementos são ligados por hífen.

    Por exemplo: a palavra rosa é originalmente um substantivo, porém, se estiver qualificando um elemento, funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra palavra por hífen, formará um adjetivo composto; como é um substantivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará invariável.

    Por exemplo:

    Camisas rosa-claro.

    Ternos rosa-claro.

    Olhos verde-claros.

    Calças azul-escuras e camisas verde-mar.

    Telhados marrom-café e paredes verde-claras."

    Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf37.php

     

  • o uso do hífen permanece em palavras compostas que não contêm elementos de ligação e constituem unidades sintagmática e semântica, bem como naquelas que designam espécies botânicas e zoológicas.

    beija-flor, ano-luz, conta-gotas, mal-me-quer, tenente-coronel, etc.

    português decomplicado - Flávia Rita

     

  • Creio que aqui podemos usar a regra de justaposição:

     

    Nos compostos por justaposição, sem elemento de ligação, quando o primeiro termo está representado por forma substantiva, adjetiva, numeral ou verbal, usa-se o hífen.

  • Pessoal, como surgiram muitas dúvidas, sugiro que indiquemos para comentário!

  • Muitos que comentaram aqui são assinantes, então vamos parar de bater cabeça e indicar  a questão pra cometário do professor!

  • Gabarito C

    Passem "técnico-científica" para o plural ------> Técnico-científicas

    A única assertiva  que apenas o segundo elemento varia é a "c".--------> Azul-claros, mini-hotéis, macro-histórias.

  • Galera, essa questão está com um nível de acertos muito baixo. Vamos indicar para que o professor do QC esclareça. Valeu, bons estudos!

  • A alternativa correta é a letra "b", pois em todas as palavras são utilizadas as mesmas regras de aplicação do hífen, segundo a qual se emprega o hífen nas palavras compostas por justaposição*, sem elemento de ligação, quando O PRIMEIRO TERMO ESTÁ REPRESENTADO POR FORMA SUBSTANTIVA, ADJETIVA, NUMERAL OU VERBAL.

    No caso da palavra técnico-científica, observe que a palavra técnico é um adjetivo que caracteriza o substantivo científica, conferindo-lhe uma qualidade. O mesmo ocorre com as palavras macro-história e mini-hotel (embora o hífen também possa ser aplicado pela regra da formação em que o segundo termo é iniciado por "h") e, ainda, com a palavra composta "azul-claro".

    Espero ter ajudado a todos!!

     

    *Lembrando que nas palavras compostas por justaposição não há alteração das palavras formadoras. Ocorre apenas a junção de duas ou mais palavras simples ou radicais, que mantêm a mesma ortográfica e acentuação que apresentavam antes do processo de composição. Ex: arco-íris.

    Diferentemente, nas palavras compostas por agutinação, a grafia se altera. Ex: água+ardente = aguardente (observe que houve supressão de fonemas, o que se nota, no momento em que a palavra é pronunciada).

  •  técnico-científico (palavra composta)

     a) Macro-história (pseudoprefixação*) carro-bomba (palavra composta**), político-social (palavra composta)

     b) Azul-claro (palavra composta), mini-hotel (pseudoprefixação), macro-história (pseudoprefixação)

     c) Ultra-humano (prefixação), zigue-zague (palavra composta), médico-cirurgião (palavra composta)

     d) Porto-alegrense (palavra composta), primeiro-ministro (palavra composta), macro-história (pseudoprefixação)

     e) Arranha-céu (palavra composta), decreto-lei (palavra composta), ultra-humano (prefixação)

    *prefixação e pseudoprefixação são casos de formaçao de palavras por derivação.

    **As palavras compostas, como o nome já indica, são palavras formadas por composição.

     

    Não há alternativa correta.

     

    O que na verdade a questão queria saber era a alternativa que tem a mesma formação do plural: tecnico-científica = técnico-científicas.

    Letra B: Azul-Claros, Mini-Hotéis, Macro-histórias. (somente o segundo elemento vai para o plural)

    QUESTÃO DEVERIA SER ANULADA!

  • Questão altamente mal formulada!

  • A questão foi anulada!

    http://www.concursos.ufma.br/gabarito/GABARITO_OFICIAL_FINAL_UFMA_2016.pdf